Em declarações à Lusa, José Manuel Costa, investigador do Instituto Nacional de Saúde (INSA), explicou que o percurso guiado até ao hospital Joaquim Urbano, encerrado em 2016 como unidade de saúde, se justifica pela “arquitetura hospitalar que já não existe”, baseada em vários “pavilhões isolados, assentes em goelas de pau e queimados quando acabavam as epidemias”.

O evento visa ainda evocar o médico Ricardo Jorge, um “fazedor, homem de ação” e “amigo da verdade”, incapaz de ocultar os perigos da maleita contagiosa inconveniente para as transações comerciais portuenses, que, para não lhe “darem cabo do toutiço”, se exila em Lisboa onde acaba por dirigir o Instituto Central de Higiene, atual INSA Ricardo Jorge.

A peste negra matou 60 milhões de pessoas em todo o mundo e mudou para sempre o ADN humano.

A sessão 120 Anos da Peste Bubónica começa na sexta-feira às 09:30, na Casa do Infante, onde pelas 11:45, Jürg Utzinger, diretor do Instituto de Saúde Tropical e Público Suíço, lança pistas sobre qual a “praga de hoje”.

Antes disso, a conferência conta com a participação de Helena Rebelo de Andrade, do INSA e Museu da Saúde, Bernardino de Castro, do Centro Português de Fotografia, Rui Sarmento e Castro, do Departamento de Medicina e Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP) e José Manuel Correia da Costa, da Unidade de Investigação e Desenvolvimento do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA.

José Manuel Costa destaca que, pela primeira vez, se conseguiu, “juntar à mesma mesa o Centro Hospitalar Universitário do Porto, o Centro Português de Fotografia e a Câmara do Porto”, da qual Ricardo Jorge era funcionário (era o médico responsável pelos Serviços de Saúde do município).

“Percursos da peste” foram organizados dois: um na sexta-feira, às 15:30, para lembrar que, a 04 de julho de 1899, Ricardo Jorge foi alertado, através de um bilhete de um negociante da Rua de S. João, para uns estranhos falecimentos na rua da Fonte Taurina.

No segundo passeio, às 10:00 de sábado, os participantes são convidados a conhecerem o Museu do Hospital de Santo António e o Hospital de Nosso Senhor do Bonfim, o popular Goelas de Pau, entretanto Joaquim Urbano, criado 15 anos antes para receber e isolar os doentes durante uma epidemia de cólera.

Foi para aqui que, em 1899, foram levados os empestados da rua da Fonte Taurina, e de outros locais das freguesias da Sé, S. Nicolau e Miragaia, no centro histórico do Porto.