O governante falava hoje num painel sobre “covid-19 e riscos sistémicos”, no âmbito do Fórum Europeu para a Redução de Riscos de Catástrofes (EFDRR, na sigla em inglês), que decorre até sexta-feira, em Matosinhos.

Na sua intervenção inicial, Lacerda Sales frisou a necessidade de um “enquadramento legal mais robusto e abrangente, no qual a União Europeia se pudesse preparar e ter uma abordagem mais coordenada na saúde”.

A “saúde humana, a saúde animal e o ambiente estão intimamente ligados”, destacou, considerando que, “nesta área, ainda há muito a melhorar”, defendendo uma resposta adequada passa pelo “aperfeiçoamento da coordenação transdisciplinar”.

“Em Portugal, esta foi uma dar grandes lições que tirámos da pandemia, a inexcedível colaboração entre diferentes autores – autoridades locais, Proteção Civil, autoridades de saúde e forças de segurança”, afirmou.

Para a diretora regional da Organização Mundial da Saúde na Europa, Dori Nitzan, “a covid-19 cobre os atributos de riscos sistémicos”,

A pandemia “implica interdependência de setores”, tem um “desenvolvimento não-linear” que implica “usar o conhecimento científico em constante evolução” e demonstrou a “capacidade de resiliência e as vulnerabilidades de cada sociedade”.

O diretor do Departamento de Água e Clima dos Países Baixos, Philip Ward, tem agora “noção de que temos de olhar para isto como uma questão sistémica”, mas admitiu que “nunca tinha pensado em questões de saúde como ligadas aos riscos naturais até à pandemia de covid-19”.

Já para o diretor do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP, na sigla em inglês), Bruno Pozzi, sempre foram óbvias as “ligações entre todas as crises”.

“No que toca ao ambiente, diz-se que há várias crises e que todas estão ligadas – todas são causadas por um padrão de consumo e de produção insustentável”.

O especialista lembrou ainda que “há centenas de potenciais ‘covids’ na natureza” e, “se se continuar esta relação com a natureza, vai haver mais pandemias”.

Para mitigar o problema, “é preciso tomar medidas a todos os níveis de governança, depressa e com compromisso”, num caminho para a descarbonização.

“A recuperação da pandemia é a melhor oportunidade para mobilizar a economia para atuar sobre as alterações climáticas. recuperar da pandemia, mas atacar as alterações climáticas, construindo melhor e investindo em formas mais verdes de produzir e consumir”, defendeu Pozzi.

Joke Schauvliege, membro do Comité das Regiões, também advogou a necessidade de “melhor preparação a todos os níveis de governança”.

A responsável mencionou a importância da legislação comunitária, lembrando, no entanto, que as questões de gestão e resposta a riscos é responsabilidade das autoridades locais e que tem de haver cooperação.

O professor Salman Zarca, ‘Czar da covid-19’ em Israel, referiu que esta “é uma questão global e ninguém pode ganhar as suas próprias batalhas, é preciso partilhar e trabalhar em conjunto para sair desta pandemia”.

“A pandemia revelou múltiplas vulnerabilidades no sistema global e a perceção de um risco sistémico é muito importante para minimizar os riscos das próximas vagas, mas também de outras pandemias e riscos globais”, sublinhou.

Em Israel, “a principal arma foram as vacinas”, adiantou.

O Fórum Europeu para Redução de Riscos de Catástrofes começou na quarta-feira e decorre até sexta-feira, em Matosinhos, juntando representantes de mais de 50 países.

A edição de 2021 do EFDRR é organizada pelo Governo português e pelo Gabinete das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Catástrofes, em parceria com a Comissão Europeia e com o Conselho da Europa.