Entretanto, a Junta da Andaluzia confirmou três novos casos de infeção por listeria, localizados em Sevilha e Cádis, pelo que o número de pessoas afetadas, desde que o alerta de saúde foi decretado, é de 192 doentes.

Em comunicado, o colégio da especialidade entendeu que o surto “é indubitavelmente devido a um facto pontual e perfeitamente localizado”, que revela “a existência mais do que provável de falhas nos sistemas internos de autocontrole da indústria de produção e, especialmente, a mais do que possível ausência de controles” de listeria de acordo com o regulamento CE 2073/2005 da União Europeia.

Os veterinários argumentam que o sistema de segurança alimentar por que se rege a comunidade autónoma da Andaluzia e todo o Estado é “um dos mais seguros do mundo”, a ponto de ter sido “adotado para outros países”.

Este sistema baseia-se num duplo mecanismo de controlo: por um lado, o chamado autocontrolo que as próprias empresas produtoras devem exercer e, por outro, o controlo exercido pela administração pública competente.

“Não há evidências de que a carne de porco usada seja responsável pela infeção, mas sim o processo de manipulação que ocorre após a carne ser assada”, pelo que “não há razão para emitir um alerta alimentar que recomende travar os produtos de carne suína cuja saúde ainda esteja plenamente garantida”, acrescenta a Ordem.

Entretanto, a organização FACUA – Consumidores em Ação criticou a Junta de Andaluzia, o Ministério da Saúde e a Câmara Municipal de Sevilha por não mostrarem imagens do rolo de carne com listeria fabricado pela Magrudis para o distribuidor comercial Martínez León, que cria “alarme” nos consumidores.

A organização censurou que os consumidores não possam identificar a carne picada contaminada pela listeriose da marca branca da Magrudis.

Além disso, adverte, em comunicado, sobre a possibilidade de pequenos comerciantes e estabelecimentos de hotelaria terem comprado o rolo de carne fabricado para a Comercial Martínez León em estabelecimentos que o vendiam, e que “também têm dificuldade em identificá-lo”.

A associação lembra que a Junta da Andaluzia informou a Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (Aesan), pertencente ao Ministério da Saúde, de que a carne de “La Mechá” que foi comercializada como uma marca branca pela empresa Comercial Martínez León estava mal rotulada.

A Junta confirmou que o produto tem a mesma apresentação que o comercializado pela Magrudis, mas não aparece no rótulo nenhuma marca, apenas a informação nutricional, segundo a Aesan.

Para a saúde, isto é “uma deficiência gravíssima”, porque a rotulagem incorreta permite a comercialização deste produto — quando não deveria permitir — e impossibilita o consumidor de o associar ao produto da Magrudis ligado ao surto, mesmo tendo sido objeto de um alerta emitido em 16 de agosto.

Perante essa situação, a Aesan insiste na importância de adquirir apenas produtos corretamente rotulados, nos quais seja possível saber quem é o responsável por colocá-los no mercado.

Em Portugal, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária esclareceu na quarta-feira que a carne contaminada com a bactéria ‘Listeria monocytogenes’ da marca “La Mechá” e os produtos com origem no fabricante (Magrudis) espanhol, não são comercializados em território português.

A listeriose é uma infeção causada pela bactéria ‘Listeria monocytogenes’, habitualmente associada ao consumo de alimentos contaminados. De acordo com informação disponível no ‘site’ SNS24 do Serviço Nacional de Saúde, a listeriose pode causar febre, calafrios, dores musculares, enjoo, vómitos, diarreia.

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária alerta os viajantes que tenham como destino as regiões de Madrid e Andaluzia, para a necessidade de adoção de medidas preventivas, nomeadamente a eliminação de produtos da marca que eventualmente possam ter adquirido.