“A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda vai estar inoperacional em 55 por cento da escala deste mês e só terá o turno completo de 24 horas em sete dias do mesmo mês, mais concretamente nos dias 14, 15, 19, 21, 22, 26 e 27 de fevereiro”, adiantou a SRCOM em comunicado hoje enviado à agência Lusa.

Segundo a fonte, “com uma taxa de operacionalidade bastante irregular prevista para este mês, destaca-se ainda o facto da VMER estar totalmente inoperacional em seis dias: 01, 03, 05,06, 10, 12 de fevereiro”.

"É uma situação muito grave e que compromete a resposta emergente de todo o distrito da Guarda", denunciou Carlos Cortes, presidente da SRCOM, citado na nota.

Para este responsável, as lacunas, “que podem ter implicações irreversíveis no suporte avançado de vida e no planeamento do socorro de emergência adequado à condição das vítimas (doença súbita, acidente, parto, etc.), não podem ser consideradas como situações pontuais, uma vez que as escalas existentes (das 08:00 às 14:00, das 14:00 às 20:00 e das 20:00 às 08:00) estão amplamente a descoberto”.

"Só sete dias é que temos os três turnos completos. É uma irresponsabilidade da ULS da Guarda que nos causa enorme preocupação. A Urgência Pré-hospitalar não é uma valência a menosprezar. É nesta fase crucial que se podem salvar mais vidas", assumiu Carlos Cortes.

Alertou ainda que “a indisponibilidade da VMER da Guarda por falhas das equipas médicas pode redundar em situações que fazem a diferença na vida de centenas de cidadãos", destacando a vital importância da emergência pré-hospitalar em situações críticas no distrito.

“Ao Conselho de Administração da ULS da Guarda cabe assegurar os recursos humanos necessários e a operacionalidade da viatura. Estamos perante mais uma situação caótica de falta de planeamento e, mais uma vez, o Ministério da Saúde deve ter uma intervenção mais ágil", afirmou.

Carlos Cortes considerou igualmente que "o Ministério da Saúde, como já parece ser habitual, ignora os graves problemas dos cuidados de saúde do distrito da Guarda, e, por sua vez, o Conselho de Administração não consegue combater as desigualdades no acesso ao socorro”.

Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração da ULS da Guarda “confirma que se registaram constrangimentos em situações pontuais nas escalas da VMER”, mas informou que os episódios “nunca colocaram em causa a resposta do serviço de Emergência Médica à população da região”.

Segundo a fonte, sempre que a VMER fica inoperacional “é acionada pelo CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] a VMER com maior proximidade física”.

“Para evitar as falhas nas escalas dos médicos de apoio à Viatura de Emergência Médica da Guarda, e tendo em conta que as escalas da VMER são preenchidas voluntariamente pelos médicos com a respetiva formação, entendeu o Conselho de Administração que sempre que não haja médico escalado para VMER e, se a mesma for acionada, será deslocado médico do Serviço de Urgência com formação em Emergência Médica”, esclareceu.

A fonte adiantou, ainda, que foi “recentemente aberto procedimento concursal para recrutamento de prestadores de Serviços Médicos na VMER”.