A notícia é avançada esta sexta-feira pelo Jornal Público. "A realidade de um médico preso a um hospital de forma quase monástica e a prejudicar a sua vida pessoal e a sua saúde está ultrapassada", assegura o novo presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Noel Carrilho, cirurgião no Hospital de Viseu, defende ao referido jornal (conteúdo pago) que os médicos devem ter um salário "ao nível dos magistrados e dos professores catedráticos".

Noel Carrilho é o presidente da FNAM desde novembro de 2019 e em entrevista ao Público refere ainda que o Ministério da Saúde deve reforçar a luta contra as agressões contra profissionais de saúde no SNS.

Segundo anunciou o Ministério da Saúde, no final de janeiro, a violência contra profissionais de saúde irá ser considerada um crime de investigação prioritária através da próxima proposta de lei de política criminal.

Em fevereiro, a Federação Nacional dos Médicos considerou insuficiente o reforço previsto para o Serviço Nacional de Saúde no Orçamento do Estado para 2020 e lamentou que se tenha perdido "mais uma oportunidade" de reverter o caminho de desinvestimento no SNS.

"Tendo sido aprovado o Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) manifesta que considera insuficiente o reforço previsto para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e muito pouco claras as medidas de valorização dos seus recursos humanos, nomeadamente do trabalho médico", referiu em comunicado.

Para a FNAM, perde-se mais uma oportunidade de reverter o caminho de desinvestimento no SNS, que tem sido imposto por sucessivos governos. "Um caminho que tem levado à perda progressiva dos médicos formados no SNS, por patente défice das condições de trabalho", sublinha.

A FNAM acusou o Governo e o Ministério da Saúde de excluírem os representantes legítimos dos médicos daquele que poderia ter sido um verdadeiro debate sobre a situação atual do SNS. "É inaceitável que as prioridades para o SNS sejam definidas de costas voltadas para os profissionais que o integram", lia-se na nota.

A Federação Nacional dos Médicos realçava que "algumas das propostas, nomeadamente eventuais novos modelos remuneratórios, terão obrigatoriamente que ser alvo de negociação com os sindicatos", sublinhando que, "enquanto não o forem, não passam de intenções vagas".

Para a FNAM, a defesa do SNS passa por "um verdadeiro investimento, que não pode descurar a valorização dos seus recursos humanos".

A renegociação da Carreira Médica, a melhoria generalizada das condições de trabalho e a valorização da base remuneratória dos médicos é essencial, defendia o comunicado emitido em fevereiro.