A maioria dos fumadores já não presta atenção às imagens e avisos sobre os riscos para a saúde que aparecem nas embalagens de tabaco, advertem vários estudos sobre o impacto dessa medida.

Nessa senda, um estudo da James Cook University, no estado de Queensland, na Austrália, tentou descobrir novas formas de dissuadir os fumadores do vício.

Qual destes gémeos é fumador, apanhou mais sol ou esteve sujeito a mais stress?
Qual destes gémeos é fumador, apanhou mais sol ou esteve sujeito a mais stress?
Ver artigo

Investigadores daquela universidade, liderados por Aaron Drovandi, encontraram uma maneira mais eficaz de alertar os consumidores para os riscos do tabaco: colocar avisos nos próprios cigarros, incluindo frases com os "minutos de vida" perdidos.

Jornais de todo o mundo estão a dar voz a este estudo que englobou mais de dois mil fumadores e não fumadores da Austrália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.

Depois de pedirem aos participantes para comparar diferentes advertências gráficas sobre os perigos do tabaco, os investigadores concluíram que as medidas tomadas em países como a Austrália, que em 2010 foram pioneiras na inclusão de imagens de doenças relacionadas nas embalagens, já não são muito eficazes, uma vez que a maioria dos fumadores está imune a esse tipo de alerta.

 James Cook University
créditos: James Cook University

"É simplesmente por causa da exposição repetida [à mensagem]", comentou Drovandi ao The Guardian Australia.

"As advertências nos cigarros individuais são aproximadamente duas vezes mais eficazes do que nas embalagens e isso foi observado numa gama de participantes de diferentes faixas etárias e etnias", diz Drovandi.

"Melhorar a qualidade e o volume de informações disponíveis é vital para garantir que os jovens - que são o mercado-alvo das empresas de cigarros - sejam impedidos de fumar, e os fumadores atuais estejam cientes dos perigos", acrescentou ainda o investigador citado por um comunicado daquela universidade.

No estudo, os cientistas concluem que este tipo de mensagens em cigarros "podem vir a constituir o futuro em abordagens de alerta para os perigos do tabagismo".

15 truques para deixar de fumar num ápice (segundo a DGS)
15 truques para deixar de fumar num ápice (segundo a DGS)
Ver artigo

Tabaco rouba 10 anos de vida

O consumo de tabaco é um dos mais graves problemas de saúde pública a nível mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabaco mata atualmente cerca de 7 milhões de pessoas todos os anos e poderá vir a matar mais de 8 milhões por ano, até 2030, se não forem intensificados os esforços de prevenção e controlo.

O consumo de tabaco é a primeira causa isolada evitável de doença e de morte prematura nos países desenvolvidos, contribuindo para seis das oito primeiras causas de morte a nível mundial.

De acordo com estimativas do Institute of Health Metrics and Evaluation, no ano de 2016, o tabaco contribuiu para a morte de mais de 11 800 pessoas residentes em Portugal, por doenças provocadas ou agravadas pelo consumo ou pela exposição ao fumo do tabaco.

Segundo dados da Direção-geral da Saúde (DGS), as pessoas fumadoras têm um risco de adoecer e morrer por doenças graves e incapacitantes 2 a 3 vezes superior ao das pessoas que nunca fumaram, perdendo em média 10 anos de expectativa potencial de vida.