No concurso lançado em maio, das 1200 vagas para várias especialidades e para médicos que acabaram de se formar, 167 foram consideradas carenciadas, num despacho da tutela publicado hoje em Diário da República, e vão receber incentivos financeiros.

“O que fizemos foi abrir mais 167 vagas com este incentivo financeiro para que instituições e especialidades mais carenciadas, como anestesiologia, obstetrícia ou pediatria, em zonas mais carenciadas do que aquelas que muitas vezes ocupam o espaço noticioso tenham também cobertura”, disse Marta Temido aos jornalistas no distrito de Leiria, no dia em que ficou conhecido que será ouvida no parlamento sobre o fecho rotativo da urgência materno-infantil.

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Para a especialidade em ginecologia e obstetrícia, foram abertas 31 vagas em maio e, dessas, 12 são consideradas carenciadas e “nenhuma é para [a cidade] de Lisboa”, afirmou a governante à margem da inauguração das obras de requalificação do Centro de Saúde de Peniche.

Das vagas abertas, “11 são a região de Lisboa e Vale do Tejo, duas no Algarve, seis no Norte, cinco no Centro e as restantes no Alentejo”.

Para a ministra, “os recursos humanos são sempre um bem escasso e cabe aos dirigentes conseguir geri-los o melhor possível conseguir uma boa distribuição geográfica, porque não há portugueses de primeira e portugueses de segunda”.

“É o que fazemos quando optamos por localizar vagas em Beja, Faro ou Portalegre e menos vagas noutras áreas que já estão melhor servidas ou que têm maior capacidade de se articularem em rede com outras instituições”, sublinhou.

A ministra disse que há condições para os 27 especialistas em ginecologia e obstetrícia formados este ano sejam colocados “em julho”.

Na terça-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos criticou a falta de profissionais no SNS e disse que são necessários em todo o país 150 especialistas em ginecologia e obstetrícia, dos quais 125 na região sul.

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“Não conheço o fundamento para os cálculos e já pedi essa fundamentação à própria Ordem dos Médicos”, respondeu Marta Temido.

Miguel Guimarães apontou como exemplo as maternidades dos hospitais de Faro, onde faltam nove especialistas, de Portimão, onde faltam 11, do Amadora-Sintra onde são precisos nove, do Santa Maria, em Lisboa, onde são necessários sete especialistas, e do Hospital São Francisco Xavier, onde faltam 16.

A ministra adiantou que, no concurso do ano passado, a taxa de retenção para a especialidade de ginecologia e obstetrícia “foi de 83%”. “Conseguimos reter profissionais, apesar de admitirmos que depois temos problemas de motivação”, acrescentou.