A descoberta verificou-se no sítio pré-histórico de Abri du Maras, no sul da França e contraria a tese de que os neandertais eram menos avançados tecnologicamente do que o Homo Sapiens, segundo a investigação hoje publicada pela plataforma da Nature Research.

Uma investigação anterior da equipa liderada pela diretora de investigação do CNRS, Marie-Hélène Moncel, demonstrou que os neandertais, que viveram entre 350 mil e 28 mil anos antes de Cristo, tinham habitado o sítio de Abri du Maras.

A análise microscópica do cordão descoberto revelou que os restos encontrados estavam interligados, provando a sua modificação por seres humanos.

As fotografias mostram três conjuntos de fibras retorcidas, unidas para criar um cordão. Além disso, a análise espectroscópica revelou que esses fios eram feitos de celulose, provavelmente de árvores coníferas.

Esta descoberta destaca capacidades cognitivas inesperadas por parte dos neandertais, que não apenas tinham um bom entendimento da matemática, devido ao enrolamento das fibras, mas também um conhecimento do crescimento das árvores.

Estes resultados, publicados hoje pela revista Scientific Reports, são apresentados como a prova mais antiga conhecida, da tecnologia têxtil.

Em março passado foi divulgado na revista Science uma outra descoberta, mas em Portugal, que confirmou que os neandertais já praticavam uma economia de subsistência cem mil anos antes do que se julgava.

O investigador - e coordenador do estudo - João Zilhão, das universidades de Lisboa e de Barcelona, em declarações à agência Lusa, referiu na altura os resultados da sua investigação na gruta da Figueira Brava, em Setúbal, segundo os quais as populações neandertais, ao longo da costa, já pescavam e recolhiam moluscos.

"Pensava-se que isto só acontecia com as populações do sul de África, anatomicamente modernas, que, graças ao Omega3 e outros ácidos gordos, tinham desenvolvido inteligência e capacidades cognitivas iguais às nossas e superiores às dos neandertais", disse à Lusa o investigador.