A transmissão por via aérea explicaria a alta taxa de contágio que aparentemente tem o vírus responsável pela pandemia de COVID-19, já que parece que as pessoas infetadas mas assintomáticas são responsáveis por uma grande parte das infecções.

O doutor Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e conselheiro do presidente Donald Trump durante a pandemia, afirmou no canal Fox News esta sexta-feira que as informações indicam que "o vírus realmente pode ser transmitido inclusive quando as pessoas simplesmente falam, não apenas quando tossem ou espirram".

As academias americanas de ciências detalharam numa carta enviada à Casa Branca na quarta-feira vários resultados científicos preliminares. Os resultados fazem com que a balança penda para a possibilidade de que o vírus seja transmitido pelo ar, e não somente pelas gotas expelidas num espirro diretamente para o rosto de outras pessoas ou sobre superfícies (onde se demostrou que o vírus pode sobreviver durante horas e dias, segundo o relatório).

"Os trabalhos de pesquisa disponíveis atualmente aumentam a possibilidade de que o SARS-CoV-2 possa ser transmitido pelos bioaerossóis gerados diretamente pelo expiro dos pacientes", escreveu Harvey Fineberg, presidente do comité de doenças infecciosas emergentes, na carta em nome das academias e revista por muitos outros especialistas.

Citou quatro estudos e destacou que ainda é necessário entender melhor o real risco de infeção por este vírus. Pois, se realmente estiver presente na respiração, ainda não se sabe se representa uma via significativa de transmissão quantitativamente.

Num estudo, investigadores da universidade do Nebraska encontraram porções do código genético do vírus no ar dos locais onde os pacientes estavam isolados. No entanto, encontrar estas partes do vírus não são equivalentes a encontrar o vírus completo.

Enquanto isso, investigadores da universidade de Hong Kong observaram recentemente que o uso de máscaras reduzia a quantidade de coronavírus expirados pelos pacientes (numa experiência feita com outros vírus diferentes do SARS-CoV-2).

E investigadores chineses em Wuhan coletaram amostras de ar em diversas instalações hospitalares da cidade e descobriram concentrações altas do novo coronavírus, especialmente nas casas de banho e nas salas onde os funcionários removem os seus equipamentos de proteção.

Devido a estes resultados, as autoridades dos EUA preparam-se para recomendar a todos os cidadãos do país o uso de máscara, preferencialmente artesanais, embora ainda não se saiba em que circunstâncias e quão obrigatório será.

"Não acho que vá ser obrigatório", afirmou Trump na quinta-feira.

Em Nova Iorque, o presidente da câmara já pediu aos habitantes da metrópole para cobrirem o rosto.