Numa segunda ronda de perguntas no debate parlamentar sobre o Orçamento do Estado, Marta Temido voltou a ser questionada pelo PCP, através do deputado Duarte Alves, sobre as prioridades do Governo na área da saúde e sobre investimentos por executar, nomeadamente na construção e modernização de hospitais.

“A nossa escolha é clara: é o SNS”, respondeu.

A ministra admitiu algumas dificuldades na execução do investimento previsto para a área da saúde e referiu-se ao recente processo polémico de alteração das regras da contratação pública.

“Infelizmente, não basta prever investimento no Orçamento do Estado, também é preciso ter capacidade para a execução. Temos tido dificuldades, por isso alterámos algumas regras que tanta contestação mereceram, porque quem nunca fez obra não consegue perceber as dificuldades procedimentais e julga sempre que estamos a tentar enganar alguém”, afirmou.

A ministra reiterou que o reforço de profissionais prometido na proposta orçamental para a próximo ano - 4.200 - “não é nada de extraordinário, mas a confirmação do caminho percorrido”, dizendo que o Governo contratou, desde a anterior legislatura, mais de 20.000 profissionais de saúde e apostou na melhoria dos salários para esta área.

“Às vezes esquecemo-nos, o tempo passa depressa, mas em 2015 o salário mais baixo no SNS era 505 euros e agora é 635, e o mais alto era 5.211 euros, hoje são 5.664 (…) É este o nosso investimento, são estes os números”, defendeu.

Marta Temido assumiu como objetivo que, no final no ano, existam mais 340 mil portugueses com médico de família atribuído.

“É disto que se faz o SNS, de muito esforço, de muita dedicação e não lhe virarmos as costas quando ele mais precisa de nós”, sublinhou.

Numa segunda ronda de perguntas em que o PSD optou por não intervir, a única pergunta das bancadas da direita veio do deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, que gastou os seus últimos segundos a perguntar que área da saúde poderia ser recuperada “se o Governo não tivesse escolhido entregar 1.700 milhões de euros à TAP”.

“Chegariam para acabar com os atrasos nas cirurgias, nos exames, com as filas de idosos à porta dos centros de saúde?”, inquiriu.

As perguntas à ministra da Saúde encerraram os trabalhos parlamentares da parte da manhã, que serão retomados pelas 15:15, ainda com cerca de uma hora para debate, antes dos 107 minutos previstos para o período de encerramento.

Ao final da tarde, será votada na generalidade a proposta de Orçamento do Estado para 2021, já com aprovação garantida pelos votos a favor do PS e as abstenções de PCP, PAN, PEV e das deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.

PSD, BE, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal já anunciaram que irão votar contra.