De acordo com o Inquérito Nacional de Saúde 2019, 8% da população residente em Portugal com 15 ou mais anos (716 mil pessoas) registava sintomas depressivos, de acordo com a metodologia PHQ-8 (Patient Health Questionnaire Depression Scale).

Dessas 716 mil pessoas, cerca de 60% apresentavam sintomas depressivos ligeiros e 40,2% manifestaram sintomas depressivos graves.

Comparando com os resultados do inquérito anterior, o INE regista “uma ligeira diminuição da população com estes sintomas (10,0% em 2014), devido sobretudo à prevalência dos sintomas ligeiros (que passam de 6,3% em 2014 para 3,2% da população em 2019), uma vez que as pessoas com sintomas graves aumentam 1,1 pontos percentuais (p.p.)".

Cerca de 70% das pessoas com sintomas depressivos eram mulheres, sendo na população mais idosa que a proporção de sintomas depressivos atinge valores mais elevados, aponta o inquérito realizado pelo INE com base numa amostra representativa de 22.191 alojamentos de todo o país.

“No caso dos homens, só se verificam percentagens mais elevadas a partir dos 75 anos. No caso das mulheres, a partir dos 45 anos já se observam proporções superiores a 10%, no grupo etário dos 75 aos 84 anos aproxima-se dos 20% e no dos 85 ou mais anos situa-se em 24,5%”, precisa o estudo.

Os dados revelam ainda que cerca de 170 mil pessoas com 15 ou mais anos (1,9% da população) não tinham a quem recorrer em caso de problema pessoal grave, enquanto 60,1% indicaram poder recorrer a três ou mais pessoas e 35,7% a uma ou duas pessoas.

De acordo com o indicador Social ‘Support Scale’, para cerca de um milhão de pessoas (12,6% da população com 15 ou mais anos) o suporte social era fraco e para cerca de 30% (quase 2,7 milhões) era forte.

A possibilidade de suporte social forte era mais frequente (acima de 30%) nas idades jovens e a partir dos 75 anos, sublinha o INE.

Os resultados agora apurados mostram uma ligeira diminuição relativamente a 2014 no suporte social da população, bem como na perceção do número de pessoas a quem recorrer no caso de problemas pessoais.

Analisando os níveis de satisfação com a vida, o estudo do INE conclui que cerca de metade da população residente com 15 ou mais anos mostrava-se satisfeita ou bastante satisfeita com a vida no final de 2019.

Entre os jovens dos 15 aos 24 anos a percentagem de satisfeitos ou bastante satisfeitos ultrapassava ligeiramente os 70%, enquanto na população com 65 ou mais anos esse valor era inferior a 50%.

Em contrapartida, 8,7% da população manifestou uma avaliação negativa da sua vida em geral, considerando-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos.

“Esta visão negativa atinge o valor mais elevado entre as mulheres com 65 ou mais anos, ultrapassando os 10%”, refere o INE, concluindo que, “de um modo geral o nível de satisfação com a vida aumentou nos últimos cinco anos (50,5% da população em 2014), sobretudo nos jovens (entre os 15 e os 24 anos)”.

O Inquérito Nacional de Saúde tem como objetivo principal “caracterizar a população residente com 15 ou mais anos em três grandes domínios: estado de saúde, cuidados de saúde e determinantes de saúde relacionadas com estilos de vida”.