A medida está neste momento a ser equacionada entre as autoridades de saúde regionais, as autoridades de saúde nacionais e o Ministério da Saúde "e provavelmente hoje será tomada uma decisão nesse sentido", afirmou Graça Freitas na conferência de imprensa diária para fazer o ponto da situação da pandemia de COVID-19 em Portugal.

Graça Freitas assegurou que "o Porto, neste momento, do ponto de vista dos meios materiais e humanos que precisa, tem estado a receber todo o apoio nacional". Questionada sobre a articulação que está a ser feita entre as autoridades de saúde e as autoridades municipais, Graça Freitas afirmou que "essa articulação está estabelecida e vai até ser plasmada num despacho conjunto". 

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"E é óbvio que a autoridade de saúde, ao nível dos agrupamentos de centros de saúde, se articula com os seus parceiros a nível daquele município, desde logo, com a Câmara Municipal, com a Segurança Social e mais latamente com a Comissão Municipal de Proteção Civil", sublinhou. Portanto, frisou, "a nível local o circuito está completamente definido".

Câmara considera medida "absurda"

No entanto, em comunicado, a Câmara do Porto disse ter sido hoje "surpreendida por uma inopinada e extemporânea referência" da diretora-geral da Saúde "de que estaria a ser equacionado um cerco sanitário ao Porto". "Tal medida, absurda num momento em que a epidemia de COVID-19 se encontra generalizada na comunidade em toda a região e país, não foi pedida pela Câmara do Porto, não foi pedida pela Proteção Civil do Porto e não foi pedida pela Protecção Civil Distrital. Nenhuma destas instituições e nenhum dos seus responsáveis, incluindo o presidente da Câmara do Porto foi contactado, avisado ou consultado pela Direcção Geral da Saúde", lê-se numa nota divulgada pela autarquia.

Câmara do Porto deixa de reconhecer autoridade à senhora diretora-geral da Saúde, entendendo as suas declarações de hoje como um lapso seguramente provocado por cansaço

"Caso a medida, inútil e extemporânea fosse tomada, tornaria impossível o funcionamento de serviços básicos da cidade, como a limpeza urbana (cuja maior parte dos trabalhadores não reside na cidade), como a recolha de resíduos (cuja Lipor fica fora da cidade), como o abastecimento e acessos a dois hospitais centrais, como os de Santo António e São João estariam postos em causa", refere o comunicado.

A Câmara do Porto "não pode concordar com uma medida dessa natureza, baseada em estatísticas sem consistência científica ou fiabilidade, emitidas diariamente pela DGS e cujas variações demonstram a sua falta de fiabilidade. Muito menos faz sentido isolar uma cidade quando à sua volta a situação epidemiológica nos concelhos limítrofes é em tudo igual".

A "Câmara do Porto deixa de reconhecer autoridade à senhora diretora-geral da Saúde, entendendo as suas declarações de hoje como um lapso seguramente provocado por cansaço", conclui a mesma nota.

Portugal regista hoje 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Dos infetados, 571 estão internados, 164 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.