A manter-se este ritmo, 2019 poderá transformar-se num ano recorde, segundo avança hoje o jornal Público (acesso pago) citando a bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OEnf), Ana Rita Cavaco.

No primeiro semestre deste ano, 2321 enfermeiros pediram à Ordem uma declaração para efeitos de emigração, documento que permite que trabalhem noutro país. Foram quase tantos pedidos como em todo o ano passado. A diferença é de apenas 415 e, a manter-se este ritmo, em 2019 poderá mesmo bater-se um recorde de emigração no setor.

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Até agora, o ano em que houve mais pedidos de emigração por parte de enfermeiros foi em 2014: 2.814, relembra o jornal. Em 2016 e em 2017 assistiu-se a uma diminuição na vaga de emigração destes profissionais.

"É um número recorde. E acabaram agora os cursos, havendo cerca de 3.000 jovens enfermeiros que ainda não sabem se ficam ou tentam emigrar", disse a bastonária da ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, recordando que faltam 30 mil enfermeiros no sistema de saúde público.

Quanto aos motivos que levam o número de pedidos a aumentar, Ana Rita Cavaco considera que se justificam pela "agressividade e a forma como têm sido maltratados em Portugal por parte desta ministra da saúde" e pelo facto de as condições de trabalho e de carreia ficarem aquém do que desejavam. "Há um sentimento de injustiça", acrescentou a bastonária.

"Os enfermeiros trabalham 70 horas semanais, acumulam milhares de horas a mais, e consideram que a carreira que era plausível sair acabou por ser uma mão cheia de nada", cita o referido jornal.

Apesar de não ser obrigatório, há quem ao fazer o pedido de declaração para trabalhar no estrangeiro partilhe o destino pretendido com a OEnf. Segundo a bastonária, o Reino Unido, Suíça e Bélgica estão no topo das preferências. Mas também há outros enfermeiros a "escolher mercados emergentes com o Dubai e a Arábia Saudita", indica Ana Rita Cavaco. Os Estados Unidos também se têm tornado um destino cada vez mais recorrente.

Médicos também em fuga

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A emigração de médicos, sobretudo dos recém-especialistas, não é novidade em Portugal. Este fenómeno que à semelhança de outras profissões é muitas vezes chamado de Brain Drain, ou fuga de cérebros, voltou a aumentar em 2018 depois de ter descido desde o início da atual legislatura e ameaça, nos próximos anos, assumir a mesma dimensão que teve nos anos da crise económica.

Em meio ano, saíram quase tantos médicos do país como em todo o ano de 2017: a maioria dos casos diz respeito a jovens profissionais sem lugar para internato, que procuram tirar uma especialidade no estrangeiro. Este ano, a Ordem dos Médicos ainda não divulgou dados referentes à emigração destes profissionais nos primeiros seis meses.

Mas o fenómeno da emigração de profissionais altamente qualificados do setor da saúde não acontece apenas em Portugal. Em 2019, 1.671 médicos espanhóis pediram para trabalhar no estrangeiro. A maioria das solicitações ocorre em pessoas com menos de 35 anos que procuram melhores condições de vida.