Recorrendo à personificação do coração, os cardiologistas desafiam os portugueses a responder a estas questões: O seu coração fuma ou fumou?; O seu coração é um coração que bebe ou já bebeu álcool em demasia?; É um coração sedentário?; Tem uma Pressão Arterial normal, ou elevada?; É um coração com Colesterol elevado?; É um coração obeso ou com excesso de peso?; O seu coração não se alimenta de uma forma saudável?; O seu coração vive ou viveu sujeito a muito stress?; O seu coração tem Diabetes Mellitus?; Na família, existe história de doença cardíaca?

10 conselhos médicos para ter um coração de ferro
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Se respondeu afirmativamente a pelo menos duas respostas, faz parte, infelizmente, dos 55% dos portugueses que têm pelos menos dois fatores de riscoe, por isso, o seu coração está em risco e pode não estar capaz para a sua vida. O alerta é da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC).

Metade da população tem excesso de peso

Metade da população portuguesa tem excesso de peso e o sedentarismo atinge níveis alarmantes. O tabaco representa também um grande perigo para a saúde, não só dos próprios fumadores, mas também de todos aqueles que diariamente inalam passivamente o fumo. O fumo passivo é ainda mais preocupantes quando atinge crianças ou pessoas cujo sistema imunitário se encontra debilitado. Atualmente, estima-se que 25% dos portugueses sejam fumadores.

Os portugueses não sabem identificar os sintomas da doença, nem as suas causas, e associam esta patologia ao envelhecimento, que acaba por mascarar a doença levando ao não tratamento da mesma

"O impacto que um estilo de vida pouco saudável tem na saúde cardiovascular é inegável e é por isso que se torna tão importante combatê-lo, bem como todos os problemas que este acarreta, como a diabetes, que afeta 13% dos portugueses, a hipertensão arterial (40%), e o Colesterol elevado (30%)", alertam os cardiologistas da SPC em comunicado.

"Se cuidarmos desde cedo do nosso coração, estamos a cuidar da forma como envelhecemos. A prevalência da insuficiência cardíaca, que afeta 13% da população portuguesa com idades compreendidas entre os 70 e os 79 anos, é uma das prioridades da cardiologia nacional e está a aumentar de dia para dia. Se nada for feito no sentido de contrariar esta tendência, em 2030 terá atingido mais 33% de pessoas no nosso país", acrescentam os médicos.

380 mil portugueses com insuficiência cardíaca

O estudo "Custos e Carga da Doença", liderado por Miguel Gouveia, investigador da Católica Lisbon School of Business & Economics e que incide sobre a Insuficiência Cardíaca em Portugal, revela números alarmantes: atualmente, quase 380 mil indivíduos sofrem de insuficiência cardíaca.

Em 2014, esta doença foi responsável por mais de 21 mil anos de anos de vida perdidos, seja por morte prematura ou por incapacidade, estimando-se que os custos diretos e indiretos da doença rondem os 405 milhões de euros por ano. A insuficiência cardíaca é a patologia responsável pelo maior número de internamentos de idosos, sendo que é frequentemente desvalorizada e que a maioria das pessoas desconhece os seus sintomas, causas e manifestações.

Doença confundida com velhice

Perante estes dados, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para o impacto que o desconhecimento associado à doença tem no seu diagnóstico tardio. "Os portugueses não sabem identificar os sintomas da doença, nem as suas causas, e associam esta patologia ao envelhecimento, que acaba por mascarar a doença levando ao não tratamento da mesma", explica a SPC.

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Para o presidente da SPC, o médico cardiologista João Morais, "é necessário que a classe médica faça "um diagnóstico precoce" e trabalhe em conjunto com a tutela e decisores políticos, o que "vem acontecendo de forma progressiva".

Na sua perspetiva, o Plano Nacional de Saúde deve incluir e refletir uma maior preocupação com a insuficiência cardíaca, sendo que muitas das causas que explicam a expressão epidémica que a insuficiência cardíaca adquiriu são evitáveis.

Apesar do esforço continuado de uma prevenção mais eficaz, João Morais relembra neste dia mundial do coração que é necessário fazer algo pelos quase 400.000 doentes que hoje sofrem desta doença. "Para esse grupo de portugueses, temos que apostar numa estratégia de diagnóstico precoce e numa referenciação adequada para que o tratamento possa ser iniciado o mais precocemente possível", defende o médico cardiologista.