“Comparando o dia 01 de janeiro até são dia 30 de abril de 2020 [com o mesmo período em 2019] podemos dizer que temos cerca de menos de 2.500 doentes operados, o que em cirurgia oncológica, neste caso, corresponde a menos 15%. Esta redução foi essencialmente à custa de cirurgia com prioridade normal”, disse o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa diária de atualização da pandemia de COVID-19 em Portugal.

O governante, que respondia a uma questão dos jornalistas sobre queixas de doentes que dizem ter dificuldade na marcação de exames de gastroenterologia, disse que em sentido contrário aumentaram as cirurgias muito prioritárias.

“Em relação a períodos homólogos houve em casos de cirurgia muito prioritária um aumento de 7% o que é consentâneo porque fazendo menos em cirurgia com prioridade normal, se fez um pouco mais em cirurgia com muita prioridade”, disse o governante.

Sobre a questão das queixas para exames de gastroenterologia, António Lacerda Sales disse não ter “dados precisos sobre endoscopias e colonoscopias”, mas disse ter conhecimento de que a “radioterapia reduziu cerca de 10%”.

“Mas ainda assim foi uma redução inferior em relação a outras áreas de diagnóstico e terapêutica”, referiu antes de fazer um apelo à confiança no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Apelo a todos os doentes oncológicos e reforçar a mensagem de que não há quer temor, não há que ter receio porque os circuitos e os fluxos estão perfeitamente diferenciados, as condições de segurança são muito boas. Às vezes são bem piores as consequências de uma cirurgia que não se realiza do que o COVID-19. Recorram porque o Serviço Nacional de Saúde está preparado para os acolher e operar”, disse.

António Lacerda Sales apontou, por fim, que o SNS está “a retomar de forma gradual a atividade assistencial programada”, garantindo que em relação à oncologia “houve sempre uma preocupação crescida”.

“Obviamente que essas marcações [de exames e cirurgias adiadas] terão de ser feitas no mais breve espaço de tempo”, concluiu.

Portugal contabiliza 1.175 mortos associados à COVID-19 em 28.132 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 12 mortos (+1,%) e mais 219 casos de infeção (+0,8%).

Das pessoas infetadas, 692 estão hospitalizadas, das quais 103 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados é de 3.182.

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à COVID-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.