“Nós precisamos de voltar a responder de uma forma programada aos casos não urgentes de doentes não covid e essa resposta tem de começar nos próximos dias”, afirmou Marta Temido.

A ministra falava na conferência de imprensa diária da DGS sobre a evolução da pandemia em Portugal.

Questionada sobre o apelo das Misericórdias para que idosos com esta doença não sejam devolvidos aos lares e que sejam disponibilizadas estruturas próprias para os acolher a ministra respondeu: “Aquilo que nos preocupa essencialmente no setor da saúde é que não fiquem em ambiente hospitalar pessoas que não precisam de estar em ambientes hospitalar”.

A ministra disse que “não deve estar em hospital quem não precisa de lá estar, porque o hospital é também em última instância um local que comporta riscos em termos de presença”.

Por outro lado, defendeu, “os hospitais têm de ser preservados na sua utilização para os casos de doença aguda e, portanto, é muito relevante que sejam encontradas outras respostas para estas situações que não precisam de permanecer em ambiente hospitalar”.

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas tinha pedido que os hospitais deixem de devolver idosos infetados aos lares por estes não terem condições nem recursos para os acolherem e propôs a definição de instalações próprias para os acolher.

Para a ministra, “as pessoas que vivem confinadas em determinados espaços que agregam populações numerosas, designadamente estabelecimentos prisionais ou no caso concreto estruturas residenciais para idosos devem ter a preocupação da sua separação o mais clara possível com o complemento de medidas de higiene, de etiqueta respiratória, de medidas de afetação de equipas específicas de cuidadores a determinados grupos de utentes no sentido de minimizar o risco de contágio”, sublinhou.

Salientou ainda a “preocupação adicional” do Governo de realizar testes em determinadas comunidades, designadamente populações idosas em lares.

Segundo a ministra, este será o motivo de alguns constrangimentos que têm sido suscitados sobre prioridades e sobre acesso a materiais, mas assegurou que não vão desistir porque os casos de óbitos estão sobretudo concentrados em lares.

“Sabemos também muito bem que os testes não salvam vidas mas podem ser um apoio às direções dos lares a implementação daquilo que recomendamos que sejam medidas praticadas desde o início e independentemente de qualquer resultado”, defendeu.

Sobre o plano de regresso à atividade assistencial dos doentes não covid-19, explicou que terá três tipos de resposta.

“Por um lado, pedir aos próprios hospitais para identificarem os casos prioritários daqueles que não foram respondidos” e, por outro lado, identificar as equipas cirúrgicas que vão ser afetadas a esta recuperação.

“E ponderar até alguma flexibilidade para otimizar as condições de utilização, evitando, obviamente, que o sistema fique congestionado com casos que não sejam considerados como prioritários nesta fase”, referiu.

Marta Temido adiantou ainda que está a ser feito um balanço de quantas cirurgias, consultas e tratamentos foram cancelados nas últimas semanas devido à pandemia e que está a ser articulado com as várias estruturas que acompanham a questão do acesso no Ministério da Saúde, designadamente a Administração Central do Sistema de Saúde, como será feito "o plano de regresso à normalidade".

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 535 mortos, mais 31 do que no domingo, e 16.934 casos de infeção confirmados, mais 349. Há 277 doentes que já recuperaram.