Em entrevista à agência Lusa, o diretor clínico do Centro Hospitalar Lisboa Norte, que integra o Santa Maria, explicou que a ideia é retirar doentes que já não precisam de internamento das camas para doentes agudos.

Trata-se de casos de pessoas que têm alta clínica, mas que aguardam vaga em lares ou na rede de cuidados continuados e que não têm também familiares com condições para as acolher.

A partir de meados de dezembro, o responsável do Santa Maria conta ter um espaço, que terá 26 camas, para essas pessoas que já têm alta clínica.

“Não é um lar, atenção. Não vamos criar um lar. Vamos ter um espaço de internamento onde temos equipas de enfermagem permanentes, não deixamos de ser um hospital e temos esse ADN e essa responsabilidade e teremos disponibilidade médica para identificação de problemas e resolução. Garantimos acompanhamento de enfermagem 24 sobre 24 horas. Não é uma enfermaria nem um lar, é algo intermédio”, explicou o diretor clínico, Luís Pinheiro.

O barómetro de internamentos sociais da Associação dos Administradores Hospitalares, divulgado em abril, indicava que cerca de mil camas dos hospitais públicos estão diariamente ocupadas por pessoas que não precisariam já de estar internadas, mas que não tinham alternativa.

Segundo o mesmo estudo, os doentes internados por motivos sociais ficam em média quase cem dias no hospital, o que representou um aumento superior a 40% em relação a 2018.

Incapacidade das famílias ou falta de respostas na comunidade são os principais motivos destes internamentos sociais.

No âmbito de um projeto mais amplo para tentar diminuir a sobrelotação dos internamentos, o Centro Hospitalar Lisboa Norte prevê melhorar os processos internos para reduzir o tempo de internamento desnecessário, evitando doentes internados em macas.

A hospitalização domiciliária é outro dos objetivos do Centro Hospitalar, a par de uma melhor articulação com os centros de saúde da sua área de abrangência, tentando que mais doentes consigam ser tratados da sua doença aguda nos centros de saúde.

Segundo o diretor clínico, Luís Pinheiro, o Santa Maria prevê ainda requalificar um espaço com 22 camas para doentes agudos, mas que tenha flexibilidade para receber doentes não agudos, um espaço que deverá estar pronto em meados de janeiro.