A sépsis é uma inflamação sistémica causada por uma infeção, como resposta aguda do sistema imunitário a uma infeção grave. As condições mais graves obrigam a longos períodos de internamento hospitalar e causam morbilidade e mortalidade elevadas. Estima-se que, anualmente, em todo o mundo, cerca de 30 milhões de pessoas desenvolvam sépsis. Os efeitos a longo prazo para os sobreviventes da sépsis incluem danos permanentes nos órgãos, assim como incapacidade física e cognitiva.

A prevenção da sépsis passa, em primeiro lugar, por prevenir as infeções. O risco de sépsis pode ser reduzido, principalmente em crianças, quando respeitado o calendário de vacinação, por exemplo. Uma higiene adequada das mãos e cuidados com o equipamento médico podem ajudar a prevenir infeções, inclusive hospitalares, que levam à sépsis.

A maioria dos microrganismos existentes pode causar uma infeção que origina a sépsis, falamos de bactérias, fungos, vírus e parasitas. Mas também pode ser causada como resultado de infeções pelo vírus da gripe, dengue, vírus do ébola ou febre amarela. Nos grupos de risco estão incluídos os bebés prematuros, crianças com menos de 1 ano, idosos com mais de 65 anos, pessoas com doenças crónicas, pessoas dependentes do álcool, estupefacientes e outras substâncias nocivas para o organismo, e pessoas portadoras de doenças que afetam o sistema imunitário, como VIH ou Hepatites.

Eleonora Bunsow, médica especialista em Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas
Eleonora Bunsow, médica especialista em Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas créditos: Direitos Reservados

As infeções que podem provocar sépsis de forma mais frequente são: as infeções respiratórias (por ex., a pneumonia), as infeções do sistema digestivo e as infeções do trato urinário. Atualmente, a sépsis é responsável por uma morte a cada 3-4 segundos em todo o mundo. A prevenção é, por isso, crucial para reverter estes números. A eficácia do tratamento depende muito da rapidez do diagnóstico. A taxa de mortalidade aumenta, portanto, nos casos em que o diagnóstico é mais demorado e, sobretudo, nos casos em que o doente tem o sistema imunitário debilitado ou uma doença crónica. A sépsis causa problemas na coagulação do sangue, na irrigação de órgãos vitais como o cérebro, coração ou rins e disfunções orgânicas graves.

Mesmo após a alta hospitalar, as consequências da sépsis podem permanecer. Estados de tristeza, dificuldade em deglutir, fadiga e fraqueza muscular, dificuldade em dormir, problemas de memória, dificuldade de concentração, ansiedade são alguns dos sintomas que se podem manter para o resto da vida.

Um artigo de opinião da médica Eleonora Bunsow, especialista em Microbiologia Clínica e Doenças Infeciosas e Medical Advisor na BioMérieux Portugal e Espanha.