O pior momento da vida de Fiorella Downey aconteceu no sítio onde ela trabalhava.

Foi no Boston Children’s Hospital, nos Estados Unidos, que a sua filha, Stella, de apenas 2 anos, foi diagnosticada com cancro, tal como muitas outras crianças acompanhadas por Fiorella, uma especialista em vida infantil.

Foi em dezembro de 2017, quando a família se encontrava de férias na Guatemala, que Stella começou a comportar-se de forma algo estranha.

“Ela estava sempre agarrada a nós, a querer mimos e, de um momento para o outro, ninguém lhe podia tocar. Ela gritava com dores”, recorda Fiorella.

“Eu sabia que algo de muito errado se passava. Eu lido com crianças diariamente… Mas quando o médico se aproximou de nós, depois da Stella ter sido sujeita a uma ressonância magnética, com uma caixa de lenços na mão, eu tive a certeza”, recorda Fiorella.

Com o passar dos dias, os sintomas de Stella pioraram; a sua mãe apercebeu-se que as pernas da menina estavam muito rígidas, para alem de a criança estar com falta de equilíbrio. Por isso, a família antecipou a sua ida para os Estados Unidos e, no dia em que chegaram, levaram Stella, na altura com 13 meses, para o Boston Children’s Hospital.

“Eu sabia que algo de muito errado se passava. Eu lido com crianças diariamente… Mas quando o médico se aproximou de nós, depois da Stella ter sido sujeita a uma ressonância magnética, com uma caixa de lenços na mão, eu tive a certeza”, recorda Fiorella.

A família Downey foi informada que Stella tinha um tumor nas costas, um neuroblastoma, um cancro comumente diagnosticado em crianças e bebés que se desenvolve no sistema nervoso.

“Eu não queria acreditar que aquilo nos estava a acontecer. Eu conhecia o cancro infantil de perto, conhecia as estatísticas e sabia que o cancro da minha filha era muito agressivo”.

Felizmente, o cancro de Stella não tinha metastisado, o que significava que a menina tinha uma maior probabilidade de cura. O neuroblastoma é responsável por cerca de 6% de todos os cancros infantil; por ano, só nos Estados Unidos, mais de 800 crianças são diagnosticadas com a doença.

“O tumor da Stella estava a pressionar a medula espinhal, o que lhe dificultava a mobilidade. O estado de saúde da menina estava muito debilitado, pelo que, mal foi diagnosticada, demos logo início ao processo de tratamento”, conta Steven DuBois, o médico que acompanhou a menina.

Apenas 24 horas após o diagnóstico, a 8 de janeiro de 2018, Stella foi sujeita à sua primeira ronda de quimioterapia.

A menina sofreu imenso com os tratamentos, que lhe causaram efeitos secundários muito severos. Mas o pior foi no dia em que Stella começou a perder o cabelo.

“Lembro-me de estar deitada na cama com a Stella, ela estava cheia de dores. Quando lhe fiz uma festa na cabeça, a minha mão ficou cheia de cabelos. Comecei logo a chorar. Nesse dia, eu e o meu marido, decidimos que o melhor a fazer era rapar o cabelo da Stella”.

Infelizmente, a doença da menina não foi o único golpe que a família Downey sofreu; cerca de 2 meses depois do diagnóstico de Stella, a mãe de Fiorella morreu devido a um cancro da mama.

“Se não fosse o meu marido, o amor que sinto pelos meus filhos, os meus amigos e os médicos que cuidaram da Stella, acho que não teria aguentado. Estava tudo a acontecer ao mesmo tempo…”

Mas as coisas começaram a mudar

Stella começou a responder tão bem aos tratamentos que, em vez das originalmente previstas 8 rondas de quimioterapia, a menina só precisou de 3.

“Ao fim de 3 rondas apercebemo-nos que não precisámos de mais tratamentos. Ficámos todos extasiados”, afirmou o médico de Stella.

Em abril de 2018, 3 meses após ter iniciado os tratamentos, Stella foi considerada em remissão.

A família pôde, enfim, regressar à sua rotina…

“Mas não é fácil. As pessoas pensam que quando se entra em remissão, o pesadelo termina. Mas não…o que acontece é que aparecem outros ‘pesadelos’… Se eu vejo a Stella a fazer movimentos estranhos, fico logo preocupada. O cancro quase que nos causa um stress pós-traumático com o qual temos de aprender a lidar”, diz Fiorella que, entretanto, voltou a trabalhar no Boston Children’s Hospital.

Hoje em dia, Stella continua a fazer exames a cada 6 meses para garantir que o cancro não recidiva. A menina já vai à escola, e voltou a ser a criança carinhosa que sempre foi.

“Aprendi que os pequenos problemas não têm importância. Agora sei que o mais importante é estar junto da minha família, e ter os meus filhos saudáveis”.

Fontes: Boston Herald e PIPOP