O projeto liderado por João Mano e Catarina Custódio, da Universidade de Aveiro, propõe-se "utilizar materiais à base de proteínas humanas", como plataformas, para testar e avaliar fármacos, ao mesmo tempo que tem o potencial de reduzir o número de ensaios em animais, anunciou a Universidade de Coimbra.

O projeto permite "desenvolver materiais que mimetizam o ambiente humano tumoral", podendo ser testados os fármacos diretamente nos microtecidos construídos em laboratório, explicou João Mano, em declarações à comunicação social, à margem da cerimónia de entrega do prémio.

Segundo o investigador, a tecnologia permite encurtar o caminho "entre o desenvolvimento do fármaco e a validação pré-clínica", ao mesmo tempo que também reduz em grande medida os testes em animais.

Para além disso, ao mimetizar o ambiente humano, a tecnologia permite eliminar problemas com testes em animais, em que o fármaco pode "funcionar num ratinho ou num coelho, mas para o humano não funciona", vincou.

O projeto está focado na validação de fármacos para tumores - podendo até recorrer a tumores de um paciente específico - mas poderá ser aplicado noutras áreas, referiu.

De acordo com Catarina Custódio, a tecnologia irá permitir reduzir os custos e a morosidade nos processos de descoberta e validação de fármacos.

A equipa do projeto inclui também as investigadoras Sara Santos, Cátia Monteiro e Inês Deus.

Recebe um prémio monetário no valor de 20 mil euros, que no futuro poderá ainda traduzir-se num investimento suplementar de 30 mil euros.

A concurso, estavam 26 projetos, referiu a Universidade de Coimbra.

O presidente do júri, Fernando Seabra Santos, realçou a qualidade dos projetos a concurso, bem como a capacidade do prémio ter conseguido evitar olhar só para dentro da sua "paróquia", ao atribuir o galardão a um projeto desenvolvido fora da instituição.

Já o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, considerou que o projeto vencedor vai "ajudar bastante na investigação, especialmente na fase inicial", ao mesmo tempo que apresenta alternativas à utilização de testes em animais.

Também na cerimónia, o presidente da Bluepharma, Paulo Barradas, realçou a importância que a empresa, sediada em Coimbra, dá à investigação e desenvolvimento, tendo hoje "cerca de 100 cientistas" a trabalhar nos seus laboratórios.

O Prémio Inovação Bluepharma / Universidade de Coimbra foi criado em 2003 com o objetivo de contribuir para o reconhecimento e divulgação da investigação científica na área das ciências da saúde em Portugal.