Na conferência online semanal sobre a covid-19 em África, hoje dedicada aos testes rápidos de diagnóstico, Matshidiso Moeti anunciou que os países africanos estão a preparar-se para introduzir em grande escala os testes de diagnóstico rápido, baseados em antigénios.

“Isto será uma mudança na nossa luta contra a covid-19. Estes testes rápidos de alta qualidade irão ajudar a satisfazer as enormes necessidades não satisfeitas em África”, afirmou.

Em África, disse, “a maior parte dos testes utilizados são os PCR [Polimerase Chain Reaction, que verifica se o vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, está presente numa amostra], o que implica laboratórios, reagentes e especialistas”.

E sublinhou a “lacuna significativa” que continua a existir em África, em matéria de testes: “Por exemplo, o Senegal aumentou significativamente a sua capacidade de testes, mas continua a testar 14 vezes menos do que os Países Baixos e a Nigéria está a testar 11 vezes menos do que o Brasil”.

“Os novos testes rápidos são fáceis de utilizar, mais baratos que a reação em cadeia da polimerase (PCR) e fornecem os resultados em menos de 30 minutos, permitindo aos países descentralizar os testes e acelerar o tempo de resposta para que os resultados cheguem rapidamente”, adiantou.

Um avanço bem-vindo pelas autoridades do Uganda, que se debatem com as necessidades laboratoriais que os testes PCR exigem, além do transporte, com respetivo tempo de transporte.

Susan Ndidde Nabadda, responsável pelo Laboratório Nacional de Saúde e Serviços Centrais de Saúde Pública do Uganda, congratulou-se com a chegada destes testes rápidos que, acredita, vai possibilitar um maior número de testes.

“Usamos os testes PCR, porque é o recomendado”, disse, durante a sua intervenção da conferência virtual.

Para Susan Ndidde Nabadda, como o país tem poucos laboratórios, a realização dos testes envolve frequentes deslocações, o que atrasa o processo de identificação dos casos.

“Os novos testes permitem acelerar o acesso aos resultados e a imediata atuação junto do doente”, referiu.

O Uganda registou até hoje 10.933 casos de infeção pelo novo coronavírus, 98 dos quais mortais e contabiliza 7.154 doentes recuperados.

Também o diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde Pública da Guiné-Conacri, Abdoulaye Toure, se congratulou com a possibilidade que estes testes oferecem, nomeadamente ao nível do acesso e da rapidez.

Os testes rápidos são “uma oportunidade. Vão facilitar a segurança da doença e ajudar a gerir a epidemia”, disse o responsável do Instituto Nacional de Saúde Pública da Guiné-Conacri, país que contabiliza 11.635 casos, 71 mortos e 10.474 doentes recuperados.

No encontro virtual com a comunicação social, Matshidiso Moeti disse ainda que a OMS está a trabalhar em conjunto com os países que vão receber os testes rápidos, “enviando documentos-chave de orientação política e operacional, desenvolvendo um pacote de formação, e destacando peritos no terreno para apoiar a realização destes testes”.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou no passado dia 28 de setembro que a organização vai disponibilizar para países mais pobres 120 milhões de testes rápidos de covid-19, com resultados em 30 minutos.

Na altura, o responsável lembrou o papel que a organização já tinha tido na disseminação dos reagentes PCR, para que os países pudessem testar a presença do vírus, tendo vindo a trabalhar para desenvolver testes mais rápidos e simples de utilizar em qualquer local.

África registou até hoje 1.674.592 infetados com o novo coronavírus, dos quais 40.493 vítimas morais. Contabiliza ainda 7.670 recuperados.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.