Um novo tratamento experimental, que já está a ser testado em humanos, "pode ser revolucionário", afirmam especialistas do National Institute of Allergy and Infectious Disease, nos EUA. Os investigadores descobriram que as pessoas que são expostas ao vírus do ébola e sobrevivem ganham anticorpos que lhes permitem combater as infeções que causa anos mais tarde, como foi o caso de uma pessoa que o contraiu em 1995.

Recorrendo a esses anticorpos, os cientistas conseguiram desenvolver um tratamento que teve resultados positivos nos testes laboratoriais levados a cabo com símios e que estão agora a ser experimentados em voluntários humanos. A nova solução terapêutica pode ser aplicada cinco dias após o desenvolvimento da infeção. O processo de recrutamento ainda não foi, no entanto, encerrado, prolongando-se os testes.

"Os investigadores querem testar o fármaco MAb114 em pessoas que não estiveram expostas ao [vírus do] ébola para analisar se pode ser usado em pessoas infetadas num futuro próximo", refere o relatório preliminar da investigação. "Os voluntários deste teste não serão expostos ao vírus do ébola", garantem os cientistas, que gostariam de ver a sua solução terapêutica utilizada rapidamente na República Democrática do Congo.

Base de dados mundial do vírus é portuguesa

Ebola ID é o nome da primeira base de dados do mundo que reúne informações sobre a diversidade genética do ébola e as moléculas usadas no tratamento e na deteção do vírus. Foi desenvolvida por um grupo de investigadores e cientistas do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), uma instituição de investigação científica e de formação avançada da Universidade do Porto.

Nesta plataforma, estão reunidas 57 sequências curtas de ADN e ARN, cadeias de moléculas unidas quimicamente que controlam a atividade celular, resultantes de 17 estudos publicados entre 1999 e 2014. Até agora, "cada empresa ou grupo de investigação foi fazendo as suas moléculas, mas nunca ninguém tinha juntado isto tudo", disse Filipe Pereira, biólogo e geneticista do CIIMAR, ao jornal Público.

Esta base de dados, além de gratuita e acessível na internet, como pode confirmar aqui, é uma ferramenta facilitadora no campo da investigação da doença, podendo contribuir para o desenvolvimento de novos métodos de deteção e combate. Em 2013, as infeções provocadas pelo vírus do ébola mataram mais de 11.000 pessoas em África. Nos últimos dias, só na República Democrática do Congo, morreram 47.