Apesar dos extraordinários avanços no diagnóstico e tratamento destas doenças terem permitido uma redução na sua mortalidade e morbilidade, assistimos a um aumento do impacto dos fatores de risco, que são responsáveis pelo aumento generalizado da sua prevalência.

Se existem fatores de risco para as doenças cardiovasculares que não podemos modificar (o sexo, a idade e os genéticos), a maioria deles, como o tabagismo, a hipertensão arterial, a diabetes, a dislipidémia, o sedentarismo e a obesidade são modificáveis e dependem maioritariamente do nosso estilo de vida.

É pois urgente estarmos alerta para a necessidade de adotar um estilo de vida saudável, cujos pilares são a atividade física regular, a dieta saudável e a abstinência tabágica.

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1. Deixe de fumar

Existe hoje suficiente evidência de que o consumo de tabaco, para além de estar associado a maior incidência de cancro, de doença pulmonar obstrutiva crónica, de Acidente Vascular Cerebral entre outras, é um fator de risco extremamente importante nas DCV . Os fumadores apresentam piores indicadores de saúde do que os não fumadores e uma esperança de vida menor. A probabilidade de vir a ter um enfarte agudo do miocárdio é três vezes maior no fumador comparado com o não fumador. E o risco de DCV aumenta proporcionalmente com a duração do tabagismo em anos e o número de cigarros fumados por dia.

O consumo de tabaco é a maior causa evitável de doenças e morte precoce em todo o mundo. Pelo o que é urgente continuar a alertar a população para os benefícios da abstinência tabágica:

  • Parar de fumar tem benefícios em qualquer idade, tanto maiores quanto mais cedo se verificar o abandono do tabaco.
  • Parar de fumar traz benefícios imediatos para a saúde e a médio-longo prazo. Segundo informação fornecida pela DGS os fumadores que abandonam o hábito antes dos 50 anos diminuem em 50% o risco de morrerem nos próximos 15 anos e após 1 ano de abstinência o risco de DCV reduz-se para metade, quando comparados com os que continuam a fumar. A cessação tabágica em doentes cardíacos leva à redução de 36% no risco de mortalidade por todas as causas.

Devemos pois aplaudir as medidas implementadas como a restrição de espaços públicos a fumadores e toda a informação fornecida à população, incluindo as crianças, sobre os malefícios do tabaco, sob variadas formas de publicidade. Existem hoje diversos apoios estruturados para os fumadores que desejem abandonar o hábito, que podem incluir ajuda farmacológica se necessário. Contudo, nenhuma ajuda exterior será eficaz sem a forte motivação do fumador para levar à prática a sua decisão.

Outras mudanças no estilo de vida que podem fazer uma grande diferença na saúde do coração são a atividade física regular e a adopção de uma dieta saudável, que ajudam a controlar os restantes fatores de risco modificáveis como a hipertensão arterial, a diabetes, a dislipidemia e a obesidade.

2. Faça atividade física

Devemos estimular a prática segura e eficaz de exercício físico, de forma regular, adequada às capacidades e gostos de cada indivíduo, pois este associa-se a um decréscimo da morbilidade e mortalidade inclusive de causa cardiovascular. Recomenda-se exercício aeróbico de pelo menos 150 minutos por semana (30 minutos 5 dias por semana) se moderado ou 75 minutos se vigoroso, combinado preferencialmente a exercício de força muscular que deverá ser realizado 2 a 3 vezes por semana com 48h de intervalo entre sessões para o mesmo grupo muscular.

Para manter um coração saudável é importante combater o sedentarismo e incluir na rotina diária, sempre que possível, o exercício físico (subir escadas, marcha, jardinagem, trabalho doméstico...).

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3. Adote uma dieta saudável

A nível internacional existem recomendações alimentares por parte das principais sociedades científicas que visam a prevenção das DVC. Elas promovem a adopção de uma alimentação saudável, com evidência de proteção cardiovascular.

É recomendado o consumo de peixe, pelo menos 2 vezes por semana especialmente de peixe gordo, como o salmão, a sardinha, a cavala, devido ao seu alto teor em ómega-3, reconhecidamente com efeitos cardioprotetores. A opção de peixe (gordo ou magro) em detrimento da carne é preferível por forma a minimizar o consumo de gordura saturada.

A dieta deve ser pobre em gorduras saturadas e colesterol ( produtos de charcutaria, enchidos, moluscos, produtos lácteos gordos..) e gordura trans (pastelaria, molhos, conservas...). Devemos escolher o azeite como gordura de eleição na preparação das refeições e privilegiar o consumo de leguminosas, vegetais e fruta. Os produtos integrais e pouco refinados (pão, massa...) são preferíveis aos refinados. O consumo de frutos oleaginosos (nozes, amendoins...) é recomendado diariamente, sendo favorável na prevenção de DCV.

O consumo de sal deve ser limitado (1 colher de chá por dia). O álcool deve ser consumido com moderação (20g de álcool ou seja 2 bebidas por dia para o homem e 10g ou seja uma bebida para a mulher).

A adopção de uma dieta saudável associada à prática regular de exercício físico, ajudam a diminuir a pressão arterial, os níveis de colesterol e de glicemia, e consequentemente a incidência da DCV.

Em conclusão, diria que a saúde do coração depende em grande parte de nós. A adopção de um estilo de vida saudável que contemple atividade física regular, uma dieta saudável e a abstinência tabágica, são medidas com forte impacto na redução da mortalidade e morbilidade das doenças cardiovasculares.

As recomendações são da médica Susana Castela, especialista em Cardiologia no Hospital CUF Tejo.