"Cerca de dois terços das pessoas com diabetes tipo 2 em Portugal apresentam fígado gordo, uma condição que compromete em grande escala a eficácia do tratamento da diabetes", explica Paula Macedo, investigadora da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e professora da NOVA Medical School.

Fígado gordo é um termo que significa acumulação de gordura nas células do fígado. Em termos médicos, denomina-se esteatose hepática.

Fígado Gordo

O que é?

- Excesso de gordura acumulada no fígado (esteatose hepática), na maioria dos casos provocado pelo consumo excessivo de álcool;

- Com o tempo, esta acumulação pode evoluir para doenças do fígado irreversíveis.

A maioria das pessoas não apresenta sintomas. Em fases mais avançadas podem ocorrer: cansaço e dor no lado superior direito do abdómen.

O mais recente estudo nacional da APDP nesta área integrou 700 pessoas com diabetes, avaliadas pela tecnologia mais moderna (elastografia), e concluiu que dois terços dessas pessoas apresentava igualmente fígado gordo. Dados de um estudo nacional também realizado pela APDP em 2014 apontavam que mesmo em pessoas sem diabetes nem pré-diabetes, um terço dos indivíduos apresentavam fígado gordo, embora os inquiridos, na sua maioria, não o soubessem.

"Além de contribuir para agravar as complicações de saúde associadas à diabetes, o fígado gordo é um fator acelerador da doença em pessoas com pré-diabetes e mesmo em pessoas saudáveis. Por isso, é muito importante estarmos alerta para esta condição, ainda subdiagnosticada e subvalorizada", acrescenta Rogério Ribeiro, investigador da APDP e docente da Universidade de Aveiro.

"Entre as pessoas com hepatite gorda, assiste-se também ao forte surgimento da diabetes, afetando uma em cada três dessas pessoas, segundo dados internacionais", acrescenta o investigador.

Maior risco de cancro e outras doenças

Dados dos Estados Unidos divulgados pela APDP apontam para que as pessoas com fígado gordo e diabetes tenham entre três a quatro vezes maior risco de desenvolver cirrose ou carcinoma hepático, face às pessoas com fígado gordo e sem diabetes.

José Manuel Boavida, médico e presidente da APDP, recorda a importância "do diagnóstico precoce e do apoio estruturado à luta contra o excesso calórico alimentar e a obesidade. Em vez de se esperar por novos fármacos, há que reforçar a capacidade de mudança de hábitos das pessoas com diabetes identificadas com fígado gordo".

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A esteatose hepática é uma doença frequente em Portugal. Os homens tendem a ser mais afetados, sobretudo em idades mais avançadas, mas também as mulheres pós-menopáusicas.

Esta acumulação de gordura no fígado resulta da ingestão de quantidades de gordura na dieta em excesso que o organismo não consegue processar.

Fala-se em fígado gordo quando a gordura corresponde a 5-10% da massa do fígado. Pode ser uma situação muito simples, que não causa lesão do fígado, ou pode evoluir para inflamação e lesão do tecido deste importante órgão.

Como prevenir o fígado gordo?

- Manter uma dieta saudável;

- Evitar excesso de peso;

- Fazer exercício físico regular;

- Evitar bebidas alcoólicas.