Segundo informações prestadas esta sexta-feira à agência Lusa pelo conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), que gere o hospital de Beja, durante o período de fecho temporário do serviço, “não há atendimento na especialidade a utentes provenientes do exterior”, as quais serão “encaminhadas para as unidades de saúde mais próximas”, nomeadamente para os hospitais públicos de Évora, Faro ou Setúbal.

No entanto, mantém-se “garantido” o atendimento a situações emergentes pela equipa multidisciplinar do Serviço de Urgência do hospital e a urgência interna e os cuidados das puérperas internadas.

O serviço vai fechar porque, depois de “esgotados todos os esforços, não foi possível garantir a presença” de um segundo médico especialista necessário na escala, explica o conselho de administração da ULSBA.

Por isso, a administração refere que se viu “na indesejada contingência de proceder ao encerramento temporário” do serviço e que, “este ano, é a quinta vez” que se vê “forçadamente a tomar” a medida.

O serviço retomará o “normal funcionamento” às 08:00 de sábado, quando já “estarão escalados os dois médicos” necessários, refere.

Segundo a administração da ULSBA, em todas as situações de fecho temporário do serviço já ocorridas, “foram encetados todos os esforços e esgotados todos os recursos no sentido de se conseguir escalar o segundo especialista para completar a escala da urgência da especialidade, garantindo, no entanto, a urgência interna e os cuidados às utentes internadas”.

Os esforços têm sido “em vão”, porque, “perante a necessidade de se recorrer a um médico em contrato de prestação de serviços”, a ULSBA está “dependente da sua disponibilidade” e, “quando ela não existe, e após sucessivos nãos, só resta encaminhar as utentes para as unidades de saúde mais próximas”, explica.

“Mesmo na condição de existência de um médico obstetra” na Urgência de Ginecologia/Obstetrícia, “as situações emergentes foram, e serão sempre, objeto de atendimento pela equipa multidisciplinar que constitui o Serviço de Urgência” do hospital, frisa.

O conselho de administração lembra que os concursos abertos nos últimos 10 anos para contratar médicos da especialidade de Ginecologia/Obstetrícia para a ULSBA têm ficado “desertos” e os médicos internos formados no hospital “infelizmente” não ficam após terminarem a formação.

Por outro lado, ressalva, a dificuldade em contratar médicos para o hospital de Beja “é sentida também noutras áreas de especialidade”, como cirurgia geral, pediatria, anestesiologia e ortopedia.

As situações de fecho do Serviço de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia do hospital levaram o deputado do PCP por Beja, João Dias, a questionar o Governo e a exigir “medidas céleres” que respondam ao problema.

“Não foram implementadas quaisquer medidas que invertam o caminho” e, se “continuar”, “o futuro da maternidade do hospital será o encerramento definitivo”, alerta do deputado, numa pergunta dirigida ao Ministério da Saúde e enviada à Lusa.