O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infeção respiratória na criança, até aos 5 anos de idade e principalmente nos dois primeiros anos. É a principal causa de hospitalização em crianças com menos de 1 ano de idade. 

Ao contrário de uma simples constipação, o VSR pode causar uma infeção respiratória baixa designada por bronquiolite ou pneumonia, que pode ser particularmente grave nas crianças nos primeiros 6 meses e naquelas que associam fatores de risco, nomeadamente prematuridade, doenças pulmonares, cardíacas ou deficits imunitários.

Globalmente cerca de 45% dos internamentos causados por infeção por VSR são até aos 6 meses de idade, com aumento da mortalidade neste grupo etário. A maioria dos internamentos ocorre em crianças sem patologia associada, sendo independente da sua condição de saúde e com um grau de gravidade imprevisível.

A infeção não confere imunidade podendo haver reinfeção embora em geral menos grave.

É muito importante o esclarecimento dos cuidadores no sentido de estarem alerta para uma possível evolução da infeção que pode começar por sintomas respiratórios ligeiros como congestão nasal, febre ou tosse podendo evoluir para sibilância e um quadro de insuficiência respiratória com necessidade de oxigénio suplementar ou mesmo suporte respiratório.

Não há até ao momento uma medida preventiva ou tratamento específico pelo que é indispensável promover as medidas de etiqueta respiratória, como a lavagem das mãos e evitar a proximidade com adultos com queixas respiratórias.

Esta infeção tem uma ocorrência sazonal, sendo que para muitos países do hemisfério norte setembro marca o seu início. Esta ocorrência em pico, aumenta a sobrecarga dos serviços de urgência e do internamento pediátrico, no período do Inverno, com aumento significativo do custo direto para os serviços de saúde.

A necessidade dos pais permanecerem com os filhos em casa durante a fase aguda da doença traduz-se num elevado absentismo ao trabalho, com aumento dos custos indiretos e impacto psicossocial relacionados com esta doença.

Esta problemática de saúde pública, levou à constituição dum grupo de trabalho nacional, designado por RSVThinkThank envolvendo especialistas na área da epidemiologia, da área clínica, da economia da saúde e os pais, com o objetivo de inspirar a mudança, de sensibilizar, analisar o impacto desta doença e de definir estratégias de sensibilização dos vários intervenientes do setor da saúde.  

As perspetivas, num futuro próximo, do aparecimento de novas tecnologias preventivas, que se encontram em fase avançada de desenvolvimento, e com possível aplicação de forma universal, à população alvo, abrem novos horizontes para a prevenção contra o VSR.  As quais terão, certamente, grande impacto na redução da sobrecarga clínica, psicossocial e económica desta doença, com impacto importante a curto prazo e possíveis consequências a médio/longo prazo.

Um artigo da médica Teresa Tomé, especialista em Genética Médica e Pediatria, e diretora do Serviço de Pediatria na Maternidade Dr. Alfredo da Costa.