Há comportamentos que temos enraízados que nem sempre são os melhores. Muitas das vezes, no nosso quotidiano, a pensar que estamos a tornar as refeições mais saudáveis, estamos, na realidade, a prejudicar a qualidade dos ingredientes alimentares e das confeções gastronómicas que ingerimos, podendo até, com isso, afetar a nossa saúde e condicionar o nosso bem-estar. Indicamos-lhe, de seguida, alguns dos erros mais comuns e apontamos as recomendações de três reputados nutricionistas nacionais.

1. Cozer as batatas sem pele

Deve evitá-lo. "Ao fazê-lo, há uma maior perda de nutrientes como o magnésio e o potássio, que passam para a água, que normalmente é desperdiçada", alerta Eduarda Alves. Em consequência disso, "podem surgir carências de potássio, que se manifestam através da retenção de líquidos e cãibras, assim como de magnésio, que se traduz pelas dificuldades de sono, uma maior irritabilidade, espasmos musculares e até ansiedade", sublinha a nutricionista.

"Opte por batatas biológicas para evitar a contaminação por pesticidas", recomenda. Depois, como sugere a especialista, "lave-as somente antes de as cozinhar". "Coloque-as de molho com algumas gotas de vinagre [durante 15 a 20 minutos] e, após este período, esfregue-as com uma escova ou esponja da loiça [parte mais abrasiva] usada só para lavar legumes", aconselha. Após cozidas, "as batatas podem ser descascadas ou comidas com a casca", assegura.

2. Utilizar manteiga ou margarina para fritar

São muito utilizadas nas casas portuguesas para fritar bifes e para fazer bifanas, por exemplo, mas, mais uma vez, é, segundo os entendidos, uma situação desaconselhada. "Nestas situações, as temperaturas facilmente ultrapassam os 180º C e a manteiga e a margarina perdem as suas propriedades a partir dos 140º C ou dos 150º C", explica o nutricionista João Rodrigues.

Além da degradação da margarina e da manteiga do ponto de vista nutricional, há "a formação de compostos potencialmente tóxicos, como a acroleína, que tem um potencial carcinogénico", adverte. Opte por gorduras mais estáveis a temperaturas elevadas, como o azeite. "O óleo de amendoim e o de abacate também são resistentes a temperaturas elevadas", esclarece João Rodrigues.

3. Colocar a polpa de tomate diretamente da embalagem para a panela

É outro erro a evitar. "Quando o vapor do cozinhado entra na embalagem, vai alterar a sua temperatura e aumentar a humidade, promovendo a proliferação de fungos e de bactérias", avisa Eduarda Alves, acrescentando que "a polpa fica totalmente contaminada e, quando voltar a ser usada, vai contaminar o cozinhado", adverte. Uma das consequências é "o aumento do risco de intoxicação alimentar e, a longo prazo, o desenvolvimento de alguns tipos de cancro", refere a nutricionista.

"Retire a embalagem do frigorífico, quando já está aberta, apenas antes do momento de utilização. Depois, coloque a polpa numa colher limpa ou numa taça e, de seguida, adicione-a ao cozinhado", aconselha a especialista. A embalagem, ainda segundo a nutricionista, após aberta e utilizada, "deve ser limpa e guardada de imediato no frigorífico", sublinha. A polpa de tomate, se bem conservada, pode ser usada, sem problemas, "durante duas semanas depois de aberta", acrescenta.

4. Cozinhar sempre os hortícolas da mesma maneira que para a sopa

É outro dos erros que, inconscientemente, cometemos no nosso quotidiano quando cozinhamos este tipo de produtos. Este gesto, segundo a nutricionista Inês Pádua, leva à perda de nutrientes importantes, como as vitaminas. "Se o propósito for confecionar uma sopa, tal não se aplica porque se consome a água de cozedura mas, em cozinhados em que a água é descartada, pode ser um problema", avisa.

"Ao cozermos os hortícolas durante muito tempo em água, vitaminas, como as do complexo B e C [solúveis em água], vão ser perdidas, ficando o organismo privado delas", justifica a especialista. "Cozinhe os hortícolas ao vapor para preservar estas vitaminas", aconselha. "Verifique qual o tempo de cozedura de cada uma delas para evitar que sejam cozinhados demasiado tempo", adverte Inês Pádua.

5. Assumir que os grelhados são sempre saudáveis

São associados a preparações saudáveis, mas "é bastante frequente a adição de manteiga ou outra gordura", alerta Inês Pádua. Na prática, segundo a nutricionista, "acabamos por fritar o alimento em vez de o grelhar". Por um lado, "o valor energético [calorias] e o conteúdo em gordura do grelhado aumentam", frisa. Por outro, nos grelhados a carvão, é importante manter o alimento a uma determinada distância desta substância e não deixar que fique na grelha demasiado tempo.

Deve ter este cuidado "para evitar a formação de compostos cancerígenos, como as aminas aromáticas heterocíclicas", esclarece. "Não adicione qualquer gordura à grelha e opte por marinar a carne e o peixe antes de grelhar [por exemplo, a tradicional vinha de alhos], pois permite reduzir a exposição aos compostos cancerígenos", assegura. Deve ainda "retirar a maioria das gorduras visíveis antes de grelhar a carne e manter a pele do peixe intacta ao longo da confeção", recomenda.