Não gosta do seu corpo e, com a ânsia de o mudar, viciou-se em dietas? Emagrece, alcança o seu peso ideal e, logo a seguir, cai em tentação, castigando-se pela sua falta de vontade? Se as suas respostas forem afirmativas, preste atenção porque algo está a falhar... E não são os quilos a mais! Saiba qual a melhor forma de fugir a este círculo vicioso, aprendendo a valorizar a sua imagem, mesmo que não seja a perfeita.

Não é necessário ter uma perturbação alimentar para se sentir mal com o seu próprio corpo. Os meios de comunicação bombardeiam-nos a toda a hora com publicidade a silhuetas perfeitas, inalcançáveis para mulheres adultas normais, que infelizmente associam a ideia de sucesso a um corpo perfeito. Se estivermos com a autoestima em baixo ou se esta assentar apenas na nossa imagem física, é complicado.

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Nessa situação, comum a milhões de pessoas no mundo, é natural que nos sintamos deprimidas e recorramos a qualquer dieta milagrosa para a modificar.

A autoestima tem uma relação muito estreita com a imagem, sobretudo, durante a adolescência, altura em que a perceção corporal, a representação mental do corpo, gerada durante a infância, se torna vital para o desenvolvimento psicossocial do indivíduo.

Diversos estudos nacionais e internacionais, muitos deles veículados pelos mesmos meios de comunicação social, demonstram que quem sofre de perturbações alimentares tem uma imagem corporal distorcida e, frequentemente, vê o seu corpo mais volumoso do que é, apesar dessa percepção não coincidir com a realidade. Se é o seu caso e passa o tempo a contar calorias com receio de engordar, continue a ler.

Como se alimenta a autoestima?

De acordo com os especialistas, os pais deviam valorizar todas as qualidades dos filhos e ensinar-lhes que é possível e natural terem defeitos, logo a partir da infância, uma fase crucial no desenvolvimento de qualquer ser humano. Por exemplo, se não tivermos um corpo atlético para praticar ginástica artística, quem sabe se não nos podemos destacar a escrever, pintar, cantar, tocar piano ou praticar um desporto com menos exigência física.

Potenciar as virtudes de que dispomos é o melhor truque para relegar as limitações para segundo plano. Claro que é difícil fazê-lo porque as qualidades que a sociedade costuma valorizar são, em primeiro lugar, físicas. Contudo, se a pessoa tiver uma auto- estima consolidada, é mais fácil escapar ao mandato social. Às vezes, aceitar-se como é é mais difícil do que tentar mudar, mas é importante trabalhar para o conseguir.

O problema costuma assentar no facto de tendermos a valorizar as virtudes dos outros e minimizar as nossas. Temos, por isso, de ser mais conscientes do nosso lado positivo, até porque essa atitude favorece uma aceitação saudável dos nossos defeitos. De acordo com o psicólogo Fernando Magalhães, "a autoestima mais sólida é aquela construída com base em características internas, que controlamos, naquilo que somos, na nossa forma de ser".

A lista inclui "a sabedoria, a inteligência, as aptidões manuais, artísticas e/ou musicais, o sentido de humor, as habilidades...", enumera o especialista português. "Se a autoestima depender muito de características externas, como é o caso do dinheiro, do estatuto, da aprovação social e da aparência, etc., vai variar em função de correspondermos (ou não) às expetativas sociais", refere ainda o psicólogo.

Como é que a autoestima influencia a perda de peso?

Nos dias de hoje, a imagem conta muito. Muitas vezes, mais do que deveria. Por outro lado, se não tivermos o corpo ideal, podemos sempre melhorá-lo com actividade física ou, simplesmente, valorizar um sorriso atraente ou um olhar profundo, sem nos obcecarmos com o físico. Até porque se a autoestima assentar no físico, vai ser sempre frágil, uma vez que o corpo, até o mais bem feito, se deteriora com o passar do tempo.

O bom seria cuidarmos da nossa saúde mas, ao mesmo tempo, aceitarmo-nos como somos, com qualidades e defeitos. "A nossa autoestima não pode depender daquilo que a sociedade definiu como atraente. Esta procura de uma imagem física ideal, que alimenta uma grande indústria, só nos dá uma sensação efémera de satisfação", sublinha o especialista, habituado a lidar com pessoas que sofrem deste problema.

Apenas a aceitação do nosso corpo como ele é e não colocar condições que impeçam um autoconceito positivo, materializado através de frases como "Só vou ser feliz quando pesar menos seis quilos", por exemplo, pode alicerçar uma boa autoestima. Mas manter uma autoestima forte exige esforço. Implica fazer aquilo que gostamos e que pode ser bom para nós, "melhorando e aprendendo a cada dia", explica o psicólogo.

Para além disso, lembre-se de que, segundo os especialistas, é perfeitamente possível libertarmo-nos do aspeto físico sem cair nas pressões sociais, dado o nosso autoconceito não ser unitário. Se tivermos uma imagem positiva, social, laboral ou familiar, o facto de não termos um físico privilegiado pode ficar relegado para segundo plano. Na teoria, compreendê-lo é fácil mas, em termos práticos, nem sempre é assim.

Quanto maior a autoestima menos os quilos?

Ponha em prática estas premissas que vão reforçar a sua autoestima, ajudando-o a alcançar um peso razoável sem cair em obsessões nem ansiedade desnecessárias. Estas são as cinco estratégias a adotar para conseguir atingir esse objetivo.

1. Aprenda a reconhecer a verdadeira fome

Quando sentir o estômago vazio, coma uma pequena quantidade e controle-se. Veja até que ponto tem fome. Pode ser apenas uma necessidade emocional insatisfeita, de aborrecimento ou inconformidade, que o leva até ao frigorífico.

2. Se perder o controlo, não o corrija com comida

É habitual recorrermos ao frigorífico perante determinadas situações. É um erro, pois serve apenas para reduzir ainda mais a autoestima. Coloque-se interrogações como "Por que razão permito que isto me afete tanto?", "Como reagiria um amigo meu diante desta situação?" ou ainda "Como posso ultrapassar este momento?", por exemplo.

3. Emagreça porque, de facto, quer fazê-lo

Não se deixe levar pelos outros nem pela pressão social. Se quiser perder peso, faça-o por opção pessoal e não por imposição ou castigo.

4. Avalie os esforços em vez de se focar sempre nos resultados

Deixe de lado a avaliação do seu físico e comece a pontuar as coisas que faz diariamente.

5. Aja sempre em conformidade com o lema que defende que querer é poder

É um empurrão de energia para que a sua força de vontade e autoestima cresçam e a ansiedade desapareça, asseguram muitos especialistas nacionais e internacionais.

Texto: Madalena Alçada Baptista