1. A fibromialgia é uma doença reconhecida internacionalmente

É definida pela associação de dor crónica generalizada, nos músculos e articulações, cansaço acentuado ou extremo, perturbações do sono, dores de cabeça e de barriga, perturbações da concentração e memória, tendência à depressão e ansiedade.

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2. A fibromialgia não determina anomalias visíveis nem alteração das análises e outros exames

Não se observam quaisquer alterações no corpo dos doentes com fibromialgia, embora haja dor com múltiplos movimentos ou à pressão local, ainda que ligeira. As análises e radiografias são integralmente normais, a menos que haja outra doença associada. Isto contribui para a dificuldade do diagnóstico, levando a que muitos doentes circulem durante anos entre várias especialidades médicas, sem diagnóstico.

3. O doente com fibromialgia tem múltiplas fontes de sofrimento

Para além das dores e do cansaço, que podem ser muito intensos, sobretudo de manhã, o doente tem as noites perturbadas por um sono agitado e não repousante. O cansaço e as dificuldades de concentração diminuem a sua performance no trabalho e na família, acrescentando o sofrimento pela crítica dos outros e sobretudo pela auto-crítica, alimentada pelo espírito tipicamente perfecionista destes pacientes. Dores de cabeça e de barriga, cólon irritável, dores na relação sexual e falta de ar estão entre os sintomas adicionais comuns agravados por um contexto psicológico com níveis elevados de ansiedade, irritabilidade, insatisfação e perfecionismo.

O atraso no diagnóstico e a incompreensão, quando não desconfiança, dos outros, perante a doença que não se vê aumenta significativamente o peso da doença.

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4. A dor e o sofrimento do doente com fibromialgia são reais

A investigação científica não deixa lugar para qualquer dúvida sobre isso: o cérebro dos doentes com fibromialgia é indistinguível dos outros quando processam uma dor que descrevem como de igual intensidade. O que se passa é que os doentes com fibromialgia sentem essa dor com muito menos estímulo dos que as pessoas normais. Os cérebros destes doentes amplificam a dor de forma anormal. O mesmo sucede com outros estímulos como os cheiros e o ruído, que são geralmente mais desagradáveis para os portadores de fibromialgia

5. A fibromialgia pode ser profundamente incapacitante

A intensidade e impacto dos sintomas varia muito de uma pessoa para outra e, na mesma pessoa ao longo do tempo. As fases de agravamento podem ser muito dificilmente toleráveis pelos doentes apesar da sua determinação em manter-se ativos e úteis. Nis casos mais graves, os doentes podem ficar incapazes de se levantar ou trabalhar por mais do que algumas horas por dia e ver-se forçados a usar auxiliares para a vida diária, incluindo cadeiras de rodas.

6. A fibromialgia é uma doença muito frequente, especialmente em mulheres

Cerca de 4ª a 6% das mulheres adultas, por todo o mundo, são afetadas por fibromialgia. O mesmo sucede com cerca de 1% dos homens adultos. Isto dá à fibromialgia a dimensão de um grande problema de saúde, com enorme impacto individual, social e económico.

A razão para esta disparidade entre os sexos não é completamente compreendida mas poderá explicar-se, em parte, pela diferença no processamento da dor pelo cérebro masculino e feminino, a maior tendência das mulheres à depressão e ansiedade, e ainda à exigência colocada pelos múltiplos papéis sociais e familiares da mulher.

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7. A causa da fibromialgia é desconhecida

Sabe-se que o cérebro das pessoas com fibromialgia reage de forma anormalmente acentuada a estímulos periféricos, desencadeando dor em circunstâncias em que isso, normalmente, não aconteceria. Não se sabe, contudo, se essa anomalia é a causa primária da doença ou se representa apenas um reflexo de uma causa mais profunda. Existe evidência de predisposição genética para fibromialgia, através de genes ligados à modulação da dor. Um grupo de investigadores portugueses (JAPS??) propôs recentemente um modelo inovador, segundo o qual a personalidade e a história de vida podem ser determinantes: uma vida cronicamente mais agressiva, ou sentida como tal, causaria um estado hipersensibilidade do cérebro à dor e outras potenciais agressões.

8. O stress tem um efeito nefasto decisivo na fibromialgia

Quase todos os doentes com fibromialgia descrevem que os episódios ou períodos de maior stress, tristeza, preocupação, angústia são seguidos de agravamento das dores, cansaço e outros sintomas da fibromialgia. Frequentemente essa relação é reconhecida como decisiva. Os doentes com fibromialgia tendem a ter um perfil psicológico próprio, caracterizado por grande exigência e perfeccionismo, preocupações permanentes e ruminativas e dificuldade em estar relaxado em repouso. O stress é, nestas condições, uma companhia quase constante, sendo, por sua vez, agravado pelas dores e o cansaço. O círculo vicioso negativo tende a perpetuar-se.

9. O tratamento atual é pouco eficaz e pouco acessível

O tratamento medicamentoso atualmente proposto é baseado no uso de antidepressivos, anti-epilépticos e relaxantes musculares. Não será por acaso que todos têm efeitos sobre a ansiedade. Os analgésicos e anti-inflamatórios podem ser úteis por curtos períodos de tempo. Os opióides estão contraindicados. Os feitos da medicação são, em média, muito pouco satisfatórios e os efeitos adversos não são raros. O exercício físico regular tem efeitos benéficos demonstrados.

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A psicoterapia, em diferentes modalidades está entre a intervenções mais promissores. Contudo, os profissionais credenciados para estas modalidades não abundam e o acesso é difícil para maior parte das pessoas.

10. A felicidade como “arma terapêutica” na fibromialgia

Tanto os estudos científicos como a prática clínica tornam muito claro que é fundamental diminuir os níveis de stress e ansiedade dos doentes com fibromialgia para conseguir controlar a doença e o seus sintomas. É isso que justifica, em boa medida, o efeito dos medicamentos e do exercício físico. É esse o objetivo nuclear das técnicas de psicoterapia que têm mostrado eficácia: promover a harmonia interior, o bem-estar emocional, o controlo das emoções disruptivas, numa palavra: promover felicidade. Há muitas formas de o fazer, sem medicação. É aqui que reside a esperança e o poder decisivo que o doente pode ter sobre a sua doença.