Os casos de cancro da próstata têm vindo a aumentar. Em Portugal são diagnosticados todos os anos mais de 6.000 casos de cancro da próstata, sendo o segundo tipo de cancro mais frequentemente nos homens. Naquele que é o mês da saúde do homem, importa sensibilizar para a prevenção e deteção precoce desta patologia.

Nunca é demais lembrar que este tumor pode evoluir de uma forma silenciosa e que um acompanhamento médico regular é essencial para detetar precocemente esta doença.

O que é e como se manifesta?

Ocorre quando as células da próstata sofrem alterações no seu genoma (ADN), que não morrem quando envelhecem ou se danificam e produzem novas células, que não são necessárias, de forma descontrolada.

O comportamento do cancro da próstata não é sempre igual. Na verdade, existem vários tipos de cancro da próstata, que podem ser de progressão lenta ou mais agressiva, o que implica que haja tratamentos diferentes.

Esta doença costuma ser assintomática durante bastante tempo. Geralmente, inicia-se na zona periférica da próstata, não causando quaisquer sintomas até uma fase muito avançada. No entanto, deve estar atento e no caso de presenciar sintomas como: dificuldade em urinar; dor ou ardor durante a micção ou necessidade de urinar frequentemente durante a noite, presença de sangue na urina deve procurar de imediato o seu médico assistente.

O diagnóstico precoce, especialmente nos grupos de risco, não deve ser posto em causa, nomeadamente neste contexto de pandemia. É seguro ir ao hospital seja para realizar uma consulta, exame ou tratamento. O importante é não adiar, porque diagnósticos precoces salvam vidas.

Como se faz o diagnóstico?

Habitualmente o processo diagnóstico é despoletado após análises ao sangue que denotem aumento do PSA (antigénio específico da próstata) ou pela palpação de uma área suspeita no exame da próstata - o toque retal, sendo por isso  importante a desmistificação do preconceito em relação ao toque retal por parte de alguns homens. Contudo, é necessária uma confirmação histológica que se faz após a obtenção de fragmentos da próstata numa biópsia da próstata. Com a introdução recente de novos métodos de imagem como a ressonância magnética nuclear espera-se que o processo de diagnóstico de cancro da próstata seja melhorado, aumentando-se a deteção dos casos e ao mesmo tempo diminuindo-se o número de biópsias para se chegar ao diagnóstico.

Geralmente, o rastreio do cancro da próstata faz-se em homens com mais de 50 anos. Mas se houver história familiar de cancro da próstata (pai ou irmão com cancro da próstata, em particular se morreram devido à doença) o risco é maior, e é mais prudente começar uma vigilância mais cedo, por volta dos 40 anos.

Depois de confirmado o diagnóstico de cancro da próstata, procede-se geralmente à realização de outros exames para saber se a doença está localizada ou disseminada (exames de estadiamento), porque os tratamentos são diferentes consoante a fase da doença.

Existe tratamento?

Atualmente a maior parte dos doentes são diagnosticados numa fase localizada, muito precoce e hoje dispomos de várias alternativas terapêuticas, que permitem ao doente com cancro da próstata optar por uma decisão informada e olhar para o futuro com esperança.

Há vários tratamentos disponíveis no caso da doença localizada. Os tratamentos mais frequentes são a cirurgia e a radioterapia,  mas existem outras opções, como a braquiterapia (inserção de “sementes” radioativas no interior da próstata), ou mesmo a vigilância activa. Esta escolha deve ser feita após uma informação ao doente e baseia-se em algumas características quer do tumor quer do doente. A evolução das técnicas cirúrgicas e da tecnologia aplicada na radioterapia e nas várias opções disponíveis tem-se refletido na menor incidência de complicações, nomeadamente disfunção eréctil e incontinência urinária.

No caso de a doença estar mais avançada, temos assistido na última década a uma profunda mudança nas terapêuticas disponíveis, com resultados muito promissores quer na melhoria da sobrevida quer na qualidade de vida. Para este panorama, muito tem contribuído a introdução de medicamentos inovadores, além da quimioterapia.

Em caso de dúvidas, o médico assistente irá esclarecer e aconselhar a melhor opção terapêutica mediante cada caso.

Um artigo do médico urologista Carlos Martins da Silva.