Com sintomas pouco específicos, a LMA pode ser confundida com outras doenças, incluindo doenças infeciosas como gripe ou COVID-19. É por isso crucial estar atento aos sintomas e fazer um diagnóstico correto de forma a dar uma resposta atempada. Afinal, a LMA é a mais comum das leucemias agudas do adulto e é responsável por cerca de 25% dos casos de leucemia.

A LMA afeta tanto adultos como crianças mas a sua incidência aumenta com o envelhecimento e a sobrevivência pode ser limitada. Conhecem-se hoje múltiplas alterações genéticas nesta doença, que ajudam a caracterizá-la e podem ter impacto nas escolhas terapêuticas. Por exemplo, aproximadamente um terço dos doentes terá uma mutação no gene FLT3, o que poderá resultar numa progressão mais rápida da doença, com mais taxas de recaída e menor sobrevivência que outras formas de LMA. A caracterização genética é hoje parte importante dos estudos iniciais da doença e contribui para garantir que os doentes tenham maior probabilidade de sobreviver.

Existem vários testes que examinam as células sanguíneas e a medula óssea e que podem detetar e diagnosticar a LMA: análises de sangue, morfologia da medula óssea, estudos citogenéticos, imunofenotipagem, estudos moleculares. O exame inicial é geralmente um teste de sangue,, utilizado para verificar o número de células sanguíneas anormais usando um microscópio e os níveis das restantes células. Um exame de sangue com dados anormais pode sugerir um diagnóstico de leucemia e será necessário proceder a outros testes.

O tratamento, na maioria dos casos, passa por quimioterapia que envolve o uso de medicamentos para destruir as células sanguíneas anormais da leucemia, com o objetivo de induzir a remissão da doença. Este é realizado em duas fases principais – indução e consolidação. Em casos selecionados  o transplante hematopoiético é outra terapia é eficaz, estando em desenvolvimento mais recentemente terapias-alvo focadas em defeitos genéticos ou proteínas específicas das células leucémicas, imunoterapia e outros novos tratamentos ainda em fase de ensaio clínico.

Tudo o que precisa de saber sobre a LMA durante a pandemia do COVID-19: 

  1. Os doentes com LMA que não apresentam sintomas e não estão sob tratamento ativo devem discutir alternativas às visitas clínicas com o seu médico especialista. Existem várias questões que podem ser discutidas via telefone ou por meio de uma visita de telemedicina.
  2. Os doentes que estão em tratamento ativo, incluindo terapias de suporte como as transfusões devem continuar a comparecer às consultas agendadas, a menos que exista informação contrária. E, em caso que qualquer sintoma como tosse, febre, diarreia ou calafrios, devem entrar em contacto com o seu médico ou com a linha direta de enfermagem para obter instruções antes de se dirigirem a um hospital ou centro de saúde.
  3. Os doentes com LMA devem evitar deslocações desnecessárias, minimizar o contacto com multidões, proceder à lavagem vigorosa das mãos, evitar o contacto com qualquer pessoa com sintomas respiratórios – ou seja, cumprir escrupulosamente as normas de isolamento social atualmente preconizadas para a população portuguesa.

As explicações são da médica Maria Gomes da Silva, diretora do Serviço de Hematologia Clínica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa e membro da APCL.