Apesar de, nos dias que correm, o foco mediático se centrar neste novo agente infeccioso, reveste-se de particular importância não menosprezar as restantes patologias e co-morbilidades, que acarretam um decréscimo substancial na qualidade de vida de cada indivíduo.

É com base neste pressuposto, que não se deve deixar para segundo plano o seguimento e acompanhamento pelo médico assistente de cada um, de patologias crónicas tão prevalentes na nossa população, tendo como exemplos paradigmáticos Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Dislipidémia, entre outros fatores de risco cardiovascular.

Doentes crónicos exigem cuidados especiais

O adiamento das consultas regulares por parte dos doentes crónicos durante os últimos meses levou a que estas doenças não fossem devidamente controladas e daí podem advir complicações graves. É, por isso, fundamental retomar estas rotinas de acompanhamento médico com a maior brevidade possível, para que possamos atenuar os riscos e o impacto negativo deste inverno que se prevê particularmente desafiante para estes doentes.

Aqueles que sofrem de patologias respiratórias crónicas como a asma, doença pulmonar obstrutiva crónica, bronquite crónica, entre outras, devem ter cuidados redobrados uma vez que se estas doenças não estiverem controladas constituem-se como fatores de risco para o desenvolvimento de complicações associadas à gripe sazonal e à COVID-19. Assim, é essencial que estas patologias estejam estabilizadas e para isso deve procurar o seu médico para se aconselhar devidamente e realizar exames que permitem acompanhar o estadio da doença e reajustar a medicação se necessário.

Outro aspeto fundamental para os doentes crónicos é o cumprimento rigoroso da medicação prescrita. É muito importante a toma correta da sua medicação habitual e sem interrupções.

Mantenha a vigilância de outras patologias

Da mesma forma, deve manter-se ênfase na vigilância e rastreio de outras patologias graves, nomeadamente do foro oncológico, através de avaliações periódicas, e recurso a meios complementares de diagnóstico adequados para cada situação. A detecção precoce de uma patologia pode ter influência determinante quanto ao seu prognóstico.

Vacine-se

Reforçando o tema da prevenção, a aposta na vacinação (vacina contra Gripe, vacina anti-Pneumocócica – esta última contra agente causador de pneumonia), à semelhança do que se tem verificado em anos anteriores, mantém-se como importante recomendação da Direção Geral da Saúde, sobretudo em doentes portadores de patologias crónicas do foro respiratório, cardiovascular, renal, imunocomprometidos.

Não tenha receio

Apesar do compreensível receio de contágio com o vírus responsável pela doença COVID-19, é importante salientar que as unidades de saúde apresentam circuitos e protocolos distintos, preparados com vista a garantir a máxima segurança tanto dos utentes como dos profissionais envolvidos.

Neste sentido, é fulcral relembrar de que em caso de necessidade, não deve ser adiado o recurso às unidades de saúde, sob pena de agravar uma condição pré-existente, bem como a ocorrência de quadros graves ou irreversíveis. Se apresentar sintomas diferentes dos habituais, de instalação aguda, ou tiver uma sensação de mal-estar generalizado, não adie e procure ajuda médica de imediato.

Um artigo do médico Filipe Filipe, especialista em Medicina Interna do Hospital CUF Santarém