A psoríase é considerada uma doença que vai para além da pele, associada a múltiplas comorbilidades, ou seja, doenças que co-existem com esta patologia, como cardiovasculares, intestinais ou psicológicas.

Apesar de atualmente o conhecimento sobre a psoríase ser vasto, ainda existe falta de informação ou mesmo desinformação por parte da sociedade e doentes. Aliás, esta situação foi identificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos principais problemas associados à doença, devido ao impacto psicossocial que acarreta.

O que é a psoríase?

A psoríase é uma doença que se caracteriza por lesões vermelhas e descamativas localizadas nos cotovelos, joelhos, região lombar, couro cabeludo e unhas. Em cerca de um terço dos casos, os doentes desenvolvem uma forma de doença reumática articular, designada de artrite psoriática.

Pela visibilidade das lesões e sintomas associados, compreende-se que seja uma doença com um marcado impacto físico e psicológico, com consequente diminuição da qualidade de vida dos doentes.

Na realidade, está demonstrado desde há vários anos que o seu impacto na qualidade de vida é superior ao de muitas outras patologias habitualmente consideradas mais graves, como o cancro, a diabetes ou a doença cardiovascular.

Os mitos

Existem vários mitos relativamente à psoríase e dois deles são particularmente negativos para os doentes por promoverem a sua estigmatização e isolamento social.

"A psoríase é contagiosa?"

Nada poderia estar mais incorreto do que estas questões. A psoríase é uma doença inflamatória, imunológica, não infeciosa, e por isso não contagiosa.

"A psoríase é causada por falta de higiene?"

Sabe-se que a psoríase é causada pela combinação de fatores genéticos (predisposição genética) e certos fatores ambientais, como o stress, fármacos ou certas infeções, pelo que a higiene da pele em nada interfere com a doença.

"A psoríase não tem cura" 

A psoríase é uma doença que ainda não tem cura. No entanto, com os tratamentos atualmente disponíveis é possível a resolução completa ou quase completa das lesões de pele na grande maioria dos doentes, permitindo devolver a qualidade de vida perdida com a doença.

"Os meus filhos podem vir a ter psoríase"

Relativamente à possibilidade de os descendentes desenvolverem psoríase, tendo esta doença uma base genética, existe naturalmente uma maior predisposição para o desenvolvimento de psoríase em filhos de doentes com psoríase. No entanto, esta probabilidade não é elevada, pelo que não deve ser um motivo de preocupação.

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Por fim, existem vários outros mitos, mais triviais, mas que preocupam os doentes, relacionados com a alimentação, exposição solar ou hábitos de vida.

É sobejamente conhecido o efeito positivo e terapêutico da exposição solar, que não deve deixar de ser cuidada, assim como o efeito negativo de certos hábitos de vida como o tabagismo ou o consumo de álcool. Pelo contrário, não existe evidência no sentido de promover um tipo de dieta em detrimento de outra, ou a evicção de certos alimentos.

Resumindo, existe ainda um longo caminho a percorrer na desmistificação de muitas ideias que envolvem a psoríase. No entanto, este trabalho é fundamental para diminuir o impacto psicossocial da doença e melhorar a qualidade de vida dos doentes com psoríase.

As explicações são do médico Tiago Torres, especialista em Dermatologia e Professor Auxiliar Convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.

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