Eis algumas perguntas e respostas sobre o novo coronavírus, denominado temporariamente 2019-nCoV, com base em informações do Centro Europeu de Controlo de Doenças e da Organização Mundial da Saúde:

+++ O que são coronavírus? +++

São uma larga família de vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias. Os coronavírus podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos. Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.

+++ O que é o novo coronavírus da China, com o nome 2019-nCoV? +++

Trata-se de um vírus da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS - que provocava pneumonias atípicas e atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente, em 2012. Tem características genéticas semelhantes às da SARS.

+++ Pode ser comparável à SARS de 2003 ou à gripe sazonal? +++

A SARS provocou mais de 8.000 infetados em 33 países durante oito meses e uma em cada dez pessoas morreu da doença.

O novo coronavírus já infetou três vezes mais pessoas, mas os dados preliminares apontam para uma menor taxa de letalidade, que rondará os 2% a 3%, no momento.

Em comparação com o vírus da gripe, o 2019-nCoV, apesar de apresentar sintomas semelhantes, tem características diferentes. Anualmente, cerca de 40 mil pessoas na região europeia morrem prematuramente todos os anos decido a causas ligadas à gripe sazonal. A Europa ainda não registou nenhuma morte pelo novo coronavírus.

Até hoje, há reportados mais de 20.600 casos em mais de 20 países e 427 mortes, apenas uma delas fora da China, nas Filipinas.

+++ Qual o modo de transmissão? +++

Os animais são a fonte primária de transmissão, mas já está confirmada a transmissão entre seres humanos. Ainda não há informação suficiente sobre as formas exatas de transmissão entre humanos. O vírus parece ser transmitido por via respiratória, através da tosse ou secreções de pessoas infetadas.

O período de incubação está estimado entre dois a 12 dias, podendo ir até 14 dias. Há indicação de que pode haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.

+++ Quais os sintomas? +++

Os principais sintomas são respiratórios e podem ser comuns ou semelhantes a uma gripe: febre, tosse, dificuldade respiratória, dores musculares e cansaço. Há doentes que desenvolvem pneumonia viral e até septicemia.

+++ Há grupos de maior risco? +++

Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pelo coronavírus. Contudo, pessoas mais velhas ou com doenças crónicas (como asma ou diabetes) parecem ser mais vulneráveis a ter doença grave quando infetadas. As autoridades destacam contudo que não há ainda informações suficientes para definir as pessoas atacadas de modo mais severo.

+++ Há tratamento ou vacina? ++++

Não há tratamento específico para este novo coronavírus, por isso têm sido tratados os sintomas, através de tratamento de suporte (como oxigénio) e antivirais existentes no mercado, mas não específicos. Não há também ainda vacina específica e as vacinas atualmente disponíveis contra as pneumonias não protegem deste coronavírus.

+++ Quando se deve fazer o teste específico para o novo coronavírus? +++

Na presença de sintomas de doença respiratória e se nos 14 dias anteriores o doente esteve numa região afetada ou em contacto com pessoas infetadas pelo 2019-nCoV.

As autoridades portuguesas recomendam que se contacte o SNS24 – 808 24 24 24 – no caso de ter sintomas e ter estado em contacto com doentes e numa região afetada.

+++ Como se pode prevenir? +++

A prevenção passa essencialmente por medidas de higiene e etiqueta respiratória: lavagem frequente das mãos, evitar contacto próximo com pessoas com febre ou tosse e ao tossir ou espirrar fazê-lo não para as mãos, mas antes para o cotovelo ou antebraço ou para um lenço que deve ser de imediato descartado.

Deve ainda evitar-se contacto direto com animais vivos em mercados ou áreas afetadas por surtos e o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos.

+++ É recomendado o uso de máscaras? +++

As máscaras de proteção ajudam a prevenir a disseminação de infeções e ajudam a proteger quem está doente. Mas o uso de máscaras não parece ser eficiente para quem não está doente.

+++ Pode-se viajar? São aconselhadas viagens para a Ásia? +++

Os casos de doença reportados fora da China são considerados ainda esporádicos pelas autoridades de saúde. O risco de ser infetado nos restantes países asiáticos é ainda baixo. A OMS não estabeleceu também restrições nas viagens para a China.

+++ Não está a haver controlo de passageiros provenientes da China. Porquê? +++

A evidência científica mostra que a verificação de passageiros nos aeroportos de entrada não se tem revelado efetiva a prevenir a disseminação de vírus. Isto ocorre especialmente em casos em que a doença pode estar presente antes de haver sintomas desenvolvidos ou nos casos em que os sintomas são comuns a várias doenças. É considerado mais eficaz fornecer informação aos passageiros sobre como devem proceder em cada país caso desenvolvam sintomas.

+++ Pode-se receber cartas ou encomendas da China? +++

- As autoridades de saúde indicam que é seguro receber encomendas e cartas, porque as análises feitas demonstram que o coronavírus não sobrevive muito tempo em objetos como envelopes ou pacotes.

O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) destaca ainda que não há também evidências de contaminação de produtos alimentares importados para a União Europeia, nem casos reportados de transmissão do novo coronavírus através dos alimentos.

Contudo, há restrições e controlo à importação de animais vivos.

+++ Qual o risco para cidadãos europeus? +++

O ECDC considera que existe, neste momento, uma probabilidade “moderada a elevada” de importação de casos nos países da União Europeia/Espaço Económico Europeu (UE/EEE). A probabilidade de transmissão secundária na região, desde que sejam cumpridas as práticas de prevenção e controlo de infeção adequadas, é tida como baixa.