Se sente que está a ser vítima de assédio sexual, não demore demasiado tempo a reagir. Confrontar o assediador é a primeira coisa a fazer, recomendam os especialistas. Diga abertamente ao agressor que não gosta das suas atitudes, procurando demovê-lo. Segundo Daniel Cotrim, psicólogo da Associação Portuguesa de Apoio à Vitima (APAV), deve também "evitar locais ou momentos em que possa estar sozinha com ele".

"Se o trabalho implicar áreas para mudança de roupa, deve estar sempre acompanhada se tiver de o fazer", recomenda ainda este especialista. Partilhar o que está a acontecer consigo com pessoas da sua confiança é outra das ações a empreender. Isolar-se é o pior que pode fazer. Conte o que se está a passar a familiares, ao seu companheiro, a amigos e/ou colegas de trabalho em quem confie, pedindo-lhes que estejam atentos.

Se se tratar de um colega de trabalho, informe logo a entidade patronal. Pode dar-lhes conhecimento da situação através de carta registada com aviso de receção. Procurar ajuda também é essencial nesta fase. Apresente queixa à Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego (CITE), dirija-se à APAV, à Comissão para a Igualdade e para os Direitos da Mulher (CIDM) ou ao seu sindicato, mesmo que não seja sindicalizada.

Embora o assédio sexual (ainda) não esteja tipificado como crime na nossa legislação, ofensas relacionadas com essa situação, como é o caso de violação, de coação sexual, de ameaça e/ou de difamação, são puníveis por lei. Reúna elementos que possam constituir prova, como presentes e bilhetes, mas não tente filmar ou gravar conversas. Segundo Daniel Cotrim, "por um lado, nada disto funciona como prova em tribunal", refere.

"E, por outro, a mulher estará a pôr em risco a sua vida. Esse tipo de situação pode mesmo virar-se contra ela. Ele pode vir a acusá-la de ter sido ela a aliciá-lo", adverte ainda o psicólogo. Em Portugal, o problema tem vindo a aumentar. De acordo com o Ministério Público, em 2018 foram abertos 903 inquéritos por importunação sexual, crime no qual se inclui o assédio, mais 33 do que em 2017, mais 36% do que em 2016.