O estudo acima mencionado, da responsabilidade da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), diz respeito à temática do Burnout ou Exaustão Profissional. Esta síndrome é uma condição real e que tem cada vez mais relevância no nosso país. Os sintomas podem ser cansaço frequente, falta de motivação para ir trabalhar, ansiedade marcada face ao trabalho, perturbações a nível do sono, oscilações de humor ou problemas de concentração.

Um em cada três trabalhadores está em risco de burnout. Conheça as profissões de perigo
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Neste estudo, três em cada 10 trabalhadores afirmaram-se emocionalmente cansados do trabalho mais do que uma vez por semana e 35% revelaram sentir-se exaustos com a mesma frequência. Ainda, cerca de um terço dos inquiridos revelou que a profissão afeta negativamente a sua qualidade de vida e 35% afirmaram o mesmo em relação à saúde.

Ser produtivo versus desfrutar de momentos de lazer

É frequente, em terapia, ajudar os pacientes a lidar com a pressão laboral que, em alguns momentos, pode ser excessiva ou difícil de gerir. As dificuldades na gestão da exigência laboral podem afetar outras áreas de vida da pessoa como a área pessoal ou familiar. Muitas vezes, a necessidade de um bom desempenho profissional, conjugado com as tarefas domésticas e ter de cuidar de outros significativos, pode levar à negligência da necessidade de ter tempo livre de qualidade consigo próprio.

O equilíbrio entre a necessidade psicológica "produtividade" (capacidade para realizar feitos valorizáveis) e "lazer" (capacidade para relaxar sem culpa associada, sentindo-se confortável com isso), contribui para o nosso bem-estar psicológico. Por outras palavras, quanto mais satisfeitos estivermos com o valor dos nossos feitos (da profissão/tarefas que desempenhamos), mais plenamente conseguimos desfrutar de momentos de lazer. Ao mesmo tempo, quanto mais formos capazes de desfrutar de momentos de descanso sem culpa associada (sem o pensamento perturbador de que deveríamos estar a desempenhar outra tarefa), mais capazes estaremos para realizar as nossas tarefas.

O auto-cuidado diário, além dos momentos de descanso como os fins de semana ou as férias, é fundamental para a prevenção de burnout e um contributo importante para o seu bem-estar.

O que pode fazer para cuidar de si?

“5 minutos” por dia para se dedicar a si: Não precisam de ser 5 minutos cronometrados porque, para alguns, inicialmente, até cinco minutos parecem muito no meio das tarefas e responsabilidades diárias. Devem, apenas, ser minutos em que se dedica a si através de comportamentos simples mas que o podem ajudar a sentir maior bem-estar (notar a água a cair no seu corpo no banho ou passar creme no corpo, por exemplo). O desafio passa por ir aumentando o tempo que dedica a si mesmo/a.

Atividade prazerosa: É importante que nos momentos de lazer se possam realizar atividades prazerosas como o exercício físico ou atividades relaxantes, artísticas ou outras com as quais se identifique;

Ter um estilo de vida saudável: No estudo acima apresentado, quem segue um estilo menos saudável (fuma, consome álcool, recorre a drogas ilícitas e/ou dorme menos de seis horas por dia) parece em maior perigo de burnout do que quem tem hábitos de vida mais saudáveis;

Higiene do sono: O sono é decisivo para a nossa performance. Evitar a exposição a luz de ecrãs antes de deitar, não ver televisão até tarde, evitar a ingestão de estimulantes, tomar um banho quente e/ou ouvir uma música relaxante, podem ser algumas estratégias para melhorar a qualidade do sono;

Pausas regulares: Os intervalos são formas de repormos a energia e são importantes para o aumento da produtividade, concentração e motivação.

Identificar os fatores de stress: Após a sua identificação, pode ser benéfico discutir com os supervisores a possibilidade de os contornar ou tornar mais leves.

Maria Inês Galvão- Psicóloga clínica

Psinove – Inovamos a Psicologia