Numa publicação no ‘site’ de notícias da Universidade do Porto, o gabinete de comunicação do ISPUP avança que o estudo, publicado na revista Environmental Pollution, detetou níveis elevados de matéria particulada, “um dos poluentes do ar mais graves em termos de saúde pública”, no interior de várias habitações.

O estudo, que integra o projeto internacional NeoGene, avaliou, nos anos de 2018 e 2019, os níveis de matéria particulada no ar interior e na envolvente exterior de 65 habitações, com o intuito de identificar as características dos edifícios, bem como “as principais fontes de poluição”.

“Os investigadores constataram que a maioria das residências apresentava valores médios de PM2.5 [matéria particulada com um tamanho até 2,5 micrómetros] e PM10 [matéria particulada com um tamanho até 10 micrómetros] superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela legislação portuguesa”, lê-se na publicação.

Segundo o ISPUP, em 75% das casas os valores de PM2.5 excederam os valores limites, bem como em 41% das habitações, onde os valores médios de PM10 foram também superiores.

Nesse sentido, a investigação concluiu que o fumo do tabaco, a confeção de alimentos e o uso de velas são as fontes de emissão que “mais contribuem” para o aparecimento destas partículas ultrafinas no interior das habitações. Acrescem as emissões provenientes do tráfego automóvel e das atividades industriais que “contribuem de forma significativa para a concentração destas matérias no interior das casas”.

Além deste estudo, os investigadores do ISPUP conduziram outro, publicado na revista Science of the Total Environment, onde simularam a deposição destas partículas ultrafinas nos pulmões de mulheres e recém-nascidos que habitavam nas casas avaliadas.

Tal investigação mostrou que os recém-nascidos “inalam maiores quantidades de PM10 e PM2.5 e de partículas ultrafinas” quando comparados com os indivíduos adultos, sobretudo, por passarem “elevado tempo” dentro de casa e terem um baixo peso corporal.

Para Joana Madureira, também primeira autora deste estudo, as duas investigações mostram que “a poluição do ar interior continua a ter repercussões graves”, sobretudo no que concerne às partículas de menor dimensão que são as “que suscitam maior preocupação do ponto de vista da saúde”.

“É, por isso, necessário evitar e prevenir e reduzir as fontes de emissão de partículas, minimizando a exposição a matéria particulada”, afirmou a investigadora.

Apesar de “existirem poucos estudos epidemiológicos sobre as partículas ultrafinas, os indícios sobre os seus efeitos nocivos na saúde têm aumentado”, garante o instituto da Universidade do Porto.

O estudo contou também com a colaboração do Departamento de Saúde Ambiental do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e de um laboratório da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o LEPABE.