Na altura em que o SAPO foi criado, a vida era completamente diferente. Nos últimos 25 anos, o mundo sofreu uma enorme transformação que, em grande parte, se deve ao desenvolvimento da tecnologia. As inovações vieram abrir as portas a novas formas de agir e de pensar, a novas realidades e, até, a novos negócios. Recorde, de seguida, algumas das situações que, àquela época, eram inexistentes ou ainda muito incipientes e que, com o passar dos anos, revolucionaram o planeta.

1. Navegar na internet

Esta rede tecnológica global nasceu em 1991 mas, por cá, só generalizou uma década mais tarde. Ainda assim, existiam poucas páginas pelo mundo e quase ninguém possuía ligação à internet a partir de casa. Os que foram pioneiros recordar-se-ão, certamente, do barulho infernal e do tempo infindável que os modems demoravam a ligar. Organizações como a Associação Portuguesa de Jovens Jornalistas chegaram a promover cursos que ensinavam a usar a internet e a fazer downloads.

2. Ir de Lisboa ao Algarve em menos de três horas

Longe vão os tempos em que chegar ao sul do país demorava uma verdadeira eternidade. A A2, também conhecida como autoestrada do Sul, a via rápida rodoviária que liga Lisboa a Albufeira, no Algarve, ficou (finalmente) concluída em 2002, para gáudio dos muitos veraneantes que, em agosto, chegavam a demorar mais de cinco horas para completar um trajeto que hoje se faz em metade do tempo. O primeiro troço, entre Lisboa e Almada, tinha sido inaugurado em 1966 e alargado em 1996.

3. Casar com uma pessoa do mesmo sexo

O casamento entre pessoas do mesmo sexo, também chamado de casamento homossexual, não era permitido em 1995. Desde o começo do século XXI que 30 países permitem que indivíduos do mesmo género se casem no seu território. Em Portugal, apesar de inicialmente envoltas em polémica, estas uniões civis são celebradas desde 5 de junho de 2010. Na última década, realizaram-se 4.296 casamentos entre pessoas do mesmo sexo, 2.602 entre homens e 1.694 entre mulheres.

4. Pagar contas, taxas e impostos com o telemóvel

Ir ao banco ou à companhia de seguros, pagar a água e o saneamento básico ou mudar de empresa de eletricidade ou de operador de telecomunicações está, hoje, à distância de um clique ou de uma chamada telefónica. Em vez de ir para as filas (muitas vezes) intermináveis destas empresas ou organizações num horário pré-estabelecido que nem sempre é aquele que melhor lhe convém, pode fazê-lo online, a partir do seu computador ou tablet ou através de uma aplicação do seu telemóvel.

5. Conhecer pessoas à distância

As redes sociais, como o Facebook, o Twitter, o LinkedIn e o Instagram, só se massificaram na última década. Hoje, não conseguiríamos viver sem nos relacionarmos com os outros através destas aplicações. É através delas que damos a conhecer o que pensamos e o que andamos a fazer, que comunicamos com pessoas que conhecemos e, até, que estabelecemos contacto com pessoas que nunca vimos à frente.

25 coisas que (ainda) não podia fazer há 25 anos

São muitas as histórias de abordagens fortuitas nas redes sociais que acabaram em casamento ou amizade. No entanto, há 25 anos, passava-se mais tempo com familiares e amigos. É verdade que não era possível conhecer tanta gente nem saber-se o que se passava em grande parte do mundo mas a vida também era mais privada e, por conseguinte, havia menos problemas entre casais, famílias e amizades.

6. Enviar e receber correio eletrónico

Apesar do primeiro e-mail ter sido enviado pelo programador de computadores Ray Tomlinson norte-americano em 1971, há 25 anos, em Portugal, poucos tinham conta de correio eletrónico. Quando um amigo mudava de cidade ou de país, a única forma de contacto era por telefone fixo ou por carta enviada pelo correio.

Até para nos candidatarmos a um emprego, tínhamos que o fazer pessoalmente ou por carta registada. A resposta chegaria, mais tarde, por telefone ou também por carta. Ao contrário do que sucede nos tempos que correm, as caixas de correio eletrónico tinham uma capacidade de armazenamento muito limitada.

7. Combinar um encontro com um desconhecido através de uma app

As aplicações móveis de encontros para pessoas heterossexuais como o Tinder, o Meetic, o Cupid, o MatureDating, o BeNaughty, o be2, o Bumble e o Hinge, para mulheres lésbicas ou bissexuais como o Her, o Scissr e o Fem ou para homens homossexuais ou bissexuais como o Grindr, o Scruff ou o Growlr são uma realidade relativamente recente.

Antes de terem aparecido, a única forma de conhecer alguém era coincidindo nalgum lugar ou através de algum amigo em comum. Seria impensável, há 25 anos, encontrarmo-nos e sairmos com alguém totalmente desconhecido através de uma aplicação digital num dispositivo eletrónico mas, hoje, é assim que muitos casais se formam.

8. Fazer maratonas a ver as séries preferidas

Há 25 anos, não existiam plataformas digitais de distribuição de conteúdos como a Netflix, a HBO, o FOX Play ou o Disney Plus, que disponibilizam as temporadas completas das séries e os filmes das sagas cinematográficas, a par de concertos e documentários, a qualquer hora. Em 1995, acompanhar uma série implicava forçosamente esperar pelo episódio da semana e, na impossibilidade de o vermos aquando da exibição, a única hipótese era gravá-lo.

25 coisas que (ainda) não podia fazer há 25 anos

Nos tempos que correm, já não precisamos de esperar para saber o acontece a seguir. Podemos acompanhar de imediato as peripécias das nossas personagens favoritas do início até ao fim, desde que a série já tenha sido exibida e, nos casos em que estamos perante episódios inéditos, não somos obrigados a vê-los no momento em que são transmitidos pela primeira vez. Podemos recuar na box ou procurá-los nas plataformas de conteúdos digitais que subscrevemos.

9. Conversar através de um chat

Em 1995, não existiam, de forma generalizada, salas de conversação, aquilo a que hoje chamamos chats. As conversas eram, quanto muito, por telefone e pelo fixo. Se se queria conversar, mesmo durante o horário de trabalho, isso tinha que ser feito pessoalmente, normalmente nas áreas de refeição ou até mesmo nos cafés. Atualmente, há empresas que recorrem a esta forma para comunicar com os clientes que compram os seus produtos ou contratam os seus serviços.

10. Ter um telefone inteligente

Não existiam smartphones há 25 anos. Na realidade, eram poucos os que tinham acesso aos telefones móveis em 1995. Apenas os executivos de topo e os políticos, praticamente, é que os possuíam, já que eram equipamentos extremamente caros, grandes, pesados e pouco versáteis. Só na segunda metade da década de 1990 é que os telemóveis se começaram a massificar, mas os smartphones, que permitem muito mais do que telefonar, só chegaram com o novo século.

Atualmente, pode dizer-se, é o equipamento tecnológico com o qual o ser humano tem uma relação mais estreita. Para além de servir para comunicar, os telemóveis vêm hoje equipados com máquinas fotográficas de última geração, com calculadoras, com monitores cardíacos e com uma série de aplicações móveis que permitem uma infinidade de tarefas. Há quem os use para fazer compras, para reservar viagens, para efetuar pagamentos e até para liquidar impostos.

11. Pesquisar coisas em motores de busca

O Servidor de Apontadores Portugueses, a primeira designação do Serviço de Apontadores Portugueses Online, que viria a ficar conhecido pela sua sigla, SAPO, foi criado a 4 de setembro de 1995 pelo Centro de Informática da Universidade de Aveiro. Foi um dos pioneiros em termos de serviços globais a permitir a realização de pesquisas na internet, ainda antes do aparecimento do Google.

Esta empresa californiana nasceu, apenas, em 1998. Dois empreendedores americanos, Larry Page e Sergey Brin, conseguiram desenvolver um motor de busca (ainda) mais rápido dos que já existiam mas, quando o quiseram vender, ninguém o quis. Decidiram, então, lançá-lo por sua conta e risco. Hoje, é o mais utilizado em todo o mundo, dominando mais de 90% do tráfego das buscas online.

12. Ver um DVD e muito menos um disco Blu-ray

Não houve casa que não tivesse tido um leitor de DVD. Parece, mesmo, que estes dispositivos de visualização de filmes, séries, documentários e concertos nos acompanha desde sempre mas, na realidade, o DVD só nasceu em 1995 e apenas se começou a massificar a partir de 1996.

Ainda na viragem do século, eram muitos os lares que ainda utilizavam os velhos reprodutores de cassetes VHS. Em 2006, perderam algum protagonismo para o leitores de discos Blu-ray e também para as boxes e para as atuais plataformas digitais de distribuição de conteúdos.

13. Tirar fotografias digitais

As primeiras máquinas fotográficas digitais e as câmaras fotográficas digitais incorporadas nos telefones começaram a suscitar curiosidade apenas a partir do início do século XXI. No início, para além de serem muito caras, eram ainda de má qualidade. O grande furor deu-se com a massificação do uso de telemóveis e com o desenvolvimento de modelos de máquinas fotográficas mais (con)fiáveis, mais acessíveis e mais leves.

Antes disso, a fotografia analógica implicava a aquisição de rolos fotográficos, que não eram propriamente baratos, bem como a posterior revelação das fitas, um custo acrescido que hoje em dia não existe. Nessa altura, também não se tiravam tantas fotografias como hoje. Um rolo de 24 ou 36 tinha que durar para toda a viagem ou até para vários meses. Também não se conseguia perceber quando as fotos ficavam mal.

14. Ler um livro eletrónico

Os livros eletrónicos, os famosos e-books, são livros desenvolvidos e comercializados num formato especial para serem lidos em dispositivos tecnológicos, nomeadamente computadores, tablets, telemóveis e, também, e-readers, outra das palavras que não existiam em 1995.

25 coisas que (ainda) não podia fazer há 25 anos

Os leitores digitais só ganharam maior popularidade a partir da segunda década do século XXI. A Kindle, marca de e-readers criada pela Amazon, um dos mais populares leitores de livros eletrónicos do mercado, criado por Jeff Bezos, nasceu apenas nos finais de 2007.

15. Manejar um tablet

O primeiro iPad foi apresentado ao mundo em 2010. Assim que começou a ser vendido, converteu-se num fenómeno mundial e, hoje, graças ao uso generalizado dos tablets fala-se, mesmo, de um segundo ecrã. Na verdade, com estes dispositivos, tanto vemos televisão como procuramos informação como comentamos nas redes sociais, como fazemos com um telemóvel de nova geração. Muitos pais utilizam-no para manter os filhos ocupados, outra realidade impensável há 25 anos.

16. Utilizar lâmpadas de baixo consumo

Nos lares portugueses, em 1995, usavam-se as velhas lâmpadas incandescentes, que eram caras e geravam muito calor. Eram também muito pouco ecológicas, já que o seu consumo energético era elevado. Duravam, em média, entre 500 e 2.000 horas. As novas lâmpadas, luzes LED de baixo consumo, têm uma durabilidade até quatro vezes superior e são, felizmente, as mais comuns nas habitações portuguesas nos dias que correm.

17. Ver televisão em ecrãs planos

Já eram as estrelas das feiras de tecnologia no final da década de 1980 mas o seu preço era, na altura, incomportável para a maioria. A partir da segunda metade da década de 1995, apenas as pessoas com maiores rendimentos e os fanáticos indefetíveis da tecnologia é que se podiam dar ao luxo de adquirir estes aparelhos.

25 coisas que (ainda) não podia fazer há 25 anos

Os velhos televisores de grandes dimensões e peso, com o ecrã ligeiramente côncavo, só sofreram uma substituição massiva nos últimos 15 anos. Nos dias de hoje, comprar um ecrã plano tornou-se uma realidade comum. A tecnologia é que tem vindo a mudar. A 8K, que sucede à 4K e à UHD, é, atualmente, a mais evoluída.

18. Visualizar vídeos, filmes e documentários no YouTube

O maior site de partilha de vídeos do mundo, onde também encontra filmes, séries, documentários, espetáculos e programas de televisão, nasceu oficialmente a 14 de fevereiro de 2005 e, só no seu primeiro ano, alcançou dois milhões de visualizações por dia e 200.000 utilizadores regulares. E tudo isto com os constrangimentos da época, já que a plataforma não permitia uploads com mais de 100 megabytes e o download dos vídeos também não decorria à velocidade que ocorre hoje.

19. Fazer depilação definitiva

A fotodepilação ou a depilação a laser são, hoje, métodos banais a que que homens e mulheres recorrem para remover pelos corporais. Embora apelidada de definitiva, esta é, todavia, apenas duradoura. Bastante mais do que os métodos tradicionais utilizados há 25 anos, como era o caso das lâminas de barbear, das tiras de cera e até mesmo dos primeiros aparelhos de depilação elétricos. Hoje em dia, além dos modernos dispositivos que permitem remover pelos em casa, também são muitos os centros profissionais.

20. Encomendar digitalmente o seu prato preferido e recebê-lo em casa

Até há muito pouco tempo, a entrega de comida em casa, no trabalho ou em qualquer outro local era uma exclusividade dos estabelecimentos de comida italiana. As pizarias foram os primeiros estabelecimento de restauração a investir neste tipo de serviço. Na primeira década do novo século, algumas empresas lançaram-se na distribuição de refeições nos locais de trabalho.

25 coisas que (ainda) não podia fazer há 25 anos

As encomendas eram, na altura, inicialmente feitas por telefone e, mais tarde, por e-mail. Hoje, a partir de uma aplicação instalada no telemóvel é possível encomendar qualquer tipo de comida e de praticamente qualquer restaurante e recebê-la, depois, em casa. Atualmente, além de empresas como a Glovo e a Uber Eats, há restaurantes com serviços de entrega próprios.

21. Viajar de avião com bilhetes a partir de 5 €

O aparecimento de companhias de aviação de baixo custo, as chamadas low cost, vieram permitir que um (considerável) maior número de pessoas pudesse passar a usufruir de deslocações por via aérea a preços reduzidos. Na primeira década do século XXI, a expansão deste tipo de empresas foi exponencial massificando o turismo por todo o mundo. Há campanhas promocionais com bilhetes a 5 € e não são raras as vezes que se conseguem viagens de ida e volta por cerca de 50 €.

22. Separar o lixo para reciclar

Há 25 anos eram poucos os que já tinham esta preocupação. A Sociedade Ponto Verde, a empresa que tem a cargo a missão de gerir e de promover a seleção, recolha e reciclagem de embalagens em território nacional, que já contabiliza 23 anos, faz um balanço positivo quanto ao comportamento dos portugueses no que respeita à reciclagem mas alerta, todavia, que ainda há pessoas que não colocam o lixo que produzem nos ecopontos correspondentes.

23. Partilhar transportes

Nos últimos anos, surgiram em Portugal vários modelos de negócio de aluguer e partilha, conhecidos por sharing, de trotinetas, de bicicletas e até mesmo de automóveis. Esses meios de transporte são colocados à disposição do utilizador, mediante um pagamento, através de uma aplicação móvel, para utilização pública, durante períodos de curta duração.

Estas são algumas das opções de transporte ecológicas em que muitas autarquias têm vindo a apostar. Outra revolução foram os serviços de transporte particular de passageiros, como a Uber, a Bolt ou a Free Now, que também funcionam com recurso a uma aplicação e que permitem, também eles, a partilha de trajetos para reduzir o preço das viagens.

24. Mudar de sexo

A cirurgia de reatribuição de género, o procedimento cirúrgico que permite alterar as características sexuais/genitais de nascença de um indivíduo para as que estão tradicionalmente e socialmente associadas ao género que esse individuo reconhece como seu, foi outra das revoluções. Desde 1995 que as cirurgias de reatribuição de género estão previstas na lei portuguesa mas, na realidade, só começaram a ser realizadas em 1999, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

25. Recorrer a uma lavandaria self-service

O conceito não é novo. Em muitos países do norte e do centro da Europa e Estados Unidos da América, já conta com dezenas de anos, ao contrário do que sucedia em território nacional. Por cá, tem meia-dúzia de anos e, nos últimos três, conheceu um crescimento exponencial. Pegar na roupa e ir a uma lavandaria lavá-la e secá-la em máquinas de uso comunitário é uma nova realidade lusa. Há quem já não consiga viver sem elas, sendo as melhores amigas dos estudantes e dos que vivem sozinhos.

25 coisas que (ainda) não podia fazer há 25 anos