Oferecer flores no Dia da Mulher é um clássico. E, em 2022, ainda há quem pense que este dia é apenas sobre isto. A data que simboliza a luta das mulheres pela igualdade de género por muitas vezes é reduzida a menções automáticas ou floreados, que acabam por deixar de lado as conversas urgentes que deveriam acontecer.

Para marcar a data, o Shopping Center UBBO e a agência de publicidade FunnyHow, decidiram montar uma banca de flores especial. Quem conhecesse uma mulher que nunca foi assediada, que tenha o salário equiparado com o do homem para a mesma função profissional ou que nunca sentiu medo de andar sozinha na rua, poderia levar gratuitamente uma rosa para presenteá-la.

Estas eram apenas algumas das frases que acompanhavam as rosas e que marcam situações vividas diariamente pelas mulheres.

Sobraram centenas de flores, como pode ser visto neste vídeo.

Para quem ainda pense que esta não é mais uma realidade em Portugal, os dados não mentem. Segundo os indicadores de Igualdade de Género no país, em 2015, as mulheres, em média, trabalham no total 1 hora e 13 minutos a mais que os homens e chegam a ganhar até 26% menos do que eles.

Em abril de 2016, a presença de mulheres nos conselhos de administração das empresas do PSI 20, em Portugal, era de 14% frente a 86% de presença masculina. Sem contar que 80% das vítimas de violência doméstica no país são mulheres.

As rosas que permaneceram sem donas na banca montada no UBBO evidenciam que a luta pela desigualdade de género não tem sido um mar de rosas. E, pela primeira vez num centro comercial, houve mais conversa sobre a desigualdade do que flores oferecidas.

Para que o tema não fique restrito ao centro comercial, todas as rosas e suas respetivas etiquetas também foram para as redes sociais do UBBO. A pergunta que fica é, quem conhecerá uma mulher que não experienciou uma destas situações para enviar este florido story?

A intenção da ação é mostrar que a mudança na sociedade pode começar a partir de uma rosa e de uma conversa, para que cada vez mais mulheres possam ser presenteadas com flores sem ferir-se com os “espinhos sociais”.