Seja no momento em que saímos de casa dos pais, em que mudamos de cidade ou a família cresce, é muito natural existir esta questão. Contudo, a resposta não é assim tão linear. Vai sempre depender do contexto de cada indivíduo ou família.

Num momento em que o mercado imobiliário está no seu auge, esta decisão exige uma ponderação extra. A lei da oferta e da procura ditou o aumento dos preços, tanto em imóveis para venda, como para arrendamento. Por isso, antes de avançar com qualquer decisão, estude as duas vertentes faça as contas para perceber qual a melhor opção: se comprar ou arrendar.

Os custos na compra vs arrendamento

A verdade é que, por maior que seja a vontade de comprar uma casa, nem sempre é possível devido ao investimento elevado que é necessário numa fase inicial. Por exemplo, quem pretende comprar casa e precisa de pedir um crédito habitação, deve ter no mínimo 10% do valor do imóvel e contabilizar as restantes despesas (gastos notariais e de registo, o imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis, o imposto de selo e ainda outras comissões iniciais).

Por outro lado, quem pretende arrendar um imóvel apenas deve contabilizar o pagamento das cauções exigidas pelo senhorio e despesas como a água ou a luz. De resto, não tem que se preocupar com os custos associados a obras que possam ser necessárias em casa ou no prédio, com o condomínio ou com os impostos associados ao imóvel. E ainda pode deduzir 15% dos gastos com rendas até um máximo de 502 euros em sede de IRS.

As prestações mensais ao banco vs ao senhorio

Os custos iniciais podem ser mais elevados na compra do que no arrendamento, no entanto as prestações mensais de um imóvel arrendado podem ser bem mais elevadas do que aquelas que pagaria ao banco se tivesse contraído um crédito habitação. Isto porque se, por um lado, os juros estão historicamente mais baixos e já existem bancos a praticar spreads abaixo de 1%, por outro lado, a pouca oferta no mercado do arrendamento faz com que os preços subam.

Mesmo que recuemos no tempo, para um período de maior "normalidade" nos juros, as prestações do crédito habitação costumam ser mais baixas do que as rendas. Ainda assim, é preciso ter em atenção que os juros podem subir, sem "aviso prévio".

Estabilidade vs liberdade

No arrendamento, para além de estar a pagar todos os meses por uma casa que nunca será sua, também corre o risco de ver o seu contrato rescindido antes do tempo, influenciando assim a sua estabilidade familiar. Isto que pode ser um verdadeiro desafio, especialmente para quem tem família e filhos pequenos.

Portanto, se procura estabilidade e construir o seu próprio património, arrendar pode não ser a melhor opção. Ao comprar casa, mesmo que recorra ao crédito habitação, terminado o prazo do empréstimo, o imóvel é seu. Para além disso, ao ter um imóvel que é seu, poderá manter-se nele o tempo que quiser, não dependendo das dinâmicas do mercado nem de contratos com terceiros.

Por outro lado, se não lhe agrada a ideia de estar “preso” a uma casa, a um crédito habitação, a uma cidade ou até um país, o arrendamento vai dar-lhe essa liberdade e permitir que mude com mais facilidade. Deve apenas garantir que avisa o senhorio dentro do prazo definido no contrato e pode mudar de casa de forma fácil e sem grandes inconvenientes.

A verdade é que esta é uma decisão pessoal, onde pesam vários fatores além do financeiro. Deve sempre avaliar a sua situação e perceber qual a opção que se adapta ao seu contexto.