Licenciou-se em Sociologia e frequentou o Mestrado em Cultura, Comunicação e Tecnologias de Informação. Em 1995 teve uma experiência extraordinária em produção numa produtora de vídeo que trabalhava para televisão e em vídeos institucionais. Fez pré-produção, produção em gravações e guiões de temas e textos para voz-off.

O seu percurso profissional, como consultora de comunicação, começou em 1997 e esteve no mercado das agências de comunicação cerca de 20 anos, onde terminou com funções de diretora de contas e gestora de projetos.

Atualmente é uma profissional independente e dedica-se a funções de gestão nas áreas de Relações Públicas, Comunicação e Marketing, em setores como advocacia de negócios, imobiliário, saúde e tecnologia.

Em 2018 criou a marca ViewPoint a way of making PR, e instalou-se no espaço de coworking do Quarteirão das Artes, em Almada.

Quem é a Florbela Barão da Silva, empreendedora?

Sou uma mulher que vai à luta, que aprende com o erro e volta a tentar. Creio ter um espírito empreendedor que reconheci quando trabalhava por conta de outrem. Caracteriza-se por uma certa inquietude, curiosidade em descobrir, ser credível e querer ir mais além. Na última empresa onde trabalhei era aquela colaboradora que se oferecia para desenvolver e gerir a newsletter interna. Fiz voluntariado, enquanto trabalhava, a ensinar crianças a aprenderem a empreender na Junior Achievement.

Acredito que é algo que se pode ensinar e aprender. No meu percurso profissional sempre tive como referência e inspiração aquelas pessoas, principalmente mulheres, mas também alguns homens com quem tive oportunidade de trabalhar. Tive oportunidade de conhecer e de me relacionar com pessoas de várias áreas, o que me permitiu criar uma interessante rede informal de contactos. Gosto de pôr a minha rede de contactos ao serviço dos outros. Mas tento agora também colocar essa rede ao serviço do meu projeto de criação do próprio emprego. Credibilidade e confiança são competências interpessoais fundamentais. “A única pessoa que está destinada a tornar-se, é aquela que decide ser”!

Em determinado momento do teu percurso profissional deixaste um emprego por conta de outrem e enveredaste pela criação do teu próprio negócio. Como e porquê se deu esta transformação?

A mudança começou antes da decisão, no momento da formação da ideia na minha mente. Percebi que deveria mudar, numa primeira fase, quando a empresa atravessou uma fase difícil devido à crise e às mudanças de gestão. Posteriormente, numa fase mais amadurecida da ideia, creio que o facto de ter sido mãe e da dificuldade em poder trabalhar de forma flexível a partir de casa terá sido o que despoletou em mim essa necessidade de mudança.

Assistimos agora a um novo modelo laboral e começa a verificar-se uma maior abertura ao trabalho flexível. Alguns dados comprovam que gera mais produtividade. Na maior parte das vezes, a mudança implica estarmos de alguma forma insatisfeitos. As empresas trabalham com pessoas que têm um capital de valor, conhecimento e de experiência que deve ser valorizado e reconhecido. É tudo uma questão de reter talentos e know-how.

Para consolidar a minha decisão de mudança aconselhei-me com a família, com uma coach e uma terapeuta de Reiki.

O que conquistaste/perdeste com esta mudança de vida profissional?

A gestão do tempo passa a ser da nossa inteira responsabilidade. É mais fácil gerir o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal que não se dissociam um do outro. Mas por vezes a vida pessoal, nestas fases de mudança, começa a ganhar mais espaço e é preciso definirmos as fronteiras. Para mim foi fundamental encontrar um espaço que criasse uma separação casa-trabalho. E o espaço de trabalho partilhado é no meu caso o ideal.

Ganhei autonomia, liberdade, auto motivação e flexibilidade. Ganhei tempo para apostar no desenvolvimento pessoal e na formação contínua. O que perdi foi que agora as frustrações e as conquistas são vividas de forma mais solitária, sem ter com quem partilhar. Perdi o contacto regular com colegas da mesma área, um vencimento estável, seguro de saúde, subsídio de férias e Natal.

Há alguma coisa que mudarias na forma como fizeste este percurso ou consideras que geriste a transformação da melhor forma?

Nem sempre creio ter gerido da melhor forma, mas da melhor forma que sabia naquele momento. Descobri hoje que devemos ser generosos connosco e com o tempo que necessitamos para sermos os nossos agentes da mudança. Tive que aprender a saber aguardar pela decisão às propostas enviadas aos potenciais clientes. Estes processos demoram em média seis meses e são necessários mais do que um ou dois contactos. Existe ainda em Portugal algum preconceito cultural em relação aos profissionais independentes. Mas estes têm mais disponibilidade, flexibilidade e entrega aos projetos e clientes.

Hoje trabalhas como consultora em comunicação. Em que consiste e quem pode beneficiar deste tipo de consultoria?

Trabalho a gestão da reputação das marcas e empresas. Como profissional de Relações Públicas presto um serviço a startups e growups nas áreas da tecnologia, saúde e bem-estar, serviços jurídicos, imobiliário e turismo. Conto com uma rede de parcerias em modo colaborativo para me apoiar nos projetos de comunicação que precisam de ganhar ou reforçar a sua notoriedade e gerar mais visibilidade nos media (estratégia de comunicação e assessoria de imprensa).

A definição da estratégia consiste em planear os momentos e fases, criar conteúdos e alinhar as mensagens que se adequam aos diferentes públicos-alvo. Os canais de comunicação podem ser os meios próprios (blog, site, redes sociais, e-mail marketing), os meios adquiridos (media, comentários, opinião) e os meios pagos (brandcontent, links patrocinados, etc.) Ajudo as empresas a gerar ou reforçar a sua visibilidade através de um variado leque de serviços e valências desde a assessoria de imprensa, às relações públicas, conteúdos e planeamento de comunicação digital, organização de eventos e coordenação editorial de publicações internas.

5 aspetos essenciais que devemos ter em conta quando comunicamos em contexto profissional:

  1. Bom senso: É necessário em todas as áreas, mas em comunicação é fundamental. Saber o nosso lugar, o que é uma relação de parceria e o que não se deverá ultrapassar. Podemos criar proximidade, mas não excesso de informalidade. Saber utilizar as redes sociais como facilitador de comunicação, mas não de informalidade com os clientes ou jornalistas. Podemos estar à vontade, mas não “à vontadinha”.
  2. Mantermo-nos informados e atualizados: Quem trabalha em comunicação e tem contacto com pessoas, por exemplo com cargos na administração e direção de empresas, tem que estar informado porque a informação é a sua matéria prima. Saber manter uma conversa informal e cordial no início de uma reunião ou almoço. Manter-se atualizado sobre o contexto social, económico e político é importante. Os nossos interlocutores confiam em quem está informado e domina a atualidade.
  3. Preparação: A preparação é muito importante em tudo. Para falarmos em público e para uma reunião. Analisar e avaliar primeiro, pesquisar o que faz a concorrência para poder definir de forma faseada a implementação de ações e apresentar uma solução adequada.
  4. Linguagem cuidada e saber ouvir: Dar importância à forma como falamos e escrevemos, que deve ser correta, e dominar os termos das áreas de comunicação, jornalismo e marketing mas não cair na tentação dos estrangeirismos em excesso e do “marketês”.
  5. Simplicidade: Menos é mais, ou seja, ouvir antes de falar, não ceder à tentação de ter logo uma resposta e uma solução. Saber ouvir é também comunicar. Escuta ativa e atenção plena. Não cair no erro do simplismo.

Saiba mais sobre Mulheres à Obra aqui.