O aspeto emocional estará presente mais do que nunca nas decisões do consumidor. A Covid-19 está a deixar uma marca profunda nos seus hábitos, a maior mudança nas últimas décadas.

Acelerou tendências já existentes, mas também fixou novas preferências e prioridades, segundo o relatório Tendências do Consumidor 2021, elaborado pela LLYC, consultora internacional de gestão de reputação. O estudo indica como este novo tabuleiro e as novas regras do jogo mudam a relação do consumidor com as marcas.

A empatia das marcas será quase obrigatória para entender este novo consumidor, que leva quase um ano imerso na tensão emocional da pandemia, um cidadão global que se reconectou com o essencial e que perseguirá mais do que nunca a perceção de uma casa "sadia" e segura, onde a saúde mental deixou de ser um tabu.

A nova forma de consumir dá à logística um papel de protagonista. Agora exigimos disponibilidade imediata, mas também se caminha na direção de novos modelos de cidade, onde prevalecem a proximidade e o consumo local. A crise económica acentua o conceito da acessibilidade.

Além disso, exige das marcas uma maior responsabilidade. As empresas estão a ver-se obrigadas a repensar as suas estratégias de retail e publicidade pelo aumento do home office e do e-commerce.

Estas são as 10 tendências que marcarão o consumidor em 2021:

1. Emoções ao poder

Numa "montanha russa" desde março passado, o reinado das emoções terá um novo impulso através do Internet of Behaviours. Este IoB pode converter-se numa grande ferramenta de marketing e vendas porque, além de fornecer informação sobre comportamentos, permitirá prever condutas e inclusive emoções em momentos determinados.

Fazer isso sem perder a confiança dos consumidores será o grande desafio.

2. Simples e menos

Todos se reconectaram com o essencial. Triunfarão o minimalismo e a simplificação. As marcas vão apostar numa oferta menor na sua variedade, mas mais profunda no seu significado.

Algumas já propõem aos consumidores adquirir menos produtos, mas de maior qualidade. Por isso é o momento para os produtos herói e para demonstrar, com contribuições calculadas e potentes, como as marcas podem ter um impacto positivo e real na vida das pessoas.

3. Saúde mental

A conversação sobre as enfermidades mentais traspassou a barreira do tabu, e inclusive as marcas recorrem a ela para chegar ao consumidor. Segundo a OMS, 450 milhões de pessoas sofrem de um transtorno mental ou de conduta e ao redor de 1 milhão se suicida a cada ano, e a comoção emocional gerada pela pandemia somente o agrava.

Por isso, falar da saúde mental, mas a partir da responsabilidade como já fazem muitas marcas, é uma necessidade.

4. Casa sadia e segura

Nunca imaginamos que passaríamos tanto tempo em casa. O desafio da arquitetura sustentável e ecológica é colocar no centro, de verdade, o projeto do bem-estar das pessoas.

O uso eficiente da tecnologia numa casa inteligente será outro dos enfoques-chave.

5. Dessincronização social

A nossa nova forma de vida tem impacto direto nos eixos de trabalho, lazer e família e exige uma flexibilidade e um exercício de definição de limites pessoais e laborais.

Nesta equação o consumidor é cada vez mais exigente com a disponibilidade imediata da sua compra. Por isso o e-commerce é a nova pedra angular, graças às garantias de segurança que oferece.

6. A acessibilidade manda

A sensação de incerteza associada à preocupação pela saúde e às condições económicas faz com que as pessoas sejam mais conservadoras na maioria das suas decisões: os consumidores pensam duas vezes antes de gastar e são mais propensos à poupança. Por isso, a acessibilidade volta a ser essencial para fidelizar o cliente.

7. A era da criatividade

O dia a dia exige que criemos novas formas de estar, e a tendência é que esta forma de vida se converta em status quo. A pandemia acelerou a passos gigantes a digitalização, e estamos a assistir a profundas mudanças a nível económico e social que marcarão a nossa geração.

As empresas e indústrias necessitarão de criatividade para se manter. Por isso, 2021 exigirá uma readaptação contínua e o despertar do nosso «eu» mais criativo.

8. Um novo modelo de cidade

A pandemia conduziu.nos a redefinir novos estilos de vida nos quais o ser humano mudará a sua forma de se deslocar e de viver no ambiente urbano, transformando a experiência de consumo. O desafio é facilitar um redesenho das cidades que inclua atividades culturais, atividades ao ar livre e desportos.

9. Cultura do cancelamento

O isolamento disparou o impacto cultural da Internet, abrindo caminho a uma nova etapa para o ativismo social digital. A cultura do cancelamento não deixa apenas margem de manobra frente aos juízos de opinião dos utilizadores. As marcas enfrentam, assim, uma maior responsabilidade frente às suas ações que os consumidores exigem no mercado.

10. Apoio local

O consumo de proximidade revaloriza os bairros como unidade de relação e incita à compra reflexiva. Está associado à sustentabilidade e à geração de emprego.

O desafio de 2021 será ver se a importância que os consumidores deram aos negócios locais se equilibra, na medida em que o mercado se normalize, com o crescimento do e-commerce.

Neste cenário, os grandes players deverão focar as suas estratégias a partir de uma perspetiva local real.