Raquel Almeida Lopes é psicóloga, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Health Coach, com especialização em Saúde Hormonal e Coaching de Mulheres (IWHI). A exercer psicologia há 20 anos, na área dos comportamentos aditivos e dependências, concluiu em maio de 2016 a formacão de Health Coach no Institute for Integrative Nutrition (IIN).

Reconhecendo que uma perspectiva holística e integrativa da vida é a chave para movimentos significativos de mudança, apoia mulheres que procurem fazer mudanças no seu estilo de vida e a nível comportamental, dando-lhes suporte emocional e profissional para alcançarem os seus objetivos no campo da saúde.

Quem é a Raquel Almeida Lopes, empreendedora?

A empreendedora e a Raquel misturam-se no sonho de conquistar a sua independência e de marcar a diferença no universo feminino. O meu percurso pessoal e profissional levaram-me a perceber que deveria alterar algumas coisas na minha vida. Aliás, o meu corpo percebeu antes da minha cabeça que precisava parar e mudar!

Hoje, como empreendedora, consigo desenhar a minha vida à minha medida, consigo criar os programas de saúde que gosto e consigo viver em prol das minhas intenções e propósito. Em dias preenchidos, sinto-me realizada por encontrar tempo e estar disponível para a minha família, amigos e para mim.

De que forma a sua luta com o excesso de peso determinou a sua opção de carreira enquanto Health Coach?

Na verdade, iniciei esta formação antes de optar por mim. Ao longo do curso no IIN, fui-me apercebendo de diversos modos de funcionamento, pensamentos e alimentação que me estavam a prejudicar. Ao mesmo tempo que mantinha o acompanhamento de uma nutricionista, a aprendizagem que fazia mudou a minha perspectiva em relação à vida. Foi o despertar de uma consciência e visão holística que me permitiu trabalhar o meu bem estar de outra forma.

A perda de peso não existe por si só. Na minha perspectiva, está associada a uma série de fatores emocionais e características individuais. Muitas vezes, o peso que necessitamos perder não está só no nosso corpo mas sim nas “mochilas” emocionais que transportamos e que nos moldam. A ideia de que as nossas sombras/tristezas existem e nos tornam completos, ensinou-me que o equilíbrio se forma ao aceitarmos a sua existência.

Sei agora também que, a par do cuidado que devemos ter na alimentação secundária (alimentos naturais e não processados), devemos ter atenção também à alimentação primária (carreira, relações saudáveis, vida espiritual, exercício físico regular), uma outra forma de nutrição que conjuga os elementos da vida que nos nutrem de outra forma e que tem um impacto relevante na nossa vida e felicidade. Por estas razões, hoje acredito numa intervenção integrada e holística que partilho com outras mulheres através dos programas que criei.

O descontrolo alimentar pode ser considerado uma adição?

Nós alimentamo-nos essencialmente por duas razões: a fome física e a fome emocional. Enquanto a fome física tem um entendimento relativamente simples, a emocional é bastante mais complexa pois está relacionada com uma esfera intrínseca a cada pessoa. Cada um de nós tem uma identidade, uma bio individualidade, como tal, o que é certo para uma pessoa pode ser prejudicial para outra.

Existem perturbações alimentares que se relacionam diretamente com a imagem e peso corporal e que se refletem na adoção de comportamentos excessivos prejudiciais para a saúde. Todas são influenciadas por fatores de origem biológica, genética, psicológica e ambiental.

Como afirma Joshua Rosenthal, fundador do IIN, quando utilizamos a alimentação secundária (alimentos) para aliviar ou suprimir a carência da alimentação primária, o nosso corpo e mente sofrem. O aumento de peso pode ser uma das consequências, como o são outras doenças relacionadas com dietas desadequadas tais como a diabetes e a obesidade. Recorrentemente surge a tristeza, isolamento ou frustração, que nos poderão levar a recorrer à alimentação secundária para conforto e consolo.

A questão essencial é que a substituição da alimentação primária pela secundária não é funcional. Podemos adotar uma alimentação saudável, podemos comer todo o tipo de alimentos, mas se não nos satisfizermos com afetos, amor próprio e experiências positivas, não nos sentiremos preenchidos e saciados.

Enquanto apaixonada por recomeços, que sinais de alerta nos indicam que está na altura de recomeçar?

Quando sentimos que não estamos bem a nível físico e emocional. O nosso corpo tem a capacidade incrível de nos mostrar que precisamos de mudar, que precisamos procurar soluções e caminhos diferentes. Só precisamos de estar atentos para perceber.

Muitas vezes não é de recomeços que precisamos, muitas vezes precisamos apenas de reajustar a nossa “vela”, reposicionarmos as nossas prioridades, ouvirmo-nos. Nos dias de hoje andamos todos tão informatizados, acelerados e magnetizados que nos esquecemos de fazer o mais simples: parar e escutar o nosso interior.

No seu site refere que se não alimentarmos e percebermos o nosso interior, não há mudanças saudáveis e duradouras. Como funciona este mecanismo de bem estar interior/exterior?

Estamos a falar de mudanças sustentáveis, saudáveis e duradouras que se estabelecem ao longo de alguns meses de trabalho e acompanhamento. Está estudado que se mantivermos o mesmo padrão durante um período de tempo prolongado este tem fortes probabilidade de se tornar um hábito.

O que trabalhamos é um modo de vida coeso, interna e externamente. É uma visão holística da saúde, em que a perspectiva é a de um sistema integrador ao invés de segregador, onde incluímos as esferas física, mental, espiritual e emocional da vida a par de uma alimentação saudável composta por alimentos não processados e, preferencialmente, orgânicos. As pessoas que mais melhorias sentem na sua saúde são aquelas que não só criam mudanças na sua dieta alimentar como mantêm relações positivas na sua vida

5 conselhos para "nutrirmos" o nosso corpo e alma:

  • Manter relações saudáveis – Relações honestas e saudáveis alimentam a nossa vida e emoções, tornando-as uma fonte de energia. Fontes de alimento não alimentar nutrem o nosso organismo a um nível mais profundo;
  • Manter exercício físico regular e a prática de meditação – O exercício regular ajuda a melhorar a condição física e diminui o risco de doença. A meditação proporciona a quietude mental;
  • Pensamento e atitudes positivas – Pensar e agir de forma positiva proporciona um ambiente saudável e atrai energia positiva. Esta postura promove o aumento do foco e a criação de objetivos de vida;
  • Self Care – Ter tempo para si ajuda a aumentar a auto estima, gera sentimentos positivos e aumenta a sua energia pessoal. Não se esqueça de descansar e dormir bem;
  • Privilegiar uma alimentação natural /não processada e intuitiva.

Saiba mais sobre Mulheres à Obra aqui.