Chama-se Comedy Therapy e é um espetáculo que junta André de Freitas, David Cristina, Joana Gama, Pedro Alves e Tânia Graça. A premissa é simples: ao longo de 90 minutos quatro humoristas e uma profissional de saúde vão responder às principais inquietações, dúvidas e problemas partilhados, de forma anónima, pelo público. Mas o que é que motivou os criadores a juntar estes dois ingredientes – terapia e comédia - num espetáculo?

“Este projeto nasceu da ideia de que o humor tem um efeito terapêutico. Grande parte da comédia vem da habilidade de nos rirmos de nós próprios, de rirmos perante assuntos sérios”, explica André de Freitas ao SAPO Lifestyle sobre o conceito deste projeto que pretende entreter os espectadores com os seus dilemas, mas sem nunca os descredibilizar ou lhes retirar seriedade. “Há um grande número de pessoas que, muitas vezes, acha que os seus problemas são únicos e este formato acaba por mostrar que somos todos mais parecidos do que podemos crer. Cria um sentimento de comunidade.”

Tânia Graça vai ser a voz da razão e quem vai colocar ordem nos palpites e conselhos dados pelos colegas ao longo do espetáculo de stand up. A sexóloga e psicóloga clínica explica que o humor é uma ferramenta importante e que “pode ser usado em psicoterapia, pelas/os psicólogas/os, na abordagem às problemáticas, por exemplo. E, por outro lado é, geralmente, um indicador de saúde mental. Isto é, alguém que consegue usar o humor perante as adversidades, apresenta um excelente recurso para aligeirar o peso dos problemas e desafios, e assim, melhor geri-los e mais facilmente encontrar possíveis soluções.”

Para além de entreter, o objetivo da Comedy Theraphy também é tentar ajudar o público. Mas quais são os tópicos mais recorrentes? Amor e sexo estão entre as temáticas que geram mais discussão em cima do palco, mas há de tudo: desde perguntas engraçadas a desabafos sobre temas tabu, como é o assédio. Apesar da gravidade de alguns, Joana Gama considera que “não é difícil fazer humor com todos eles. No pior dos problemas que nos foi exposto, fizemo-lo e até recebemos uma mensagem da pessoa a agradecer que tivéssemos tratado o assunto com humor ainda que com sensibilidade. Ficamos orgulhosos. Muitas das vezes, as pessoas têm menos desconforto em rir-se sobre isso do que podíamos imaginar.”

Cartaz Comedy Therapy
Pedro Beça

Tendo em conta os efeitos negativos que a pandemia teve na saúde mental dos portugueses – com um aumento no número de divórcios, casos de depressão e um maior isolamento social -, David Cristina considera que peças como esta são fundamentais para reduzir o estigma em torno desta problemática. “Apesar dos progressos, continua a ser difícil falar abertamente sobre temas de saúde mental. E é aqui que o humor de qualidade pode ter um papel, já que desarma e desconstrói temas pesados como este. Lamentavelmente, o nosso humor não é de qualidade, mas pode ser que, entretanto, apareça um projeto como deve de ser”, refere.

Segundo Pedro Alves a mensagem do espetáculo é simples: que rir é sempre o melhor remédio, seja rir sobre nós mesmos ou aquilo que nos rodeia. “Uma pessoa quando vai ao nosso espetáculo sabe que, antes da Tânia [Graça] falar, há um grupo de quatro idiotas que vai dizer umas coisas sobre o seu problema que podem ser as reflexões menos acertadas do mundo e que têm apenas o intuito de divertir o público”, frisa.

Comedy Therapy vai estar em cena em Lisboa e no Porto durante o mês de novembro e dezembro: no Teatro Villaret, a 2 de novembro pelas 19:00 (a sessão das 22:00 está esgotada), e no Teatro Sá da Bandeira, a 15 de dezembro pelas 21:30.