Mariana Monteiro respondeu a algumas perguntas do Fama ao Minuto sobre a sua recente obra, 'Pensamentos de uma Mente Inquieta', tendo destacado que quis, com o livro, "usar a palavra para poder inspirar, acolher e levar à reflexão".

Este novo projeto foi lançado no dia 4 de novembro e contou com a presença de uma pessoa muito especial, a irmã Rita Monteiro. "Sem dúvida alguma, [foi] dos momentos mais especiais na minha vida pessoal e profissional", disse.

Uma entrevista onde recorda, ainda, o momento em que aos 16 anos deixou a cidade natal e mudou-se para Lisboa para integrar o elenco da série 'Morangos com Açúcar'.

A pausa que fez na carreira, em 2018, também não ficou esquecida, além dos muitos sonhos por concretizar.

'Pensamentos de uma Mente Inquieta' é um livro para adultos, ao contrário dos dois primeiros que eram obras infantis. Prefere escrever para crianças ou partilhar este lado “mais pessoal” com os adultos?

São dois projetos completamente distintos. Os livros onde trabalho o tema da igualdade de género estão escritos em coautoria com o Narciso Moreira, um dos fundadores da Betweien, e estão acompanhados também de uma peça infantil e mais recentemente de uma música, com a intenção de consciencializar as crianças para a quebra de crenças e estereótipos de género. Logo, encaro esse projeto como uma "Missão". Este livro, agora, foi escrito apenas por mim e é, acima de tudo, uma forma de expressão artística que queria partilhar. Usar a palavra para poder inspirar, acolher e levar à reflexão.

Sou uma pessoa extremamente empática e sensível, e nessa combinação acaba por ser difícil por vezes gerir as emoções porque sou muito intensa

O livro foi lançado há relativamente pouco tempo, mas já lhe foi dado algum feedback por parte dos portugueses ou, até, de amigos?

O feedback tem sido extremamente positivo. Reconheço que é um conceito de livro menos usual, porque vive de pensamentos breves e de ilustrações - da fantástica Mariana, a Miserável. Gosto sobretudo que partilhem comigo quais os pensamentos que mais gostaram. É um livro simples, de mesa de cabeceira. E que pode ser folheado de forma aleatória.

E como foi ter a irmã ao seu lado no lançamento do livro?

Sem dúvida alguma, [foi] um dos momentos mais especiais na minha vida pessoal e profissional. Pude ter ao meu lado a pessoa que é a minha metade, que me escuta e conhece como ninguém e que sempre foi uma grande inspiração para mim.

Este livro acaba por ser fruto de noites de insónias… O que mais a deixa inquieta ou mais pensativa?

Sou uma pessoa extremamente empática e sensível, e nessa combinação acaba por ser difícil por vezes gerir as emoções porque sou muito intensa. E acho que é daí que vem a minha inquietude. No querer alcançar um estado de paz interno, mas também externo que alcance os demais.

E o que acalma a sua “mente inquieta”?

Utilizo várias ferramentas: dançar, escrever, respirar, meditar (embora precise de enraizar muito mais este hábito), exercício físico e leitura.

Dos 60 textos que estão no livro, se tivesse que escolher apenas um, qual seria e porquê?

Missão: “Acredito que há uma missão maior,
Que não nos cabe no peito
Tem de ser exportada
E do lado de fora edificada”.

Porque resume aquilo que, para mim, é a nossa passagem aqui na Terra. Porque resume aquilo que penso que é a questão principal na nossa passagem aqui na Terra.

Sempre teve uma “mente inquieta” ou ficou assim depois de entrar no mundo das artes?

É uma questão pertinente, mas de facto já era assim desde que me lembro de existir. Entrar no mundo das artes foi como uma bóia de salvação, porque passei a conseguir exprimir-me e a conhecer-me muito melhor.

Parar não é negociável. Ou seja, é tão importante saber parar como ser pró-ativa nas alturas certas para isso

Aos 16 anos, quando deixou o Porto para começar este percurso na representação em Lisboa, quais eram os seus principais desejos e medos?

Já lá vão 16 anos, precisamente, e, portanto, já não estou próxima da verdade. Só me lembro de que queria um gap year, porque estava muito perdida no agrupamento de economia e mais não sei. Nessa altura, não sonhava com ser atriz, queria uma experiência, apenas isso. Tinha teatro num clube aos fins-de-semana, mas não tinha escolhido essa via para formação.

De todas as personagens que interpretou ao longo destes anos, qual a história que a deixou mais pensativa, que mexeu mais consigo?

Acho que é sempre muito difícil essa seleção, mas diria que por um lado uma personagem em que fiz o papel de uma indiana, a Nalini, por me ter levado a uma imersão numa cultura completamente diferente da minha e com a qual adorei contactar. Depois diria que a Amélia do 'Ministério do Tempo', também pelo trabalho de pesquisa que implicou por ser uma série de época e histórica e que visitava alturas da História muito diferentes. E para terminar diria a Julieta em teatro, com a encenação do John Romão, porque me levou a uma leitura da obra de Shakespeare completamente diferente.

Recordando a pausa que fez na carreira em 2018, o que retirou dessa fase?

Que parar não é negociável. Ou seja, é tão importante saber parar como ser pró-ativa nas alturas certas para isso. Que ir beber de outros lados, aprender e dedicar tempo para nós mesmos e para formação é fundamental

É uma pessoa de causas, tendo até sido convidada para ser porta-voz (para a juventude) da Associação Corações com Coroa. Sente que é um dever seu dar uso à imagem pública para alertar para causas importantes como a desigualdade e discriminação?

Sinto que é o meu dever. Não um dever. Que cada pessoa tem o seu trajeto e o usa como acha melhor. Mas no meu caso tenho essa vontade, de usar a minha voz e a minha visibilidade para poder chegar a mais pessoas - jovens mulheres ou rapazes e alertar para temas de extrema importância como são: a violência no namoro, bullying ou a igualdade de género. Agradeço profundamente a confiança da Catarina Furtado, por me ter feito este convite em 2018.

Acredito que ainda tem muitos sonhos por concretizar, quais os principais?

Ui, se tenho... Se não formos movidos a sonhos como caminhamos? Eu preciso dos sonhos para ter a minha “gasolina”. Fazer mais cinema e teatro a nível profissional e a nível pessoal sei que um dia a maternidade fará sentido. Mas não tenho pressa.

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