Um tribunal britânico validou hoje a queixa por abusos sexuais, apresentada em Nova Iorque (EUA) por uma das alegadas vítimas de Jeffrey Epstein, empresário acusado pelo mesmo crime, contra o príncipe André de Inglaterra, filho da rainha Isabel II.

A denúncia foi entregue oficialmente em 27 de agosto no Castelo de Windsor, perto de Londres, na ausência de André que, segundo os jornais locais, se encontra no Castelo de Balmoral, na Escócia.

No entanto, os advogados do príncipe contestaram o procedimento, assim como a jurisdição de Nova Iorque, numa audiência relativa ao processo, ocorrida na segunda-feira.

O Supremo Tribunal de justiça, depois de ter decidido a favor do príncipe, validou finalmente a notificação após a apresentação de "informações adicionais" pela defesa da alegada vítima, Virginia Giuffre, que deram entrada em 9 agosto com um processo contra André no tribunal federal de Manhattan.

Virginia Giuffre já havia acusado publicamente o Duque de Iorque de abusos sexuais há mais de 20 anos, quando era menor de idade, com ajuda do empresário norte-americano Jeffrey Epstein, que morreu na cadeia em 2019.

De acordo com a denúncia, o príncipe André é "um dos homens poderosos" a quem Virginia Giuffre foi "entregue para fins sexuais", tendo sido vítima entre 2000 e 2002, quando tinha 16 anos, do generalizado tráfico sexual pelo qual Jeffrey Epstein foi indiciado e detido.

André, de 61 anos, frequentemente apresentado como o favorito de Isabel II e forçado por se retirar da vida pública, refuta as acusações.

O príncipe apresentou dúvidas sobre a autenticidade de uma fotografia que o mostra junto com Virginia Giuffre e Ghislaine Maxwell, amiga próxima de Jeffrey Epstein, que continua detida e com julgamento agendado para 29 de novembro em Nova Iorque.

Ghislaine Maxwell, de 59 anos, declarou-se inocente das acusações de tráfico sexual no tribunal federal de Manhattan, onde será julgada em novembro.

Jeffrey Epstein, 66 anos, investidor em fundos especulativos, foi formalmente acusado de abuso sexual de menores e tráfico sexual de menores em julho de 2019. Menos de um mês depois, a 10 de agosto de 2019, o milionário foi encontrado morto na cela, numa prisão de Nova Iorque, no que as autoridades concluíram ter sido suicídio. A morte levou ao arquivamento do processo judicial, mas permanecem abertos processos cíveis.

Como parte da investigação sobre Epstein e os encontros com mulheres e adolescentes, os procuradores de Manhattan pediram formalmente para falar com o príncipe André.

Em 8 de junho de 2020, os advogados do príncipe André revelaram que o filho da rainha Isabel II se ofereceu para ajudar o Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA por três vezes, como testemunha num processo contra Jeffrey Epstein.

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