A poucos dias da grande estreia que marca o seu regresso ao pequeno ecrã, Ana Rita Clara esteve à conversa com os jornalistas para nos contar todos os detalhes sobre o seu novo desafio: o programa/ série documental 'Humanos'.

Para Ana Rita Clara, este programa é o "início de uma nova fase muito bonita e transformadora", seja a nível pessoal ou no que toca à televisão portuguesa.

"Acredito que isto é um dos caminhos da televisão, a televisão mais humanizada, televisão de proximidade, televisão que te revela mundos reais, em que os protagonistas são os outros", afiança.

O que é, afinal, o 'Humanos'?

"É uma série que procura revelar, invadir, descobrir e partilhar as vidas, profissões, escolhas de vida de 10 ou mais pessoas. Existe sempre um protagonista na nossa narrativa, em cada episodio, mas é muito mais do que isso porque a partir desse protagonista vamos depois descobrindo tudo o que acontece à volta", resume a apresentadora, que é também a responsável pela ideia e pela sua produção.

'Humanos' nasce de "um guião improvisado, que vive muito do momento" e onde a apresentadora se demite do papel e passa a ser apenas a ponte para que os espectadores tenham oportunidade de conhecer profissões, histórias de vida e pessoas inspiradoras.

"São profissões reais com as dificuldades e alegrias que essas pessoas realmente vivem", diz.

O primeiro de 10 episódios, que estreia a 3 de outubro na TVI, depois do 'Jornal da Uma', conta a história de pescadores portugueses. E esta foi uma escolha óbvia para Ana Rita Clara, "porque não há nada mais humano do que o mar".

A série de 10 episódios, com seis episódios de cinco minutos para a TVI Player, repete depois na TVI Ficção integralmente. Uma segunda e terceira temporada estão já a ser pensadas.

A ideia nasce em plena pandemia

"Estávamos plena pandemia e recordo-me de ter começado a pensar no meu futuro e naquilo que queria criar e, de repente, moveu-me uma vontade muito grande de criar aquilo com o qual me identificaria", explica a apresentadora, que diz ter feito um enorme trabalho de pesquisa até chegar ao conceito final.

Voltar a viver com os pais 16 anos depois, durante o confinamento, fez a comunicadora "ver a vida de outra maneira" e procurar uma outra perspetiva do mundo real.

"Há 16 anos ou mais que não vivia assim com os meus pais. Tudo isso marca e faz com que comeces a ver a vida de outra maneira", reforça.

Ana Rita Clara quer com este programa ir "onde ninguém pensa ir": "Por que não irmos falar com os cantoneiros de Lisboa, camionistas, irmos para o circo?".

Quanto ao nome escolhido para a série, este foi um processo de escolha natural. "Nada é mais real e nada é mais forte do que esta palavra, sermos humanos".

O apoio da TVI

Desde a criação até ao projeto final, Ana Rita Clara precisou de, "com muita luta", recolher os apoios necessários para ver a ideia ganhar forma e espaço na televisão portuguesa.

Passaram-se dois anos entre "gravar o episódio piloto, investir dinheiro para gravar, acreditar no sonho e convencer que o projeto poderia ser vencedor".

Ana conseguiu na TVI o apoio de que precisava: "Se não tivesse tido o apoio, o acreditar por parte da Media Capital, da TVI e das pessoas eu não estaria aqui a falar convosco desta minha grande paixão, que me sai das entranhas e do coração".

Na TVI, onde ocupa o cargo de Senior Advisor do canal TVI Ficção, a comunicadora encontrou pessoas que "têm a mesma visão sobre o que é fazer televisão, sobre o futuro". "Não têm medo de arriscar e arriscam em formatos que acreditam ser o futuro".

Depois de ter deixado a SIC para uma pausa na sua carreira, Ana Rita Clara está agora "muito grata" ao seu novo canal.

Esperam-se emoções ao rubro: "Chorei muito durante as filmagens"

A grande promessa é que este seja um programa de emoções fortes, emoções que Ana Rita e toda a equipa foram sentindo ao longo das gravações.

"Estas pessoas é que são os protagonistas e isso trouxe para mim e para a minha equipa emoções muito fortes, transformou-me, deu-me um olhar sobre a vida real completamente diferente", conta.

"Esta experiência colocou-me em perspetiva perante aquilo que é realmente o valor na vida, o que realmente importa, o que é que nós valorizamos a dada altura e que pode ou não ter tanta importância assim, o valor da família", continua, dando conta de que este é um formato de "enorme riqueza humana".

"Chorei muito durante as filmagens, emocionei-me muito. Houve um momento em que tive de parar e a própria pessoa também, muitos abraços, muita conexão", lembra, explicando que todos os intervenientes do programa foram testados contra a Covid-19 e as distâncias de segurança mantidas sempre que a emoção não falou mais alto.

Naquele que será o primeiro episódio de 'Humanos', Ana Rita Clara aprendeu a pescar, sentou-se à mesa com os pescadores, percebeu as vidas de cada um: "Isso é absolutamente fascinante, é entrar numa vida sem estar a ficcionar. Isto não é novela".

"Humildade" é a palavra que melhor define os sentimentos de Ana Rita Clara por este programa. "Das maiores lições de vida que já tive e que tenho todos os dias com este programa é lição de humildade".

"Vão ver-me sem maquilhagem, sem artifícios"

Ana Rita Clara quis com este novo projeto arriscar, sair da zona de conforto e desafiar-se. "O desafio era precisamente retirar-me da minha zona de conforto", garante.

Para se colocar à prova e, de facto, sair da zona de conforto, Ana Rita Clara resolveu gravar o formato sem maquilhagem. "Vão ver-me sem maquilhagem, sem artifícios, sem nada. Sou eu e a vida real".

"Não fazia sentido eu estar no programa 'Humanos', de vida real, com pestanas", diz. "Seria impensável, pelo menos para mim, eu estar com pessoas reais, comuns, e ir para o mar num barco de pesca e estar de pestanas postiças e batom vermelho", reforça.

"Por muito que eu adore, há coisas que temos de realmente pensar no sentido que fazem", continua, explicando que esta foi também uma forma de se aproximar das pessoas com as quais foi falando.

"Eu queria partir da minha naturalidade e do meu eu, da forma como sou, sem máscaras, sem nada, sem os batons lindos e maravilhosos que eu adoro".

"Evidentemente, durante muitos anos eu própria estava diariamente na televisão maquilhada, produzida, agora queria, de facto, criar um formato onde esse tipo de características não distraíssem daquilo que queria mostrar", volta a explicar, reforçando que a ideia é que o público não se foque no vestido ou penteado que está usar.

"Queria estar de uma forma muito simples, de ténis, descalça, o que seja, para também eu própria poder identificar-me e relacionar-se com estas pessoas, para elas sentirem que eu era parte da família", adianta.

"Apesar de amar maquilhagem, acho e senti que temos de estar ajustados com o programa que estamos a apresentar e por que não apresentar-me de outra maneira, por que não humanizar a Ana Rita Clara, por que não também chegar mais perto", questiona, convicta de que terá feito a escolha certa.

"Temos toda uma vida em que podemos usar máscaras e colocar o rímel, o desafio está em apresentares-te nua e crua como és", defende, por fim.

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