Duramente muitos anos Tiago Castro foi, para o público, o icónico Crómio de 'Morangos com Açúcar'. A famosa série da TVI deu a conhecer o talento que desde cedo se fez notar, trouxe-lhe o merecido reconhecimento e a popularidade... que quase lhe 'roubou' o nome.

Depois de ter estado "lá em cima" quis reinventar-se, ganhou asas e voou até aos Estados Unidos. A experiência internacional tornou-o um ator ainda melhor, mas também o fez "descer ao inferno". Com a ajuda do amor, superou a depressão, "voltou a subir" e 16 anos depois encontrou no humor a ferramenta certa para 'renascer' nos grandes palcos.

É 'Daqui debaixo' ou, se preferirem, do alto do seu 1,58 m, que, com um espetáculo de stand-up comedy, promete mostrar-nos que rir é a melhor das curas. Mas ainda antes de subir a palco, Tiago Castro encontrou tempo para contar-nos a sua história de superação em entrevista ao Notícias ao Minuto.

Quando, onde e como nasce a tua paixão pela representação?

A representação surge em 1998, ao dizer isto aprece que já vivo há muito tempo, quando entro na Escola Profissional Balleteatro, no Porto. Estive lá três anos, depois, aos 18 anos, fui para o Conservatório de Teatro, em Lisboa, e tive mais três anos de formação. Foram seis anos de formação, e foi assim que começou.

O que te levou a tomar a decisão de dar início a essa formação?

Fiz os testes psicotécnicos quando acabei o 9.º ano e, além de já ter uma paixão pela representação, também porque já tinha feito dois espetáculos no teatro da escola, nos testes psicotécnicos explodiu com a escala a parte do teatro. Tudo indicava que tinha de ser por ali. Se a minha mãe tinha dúvidas, ali ficaram esclarecidas. Desde aí nunca mais deixei de estar em contacto com a representação.

O Crómio? Fui convidado para fazer dois meses, apenas. Era uma personagem secundária, nem sequer passou pela direção da TVI

Mais tarde, quando surgem os primeiros trabalhos, conseguiste de imediato ter a certeza de que estavas no caminho certo?

Sim. Mesmo no meu primeiro ano de escola, foi logo uma paixão pelo palco latente. Percebi muito cedo que a minha evolução como ser humano ia acontecer a par com a minha evolução como ator. É engraçado porque, muitas vezes, diz-se que os atores são bons a mentir, mas eu sempre vi o outro lado da representação. Um ator tem de ser muito bom a dizer a verdade, isso ajudou-me a ser verdadeiro na minha vida enquanto Tiago.

Mas a verdade é que, a certa altura, quase deixaste de ser o Tiago para passares a ser conhecido por todos como o Crómio dos 'Morangos Com Açúcar'.

É verdade.

Como é que surge o convite para dares vida a esta personagem? Foste convidado, não foi?

Fui, só que de uma forma diferente de todos os outros colegas. Fui convidado para fazer dois meses, apenas. Era uma personagem secundária, nem sequer passou pela direção da TVI. Sabia que aquilo tinha um fim, ia fazer as férias da Páscoa e os últimos três meses da escola - em gravações eram dois meses. Só que, logo no início, ainda os episódios não tinham ido para o ar, a minha interpretação causou um bocadinho de alvoroço. Foi qualquer coisa de diferente, não havia nenhuma personagem com aquelas características e toda a gente ficou um bocadinho sobressaltada… Quem é este rapaz? E que personagem é esta? Era tão caricato, tão diferente, e criou esse impacto de forma a que passasse a ser uma das personagens principais. Na terceira temporada dos 'Morangos' já entrei como uma das personagens principais, já tinha um núcleo bem estabelecido, era o DJ da rádio.

Gostava que as pessoas olhassem para mim como o Tiago Castro que fez o Crómio, isto teria sido muito melhor

Há uma geração para a qual passas a ser conhecido como o icónico Crómio dos 'Morangos com Açúcar'.

Sim, eu sei. A minha esposa tem 31 e ainda hoje quando tiro a barba fica envergonhada [risos]. É verdade... Ela pensa, 'meu Deus, estou com Crómio em casa'.

Como é que foi nessa altura deixares de ser o Tiago Castro para passares a ser conhecido como o Crómio dos 'Morangos'?

Foi muito recompensador no sentido em que era fruto do meu trabalho, apesar de eu ser completamente diferente da personagem. Sentia que as pessoas interagiam muito comigo, era incrível, era abordado de cinco em cinco segundos na rua. Foi muito positivo nesse sentido, em que percebi que era devido ao meu trabalho. Depois, a única coisa que me deixava sempre um bocadinho de pé atrás era o facto de me abordarem como se eu fosse a personagem... e era tão diferente de mim, o Crómio. Foi essa a única reação que tive e que preferia ter evitado.

Gostava que as pessoas olhassem para mim como o Tiago Castro que fez o Crómio, isto teria sido muito melhor. Foi o que foi e as pessoas até hoje olham para mim e dizem, é o Crómio. Mas a verdade é que já o dizem de forma diferente do que diziam há 16 anos, já é quase uma memória coletiva. Já dizem, olha o Crómio como uma memória e não como olha o Totó dos 'Morangos'. Já é diferente.

Fiz um trabalho excelente a fazer esta personagem, portanto, não foi por falta de talento que não fiz outros trabalhos

Em termos profissionais, achas que ficaste 'preso' a essa personagem e que isso dificultou conseguires outros trabalhos depois do Crómio?

Gostaria mesmo que esta pergunta fosse feita a quem manda. Gostaria de perceber se foi essa a questão ou se foram outras questões. Uma coisa é inequívoca, fiz um trabalho excelente a fazer esta personagem, portanto, não foi por falta de talento que não fiz outros trabalhos. Depois também acabei por emigrar, mas, independentemente disso, voltei. Estou aqui. Sinceramente, não sei responder. A única coisa que sei é que estou muito mais em paz com isso neste momento.

A tua ida para os Estados Unidos da América foi um opção pessoal ou uma decisão motivada pela falta de projetos em Portugal?

Quando fui tinha acabado de gravar a novela 'Fascínios' há quatro meses, nessa novela senti que precisava de fazer um 'refresh' na minha formação. Fiz um workshop em Lisboa, de uma técnica que ainda não era conhecida em Portugal, e adorei. Nunca tinha experimentado nada assim e senti que era mesmo por ali que queria ir. Decidi que para melhorar as minhas qualidades e características enquanto ator deveria emigrar. Foi uma aposta gigante, foram dois anos, mas foi principalmente no sentido de ser um ator mais capaz. Na altura estava com várias propostas em cima da mesa de teatro e possivelmente de televisão, mas pensei que se não fosse naquele momento não teria outro.

Regressei já no fio da navalha, não aguentava mais um mês nos Estados Unidos

De que forma os anos que passaste fora te mudaram enquanto profissional e enquanto pessoa?

Fiquei lá seis anos. Nos primeiros anos dediquei-me única e exclusivamente à escola, investi todo o dinheiro que tinha poupado. Isso transformou-me enquanto ator e enquanto pessoa, porque trabalhei com alguns dos melhores profissionais da área no mundo. A escola onde estive foi considera uma das 25 das melhores escolas do mundo, o meu professor de interpretação ganhou três vezes o prémio de melhor professor de interpretação de Nova Iorque.

Mesmo depois de terminares o curso decidiste ficar nos Estados Unidos. Porquê?

Acabei por ficar mais quatro anos porque percebi que tinha a possibilidade de ter o 'green card' [visto permanente de imigração], algo muito difícil para qualquer estrangeiro que esteja nos EUA. Por tudo aquilo que tinha feito em Portugal, pela minha carreira, poderia ter acesso a isso e então apostei. Esses quatro anos já foram bem mais difíceis, é muito difícil conseguir trabalhar na área. Apesar de ser uma excelente escola, só 2% dos meus colegas conseguiram depois trabalhar assiduamente como atores. Eu consegui alguns trabalhos em cinema, televisão, publicidade, mas coisas esporádicas que não permitiam que só vivesse daquilo. Portanto, durante quatro anos, também tive de ter outros trabalhos. E aí tanto poderia estar num sítio em que era feliz a trabalhar, num restaurante em que me dava bem com a equipa toda, como podia estar num restaurante que não me dizia nada. Existiam sítios onde ninguém tinha ligações de amizade, era um frete ir trabalhar, e estando sozinho num país em que as pessoas que estão a trabalhar connosco não nos dizem nada torna-se tudo muito mais difícil. Esses quatro anos tiveram alturas muito boas e alturas muito más.

Foram essas alturas muito más que te fizeram regressar a Portugal?

Regressei já no fio da navalha, não aguentava mais um mês nos Estados Unidos. Aproveitei uma proposta de trabalho para fazer um espetáculo no Teatro Carlos Alberto, no Porto. Foi a minha desculpa para dizer, 'vou e não sei quando regresso.' Sabia que em seis meses tinha de voltar para não perder o 'green card'. Vim para Portugal, fiz o espetáculo de teatro e acabei por ficar logo seis meses em Portugal. Regressei mais uma vez aos EUA, mas pouco depois voltei de vez para Portugal.

Então, não foi um regresso fácil?

Não, não foi nada fácil, percebi que já não tinha condições para continuar nos Estados Unidos. Não podia continuar, nem queria, isto se quisesse manter aquilo que de mais sagrado tenho, que é o meu equilíbrio emocional, espiritual. Felizmente, tomei a decisão certa. Foi muito difícil no início, por todos os motivos, mas acabou por valer a pena.

A falta de oportunidades que se seguiu ao teu regresso fez-te pensar que a experiência e formação que trouxeste foi de alguma forma 'desperdiçada'?

Valeu para mim, mas sinceramente acho que foi um desperdício. Quando voltei estava fresco, com novas ideias, novos ensinamentos, com coisas que aqui não é possível aprender. Sim, acaba por ser um desperdício porque senti que podia, naquele momento, ter feito trabalhos brilhantes com todo o conhecimento que tinha adquirido. É uma pena, realmente, mas acabei por dar alguns workshops como forma de partilhar o conhecimento.

Apesar de não te termos visto de forma assídua na televisão, a verdade é que durante os últimos anos nunca paraste. Para os mais distraídos, conta-nos, o que andaste a fazer?

Quando voltei tive esse espetáculo de teatro e depois passado meio ano fui contratado para uma companhia, para a qual trabalhei durante três anos, que fazia teatro para as escolas - a Teatro Educa. Faziamos espetáculos todos os dias, em vários pontos do país, levávamos teatro às localidades mais recônditas, a sítios onde os miúdos nunca tinham visto uma peça. Foi um trabalho incrível, muito recompensador a todos os níveis. Depois, por iniciativa própria, decidi através de uma conversa que tive com a Marine, ainda não éramos casados, criar um projeto chamado 'Se podes sonhar, podes concretizar'. A Marine trabalha como palestrante, sensibiliza a comunidade oncológica para a forma positiva como viveu o cancro quando tinha 13 anos. Achei que poderíamos combinar as nossas duas experiências e fazer algo de diferente para as escolas. Durante dois anos tivemos oportunidade de partilhar as nossas experiências, a nossa forma de viver enquanto adolescentes. Este projeto teve muito impacto na comunidade juvenil, só parou devido à pandemia mas esperamos retomar em breve.

Fui fazendo participações em séries de televisão, publicidades, cinema e agora estou num projeto que me é muito especial porque é algo que queria fazer há muito tempo e que nunca tive coragem. Sou muito perfecionista e achei que nunca estava pronto para o fazer, é o meu espetáculo de comédia. É um solo em que escrevo, enceno... Sou só eu em palco, se aquilo correr mal a culpa é minha e não tenho mais ninguém para culpar. Esse é o grande projeto em que estou, mas para além disso tenho feito alguns vídeos para as minhas redes sociais.

Estive lá em cima quando fiz os 'Morangos', fui para os Estados Unidos e passei por uma depressão muito, muito forte. Este espetáculo fala sobre essa viagem toda

E muito se tem falado nesses vídeos onde até já 'falaste' com o Cristiano Ronaldo...

Têm tido algum impacto, sim. São 'fake lives', criei algo único com essas características durante a quarentena, acho que nunca tinha sido feito assim. Agora também tenho feito vídeo curtos com muito impacto. O mais recente é um vídeo que está a dar a volta ao mundo. É um vídeo de dança que fiz em 20 minutos e já está com milhões de visualizações. Este conteúdo passou a ser uma parte do meu trabalho.

Chegou o momento de falarmos sobre o projeto "muito especial" de que falavas há pouco, o 'Daqui debaixo', um espetáculo de stand-up onde és protagonista. Como é que o stand-up comedy entra na tua vida?

Quase tudo o que faço neste últimos anos sou encorajado pela Marine. Sempre tive medo de me expôr desta forma, mas ela como percebe que poderia ser bom a fazê-lo empurra-me... e eu vou quase como se estivesse com os olhos vendados. O stand-up começou em 2018. Comecei a fazer espetáculos em bares e logo passado duas ou três apresentações já estava a ser contratado por empresas para fazer apresentações privadas. Foi logo um sinal excelente. Só falo sobre a minha experiência, não faço aquele humor de observação, é um humor sobre as minhas próprias tragédias. Acabei por reunir esse material, das apresentações que fui fazendo, e criei outro para fazer este espetáculo que, por duas razões, se chama 'Daqui debaixo'.

E que razões são essas?

Uma delas é óbvia, a minha altura - a minha perspetiva das coisas, de quem está aqui em baixo. A segunda é porque passei 'as passas do Algarve'. Estive lá em cima quando fiz os 'Morangos', isto a nível de perspetiva da sociedade, fui para os Estados Unidos e passei por uma depressão muito, muito forte. Este espetáculo fala sobre essa viagem toda. Estive lá em cima, desci ao fundo do inferno e quando não havia mais para descer acabei por subir outra vez.

Há rótulos, os atores ficam condicionais. Queixo-me porque estou condicionado por ser pequeno, outros queixam-se porque são muito altos ou gordinhos

Vamos à primeira parte, o teu tamanho. Tendo em conta os estereótipos que ainda estão muito presentes na ficção em Portugal, sentes que essa característica física condiciona de alguma forma a tua carreira?

Sem dúvida, condiciona. Condiciona sempre. Cada vez menos isso acontece, mas os atores são rotulados. É muito difícil vermos, por exemplo, um casal em que o homem seja mais baixo do que a mulher e que não seja um casal cómico. Isso não representa de forma nenhuma a realidade. Não é por uma pessoa ser mais baixa, mais gordinha ou feia, segundo os padrões da sociedade, que tem de se cómica ou má. Só os bonzões é que são os galãs, isso tem a ver com um rótulo que é feito... e não é pela sociedade, é por quem está à frente dos projetos. A ficção no Reino Unido é muito diferente do mercado americano, por exemplo, em que vemos atores de todo o género a fazer todo o tipo de papéis. Há protagonistas com os dentes tortos, amarelos, cheios de rugas. É a arte que imita a vida e não a vida que imita a arte, e na vida há todo o tipo de exemplos. Bonito é ver que há oportunidade para todas as histórias.

Há rótulos, os atores ficam condicionais. Eu queixo-me porque estou condicionado por ser pequeno, outros queixam-se porque estão condicionados porque são mulheres, ou porque são muito bonitos, muito altos ou gordinhos. Há muito pouca abertura de mente para perceber que existem várias possibilidades.

Estava tomar 'doses de cavalo' de ansiolíticos e antidepressivos, estava completamente arrebatado

O teu espetáculo pretende mostrar que até mesmo as características que, à partida, poderiam deixar-nos em 'desvantagem' podem ser encaradas com humor?

Exatamente, porque essa é a resposta para esse sentimento: rirmo-nos de nós próprios. O humor funciona muito como defesa em relação à sociedade. Se não os podemos vencer, temos de rir da situação… No fundo, nada é tão sério. Se nos rirmos da nossa situação, se tivermos essa leveza, tudo pode ser mais fácil. Tive a fase de ficar a pensar que era injusto o que me poderia estar a acontecer, mas não quero ser essa pessoa. Uma das características que mais gosto em mim é que não tenho inveja do que os outros têm. Cada um tem aquilo que a vida lhe possibilita de acordo com a sua história de vida, não posso querer uma coisa que não fez parte de mim, que para lá chegar teria de ter outro processo. Nesse sentido estou muito bem resolvido.

A Marine conseguiu ajudar-me com a sua experiência de vida e foi essencial para que conseguisse ultrapassar a depressão

Passemos ao segundo ponto do espetáculo, a difícil travessia que já confessaste ter passado. Também neste aspeto sentes que estás agora "bem resolvido"?

Completamente. Um dos pontos de viragem foi, depois de ter vindo dos Estados Unidos, ter tido uma consulta com o meu psicoterapeuta. Estava a tomar 'doses de cavalo' de ansiolíticos e antidepressivos, estava completamente arrebatado. Ele disse-me: 'Tiago, tu nunca vais deixar a medicação, és um doente crónico'. Aquilo revoltou-me, falei com a Marine e decidimos, naquele mesmo dia, que ia conseguir deixar a medicação e que ia ultrapassar aquela depressão. Em seis meses consegui deixar a medicação, aos poucos, foi muito difícil, mas está totalmente ultrapassado. Sou uma pessoa extremamente feliz, sou muito grato, a gratidão é algo que me ajuda bastante. Sou grato por coisas simples, não tenho uma vida por aí além, não são os bens materiais, são as pessoas que me rodeiam. É o facto de todos os dias me poder rir e a minha família estar bem.

É possível perceber pelo teu discurso que a Marine teve um papel fundamental nesse processo.

Fulcral. A Marine conseguiu ajudar-me com a sua experiência de vida e foi essencial para que conseguisse ultrapassar a depressão. Ela já promove isto nas suas palestras e é por isso que é muito especial. Para quem está a passar por um cancro, ter este testemunho, esta experiência, é algo que pode fazer a diferença. Eu não estava a passar por um cancro, mas estava a passar por uma depressão. Por isso é que acho que o meu espetáculo pode servir, não só para pessoas que passaram por depressão, não só para pessoas que são baixas, mas para pessoas que de alguma forma se sentem diminuídas, oprimidas. Vão rever-se em muitas coisas.

Notícias ao Minuto

Tiago Castro e Marine Antunes casaram-se em julho de 2021© Reprodução Instagram/ Tiago Castro

E o Crómio, a história desta personagem também está no espetáculo?

Vou falar muito sobre o Crómio. Vou falar muito sobre a experiência que foi ser o Crómio, seja dentro ou fora de estúdio. É uma parte importantíssima, falar de como é viver com esse nome. O meu alter ego, às vezes, é o Tiago e não o Crómio. Às vezes, tenho de confirmar no bilhete de identidade o que está lá escrito... Até o meu pai é chamado de pai do Crómio.

Estavas à espera de ver os dois primeiros espetáculos esgotarem em pouquíssimas horas?

Foi lindo, foi surpreendente. Em 24 horas as primeiras datas esgotaram no Porto e em Lisboa. Acho que o público que me segue nas redes sociais contribuiu para isto acontecer.

O que pode esperar quem conseguiu garantir bilhete para te ver em palco durante estes dias [a 20 janeiro no teatro Sá da Bandeira, no Porto, e a 21 e 22 de janeiro no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em Lisboa]?

O que podem esperar é alguém que não tem problemas nenhuns em rir-se de si próprio. Alguém que fala de situações como esta: fui aquele rapaz que se media todas as semanas no quarto com um livro na cabeça, encostado à parede… O problema é que havia semanas em que estava mais baixo, porque punha mal o risco. Quando ia ver não acreditava: não só não cresci como ainda diminui [risos]. Vou falar da minha experiência de forma descontraída. Vão assistir a alguém que fala de coisas sérias mas com um sorriso nos lábios.

Queres que o teu futuro passe pela comédia, pelo stand-up ou esperas ainda voltar à televisão de forma mais assídua?

Só consigo controlar aquilo que faço, por isso só posso falar sobre a minha parte criativa, as minhas redes sociais, o stand-up. No que toca a isso, quero continuar por aqui, estou cada vez mais empenhado nisso e a sentir que o caminho é por aqui. É interessante que tanto o stand-up como os meus vídeos tem-me aproximado muito da representação, tenho tido interação de pessoas que estão na área e estão a ver-me com outros olhos. Essas pessoas sentem vontade de trabalhar com este Tiago que não conheciam. Portanto, no fundo, acho que uma coisa via levar à outra.

O que é que ainda te falta fazer em termos profissionais?

Adorava escrever uma série de televisão, tenho muito essa vontade. Pode passar primeiro por escrever uma curta-metragem, uns 'sketchs' de comédia, mas a minha vontade é escrever uma série de televisão e é para isso que me estou a orientar.

O que dirias ao Tiago que há 16 anos aceitou dar vida ao icónico Crómio dos 'Morangos'?

Não diria nada, para não estragar nada. Não te vou contar o futuro, vive-o e dá tudo. Só poderia ter sido assim, se não tivesse feito o Crómio com aquela intensidade só faria dois meses de novela, não tinha a possibilidade de ir para os Estados Unidos, não tinha conhecido a Marine... Não queria mudar nada.

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