1. Veio de uma família humilde e usava roupa em segunda mão

Ralph Lauren nasceu no bairro do Bronx, em Nova Iorque, juntamente com os seus quatro irmãos. Filho de emigrantes judeus, não cresceu rodeado de muita riqueza, usando muita coisa comprada em lojas de segunda mão ou que herdava dos irmãos. “Quando era miúdo vestia muita da roupa usada dos meus irmãos. Eu gostava de usar esse tipo de roupa. Nunca tivemos muito… mas eu não ficava ressentido [por usar roupa usada]. Eu achava que os meus irmãos eram cool e tinham coisas boas”, disse em entrevista ao programa da CBS Sunday Morning, em 2018, sobre a sua infância e juventude.

2. Nunca pensou em tornar-se designer de moda

Apesar de o seu estilo e look sempre terem sido elogiados pelos amigos durante a juventude, a verdade é que nunca pensou que o seu futuro passaria pela moda. Ao ingressar no mundo do trabalho, Ralph Lauren - que sempre foi um grande apreciador do vestuário usado pelos galãs de Hollywood - recorreu à alfaiataria para a confeção do seu guarda-roupa de sonho que não estava à venda nas lojas e boutiques. Curiosamente foi este gosto por um estilo e um guarda-roupa diferente, irreverente e inovador que o levou a tornar-se designer de moda. “Eu não tinha a formação para cortar roupa, nem para fazer as coisas que os estilistas faziam. Mas tinha olho. E não sei de onde é que isso vinha. Durante a minha juventude eu nem sequer sabia o que era um estilista”, afirmou durante o documentário Very Ralph (2019).

3. O seu primeiro trabalho foi como vendedor de gravatas

Durante a sua juventude trabalhou como vendedor de gravatas para uma empresa em Nova Iorque. Na época ambicionava modernizar este acessório masculino através da criação de uma linha de gravatas fora do comum - mais largas, coloridas e confeccionadas em diferentes padrões e tecidos - , mas a ideia não foi bem recebida pelos donos da empresa para a qual trabalhava. “Olharam um para o outro e o chefe disse-me ’O mundo não está preparado para o Ralph Lauren.’ Era uma forma de me dizerem ‘Fica calado e no teu canto, quieto. Tens 24 anos’”, disse em entrevista ao programa Yang Lan One on One, em 2014.

4. A obsessão por gravatas levou à criação da sua marca

Com a ajuda de um empresário, em 1967, o jovem Ralph Lauren desenhou uma linha de gravatas que viria a ser o primeiro produto da sua marca: Polo. Apesar de pouco tradicionais, a verdade é que os seus designs depressa conquistaram a famosa loja de departamento Bloomingdale’s que, meses antes, se tinha recusado em comercializá-las por serem demasiado largas e terem o logo Ralph Lauren em vez do seu. “Eu aprendi a confiar nos meus instintos, no meu bom senso. […]  A minha filosofia era ‘Eu adoro aquelas gravatas, fui eu que as fiz’. Não eram apenas um negócio, eram a minha forma de expressão”, disse sobre o sucedido.  Apesar de não ter formação em moda, em 1968, Ralph Lauren lançou a sua primeira coleção de roupa para homem e, três anos mais tarde, a primeira linha para mulher, tornando-se, em 1971, no primeiro designer a ter uma boutique dentro de uma loja de departamento.

5. A escolha do nome Polo

Em 1967 fundou aquele que viria a ser o negócio de uma vida: a marca Polo. De acordo com o documentário ‘Bloomberg Game Changers’ esteve indeciso entre o nome ‘Players’ e ‘Polo’, acabando por ganhar a segunda opção. “Eu batizei a marca de Polo porque sempre adorei desporto. Podia ter-lhe chamado basebol ou basquetebol mas Polo soava a algo desportivo. Parecia um grande plano, mas não o era. Não pensei em nada disso”, explicou a propósito do nome que escolheu para a sua marca no documentário Very Ralph (2019). Recorde-se que o famoso logo bordado só foi lançado em 1971, sendo que ao longo dos anos o estilista foi reforçando o seu portefólio como o lançamento de outras marcas, como é o caso da Ralph Lauren Home (1983), Double RL (1993) e Purple Lable (1995).

6. Lauren não é apelido de nascença

Ao atingir a maioridade, o estilista decidiu seguir o exemplo de um dos seus irmãos, Jerry, e mudar o apelido de família, alterando-o de Lifschitz para Lauren. “No mundo em que cresci a palavra ‘shit’ era uma palavra dura para se ter no nome. E essa mudança de nome não se deveu ao facto de ser ou não ser judeu, ou de querer ser outra coisa”, explicou ao programa CBS Sunday Morning sobre aquilo que motivou esta mudança.

7. Protagonizou algumas das suas campanhas publicitárias

Durante vários anos o estilista foi o rosto das campanhas publicitárias da sua própria marca, tendo muitas delas sido fotografadas por Bruce Weber. Em entrevista à High Snobiety, David Lauren, um dos três filhos do estilista, descreve-o como “uma das primeiras estrelas das redes sociais. Foi a cara da sua própria marca. Contou histórias sobre a forma como vivia, e as pessoas identificavam-se com a sua vida, a sua família e de como o mundo deveria ser. Estava a fazer algo autêntico e pessoal. As pessoas identificavam-se com isso”, afirmou em 2019.

8. É apaixonado por carros antigos

Desde cedo que foi um apaixonado pelo automobilismo, tendo frequentado diversos cursos de corridas de carros e motas durante a juventude. Os carros sempre foram uma inspiração para si, tendo no outono/inverno 2017 feito um desfile de moda que teve como pano de fundo a sua coleção de carros antigos, e onde se incluem raridades, que considera peças de arte. “A paixão começou quando não podia comprar um carro. Não sou um colecionador mas adoro carros. E comprei-os porque os queria guiar. Depois via outro carro e queria guiá-lo. E às tantas já não sabia o que fazer com o carro que tinha comprado em primeiro lugar, por isso fiquei com todos e de repente tinha uma colecão”, disse à Unravel Travel TV (2017).

9. Não inventou o polo de manga curta

O famoso polo de algodão e manga curta, tal como hoje o conhecemos, foi readaptado e comercializado pelo tenista francês Jean René Lacoste, em 1933. Mas qual foi o papel de Ralph Lauren no meio disto tudo? Torná-lo popular, transformando-o num fenómeno mundial após o seu lançamento em 1972. Em 2017, o icónico polo da marca integrou a coleção permanente do The Museum of Modern Art (MoMA) sendo descrito pelo museu "como uma das mais importantes peças de roupa lançadas nas últimas décadas".

10. Tem vários restaurantes e cafés

Em 1999 o seu império expandiu-se para o mundo da gastronomia com a abertura do seu primeiro restaurante, RL (Chicago), seguido de Ralph’s (Paris) e The Polo Bar (Nova Iorque). “Ter um restaurante em Paris é muito desafiante, porque os parisienses são conhecidos pela comida e pelos restaurantes. Mas eu sabia que aquilo que pretendia fazer era interessante. Certa noite queria um hambúrguer e pensei ‘Onde é que posso comer um hambúrguer americano?’ Não consegui encontrá-lo. E quando comecei a construir a minha nova loja quis ter um restaurante. Não sou um chef mas tenho bons chefs”, disse em entrevista ao programa Yang Lan One on One (2014) sobre esta aventura. Nesse ano inaugurou a cadeia de cafés Ralph’s Coffee, que atualmente conta com sete espaços no continente americano e asiático.

11. Foi o primeiro designer a lançar uma fragrância masculina e feminina em simultâneo

Em 1978 lançou as suas primeiras fragrâncias, uma para homem e outra mulher, disponíveis em exclusivo na loja de departamento Bloomingdale's, tornando-se no primeiro designer a fazê-lo no mesmo ano. Polo e Lauren, uma homenagem à sua mulher com quem casou em 1964, foram os nomes escolhidos para os primeiros lançamentos que viriam a integrar a sua futura linha de perfumes.

12. A criação do icónico ursinho de peluche

É impossível dissociar a marca de moda do icónico urso de peluche que, nos dias de hoje, continua a ser um sucesso de vendas. Todos os anos Ralph Lauren e o irmão, Jerry, eram presenteados pelo staff da empresa com um urso de peluche da marca Steiff feito à sua imagem e semelhança, e o designer viu aqui uma oportunidade de negócio. O famoso urso foi lançado em 1991 numa versão física de peluche, tornando-se num item de colecionador devido ao seu elevado preço, e depois impresso em diversas peças de vestuário da marca, como é o caso das sweatshirts e t-shirts.

13. O seu longo envolvimento na luta contra o cancro

Após a morte da amiga e jornalista Nina Hyde, que faleceu em 1989 vítima de cancro da mama, o designer cofundou o Nina Hyde Center for Breast Cancer Research em sua homenagem. Desde então que tem feito inúmeros esforços em prol da doença. Em 2000 lançou a Pink Pony Campaign, uma iniciativa mundial da Ralph Lauren Corporation na luta contra o cancro. “O cancro é assustador a todos os níveis e o que eu puder fazer neste mundo para ajudar um pouco, eu tento fazer…”, disse o designer de moda sobre o seu trabalho filantrópico. Para além da abertura de centros de investigação, ao longo dos anos tem organizado marchas solidárias, lançado coleções especiais e ainda inaugurou centros de prevenção e tratamento do cancro junto de comunidades desfavorecidas. Recorde-se que, em 1987, o estilista foi operado a um tumor benigno na cabeça. “Foi um choque. Sobrevivi e fiquei bem. Tive muita sorte”, disse sobre este momento delicado da sua vida.

14. Foi o primeiro designer a ter uma loja em nome próprio

Em 1986 fez algo sem precedente ao abrir a sua primeira loja de roupa em Nova Iorque. O edifício do século XIX Rhinelander Mansion, localizado na famosa Madison Avenue, foi o local escolhido pelo estilista para a grande abertura. “Foi o primeiro designer a abrir uma loja própria. Enfrentou uma grande resistência das lojas de departamento porque achavam que lhes ia fazer concorrência” disse o designer Calvin Klein sobre o feito do amigo no documentário Very Ralph (2019).

15. O seu contributo para o mundo do cinema e do desporto

Apaixonado por cinema e filmes antigos, Ralph Lauren ficou responsável por desenhar o guarda-roupa do filme ‘The Great Gatsby’ (1974), tendo criado especialmente um fato cor de rosa para a personagem interpretada pelo ator Robert Redford. Em 1977, a marca voltou a associar-se à Sétima Arte ao vestir Diane Keaton em Annie Hall. De acordo com o seu site oficial, em 2006 “tornou-se no primeiro designer a ser escolhido em 120 anos de história para criar uniformes para todos os oficiais de campo” do torneio de Wimbledon. Passados dois anos o Comité Olímpico escolheu-o para desenhar o uniforme oficial da equipa olímpica e paralímpica americana.