João Magalhães e Juliana Bezerra são duas figuras conhecidas do público português. O primeiro é conhecido pelas coleções arrojadas que são uma presença assídua na ModaLisboa, a segunda pelas suas peças de joalheria que fazem furor dentro e fora do Instagram. Mas o que têm em comum estes dois artistas? Uma linguagem muito própria que não deixa ninguém indiferente às suas criações.

Foi no atelier de Juliana Bezerra, localizado no Restelo, que o estilista português de 33 anos apresentou a sua nova coleção "Crying Rainbows in the Sky" onde a cor e os padrões psicadélicos saltam à vista.

"Esta coleção é baseada nos anos 1970, que é uma época que eu gosto muito, é o início da cultura psicadélica, do rock, também está muito associada ao surf e ao skate, que é muito o meu universo. Depois temos os prints, que têm muitos cogumelos e destorcidos que desenvolvi em colaboração com o artista Guilherme Curado. Eu próprio fiz muito tie-dye e graffiti sobre denim", explica o designer ao SAPO Lifestyle sobre as criações para a próxima temporada que primam pela ousadia, inovação e espírito criativo que já lhe são característicos. "Os cortes dos casacos são cortes tradicionais que eu manipulei. Têm fundos derretidos, mas são tailleurs tradicionais da Chanel com esta forma destorcida alusiva a esta coisa da desconstrução da forma."

Para a joalheira Juliana Bezerra, fundadora da marca homónina que se destaca pelo fabrico artesanal, o seu atelier é mais do que uma loja que vende joias. Este é um espaço onde pretende dar a conhecer outras marcas nacionais, sendo uma extensão do projeto ‘Ju convida’ que arrancou no início do verão.

"Este atelier é um sonho de anos e eu sempre quis que tivesse esse lado de receber, de mostrar outros trabalhos e essa partilha de energia. Eu gosto muito do trabalho do João, acho que ele é um artista incrível e este evento aproxima os nossos universos", refere a artista que trocou o Brasil por Portugal há 17 anos sobre esta iniciativa e relação com o estilista português."Há dois anos fiz peças especiais para o desfile dele, depois participamos numa sessão de fotos e desde o início do verão que tenho feito o evento ‘Ju convida’ e o João estava nessa lista de convidados. Estão achamos que esta altura pós-ModaLisboa era ideal para ele apresentar a coleção nova."

Para além de não ser a primeira vez que os mundos destes dois artistas se cruzam, a verdade é os seus universos não assim tão diferentes como isso. Para além de conquistarem clientes pela singularidade das suas peças, tanto um como o outro têm em comum o facto de todas as suas criações contarem uma história. Mas as semelhanças não se ficam por aqui. "O trabalho da Juliana tem muita textura e o meu trabalho também, por isso acho que é um bom diálogo", adianta o criador.

Este evento serviu ainda para conversar sobre o fim do confinamento e o regresso à normalidade, que esta temporada permitiu que eventos como a ModaLisboa voltassem a ter público. "É ótimo fazer um desfile presencial, ter as pessoas de quem gostamos e os nossos clientes presentes. E a moda que eu faço é, particularmente, celebratória. Acho que ter um desfile presencial e sentir a energia na sala – que foi algo que todos comentaram e que eu senti lá atrás – foi muito importante."

Clique aqui e recorde o desfile de João Magalhães na 57ª edição da ModaLisboa.